1. Patrão

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O patrão Min Suga era um homem de estatura média, de cabelos acinzentados e olhos escuros.  Ele parecia ser alguém muito impaciente.

Assim que o vi se aproximando, me curvei em reverência e permaneci na posição, olhando para baixo em sinal de respeito e humildade.

-- Bom dia, sou Jung Hoseok, filho de Jung Hyorin - eu disse mecanicamente, sufocando a tristeza. Choraria o meu luto depois.

-- Por que ela não veio trabalhar?
Sua voz era grave e autoritária. Meus joelhos tremeram um pouco.

-- Porque... ela... morreu. Deixe-me ficar em seu lugar, por favor...- implorei com a voz rouca, o som sumindo ao final da frase.

Houve um silêncio e por eu estar com a cabeça baixa, não pude ver se ele demonstrou algum pesar.
Por alguma razão, esperei que ele fosse gentil em me dar os pesames e me frustrei.

-- Você é maior de idade, não é?

Comecei a ficar nervoso, não estava preparado para um inquérito, mas depois lembrei que ele era advogado.

-- Sim, senhor. Fiz dezenove semana passada.

-- Se você não estiver a altura da Sra. Jung, não poderá trabalhar aqui.

-- Não vai se arrepender.

-- Veremos. Aqui todos trabalham uniformizados. Até providenciar um uniforme masculino, você terá que usar o da sua mãe por cima da sua calça, ou como queira.

"Como queira?" Ele acha que vou deixar minhas pernas à mostra?

Uma gota de suor pingou da minha testa direto no chão.

-- Sim, senhor - sussurrei.

-- Limpe a testa, o barulho do seu suor pingando no chão é irritante, além de nojento.

-- Perdão! - limpei a testa com a manga da camisa.

-- Sua mãe disse que eu não suporto barulhos?

Neguei com a cabeça. Minha mãe não falava muito sobre o trabalho, mas como ela nunca chegava em casa aborrecida, conclui que gostava de trabalhar ali.

-- Só tolero os barulhinhos da minha filha e de Holly, o nosso cachorrinho.

Malditos ouvidos sensíveis!
A casa teria que ser limpa com vassoura e pano porque não se pode ligar o aspirador.

-- Não esqueça de cobrir a cabeça, não quero ver nenhum fio de cabelo vermelho sobre os móveis.

-- Sim, senhor.
   
-- Pode ficar de boné em substituição à touca.

-- Obrigado.
-- Tem mais uma coisa, A Sra. Jung recebia um extra para fazer o almoço. Você sabe cozinhar?

-- Certamente - menti. Eu era péssimo na cozinha.

-- Senhor?
-- Sim?

Hesitei um instante porque estava nervoso em lhe pedir um favor.

--  Eu faço faculdade. Terei que sair às 17h30.

Ouvi um grunhido de impaciência.

-- Isso é irritante, terá que se esforçar para acabar tudo cedo, sem tapear. Aish... começo a desconfiar da sua capacidade...

-- Eu  cuido da casa há nove anos porque minha mãe  sempre trabalhou fora.

-- Vou lhe dar um crédito, mas comigo não tem segunda chance.

-- Sim senhor.
-- Já pode erguer o tronco. O brilho do seu cabelo está incomodando os meus olhos.

Levantei, sentindo um alívio nas costas. O baixinho evitou contato visual para não ter que olhar para cima. Essa gente rica é muito arrogante. 

Ele me deu as costas, mas continuou falando.

-- Tudo que precisa está na  área de serviço.

-- Isso é tudo, senhor?

Ele subiu três degraus para ficar mais alto do que eu e me olhou sobre o ombro. Seu olhar era escuro e penetrante. 

-- Às nove e meia leve uma xícara de café forte e sem açúcar no meu escritório.

Engoli seco. Nunca me senti tão oprimido. Além de ser obrigado a usar vestido, eu teria que treinar  a entrega silenciosa do café.

Sweet Red Life 🍒[sope/yoonseok]Onde histórias criam vida. Descubra agora