11. Sentimentos

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Minha mão direita doeu muito na hora de tirar a camisa e só então eu percebi, pela vermelhidão e sensibilidade da pele, que eu havia me queimado no acidente com a cafeteira. No afã de proteger e afastar a Rose o máximo possível da água quente enquanto preparava o café, me descuidei da minha própria segurança.

Abri a torneira e deixei a água fria aliviar o ardor por um tempo, sentindo minha ansiedade aumentando por ter que enfrentar Min Suga. Eu era um poço de problemas para ele e certamente ele ficaria farto da minha incompetência, rasgaria os contratos na minha cara e me jogaria na sarjeta.

Pensar nessa possibilidade me entristeceu, pois eu gostava de trabalhar na casa, cuja limpeza e organização eram fáceis de administrar. Eu gostava do meu quartinho onde eu entrava sem precisar da permissão do traficante, não me sentia tão só por causa de Jimin hyung, da Rose, dos cachorrinhos, e também porque...eu tinha... ELE...

Dei um estalo na língua e suspirei profundamente. Eu não devia pensar em Min Suga daquele jeito se eu não quisesse me magoar.

Sem mais demora, preparei rapidamente dois copos de suco verde no liquidificador, esquecendo que não podia fazer barulho pela manhã para não incomodar o Boss. Dei um tapa na testa para deixar de ser tão idiota e subi as escadas em direção ao quarto de Rose para entregar o primeiro copo para Jimin. Ele se sentiu culpado pela queimadura na minha mão e soprou em cima da pele, depositando um beijinho fofo na sequência. Era uma pena que eu não conseguia pensar em nada além do encontro com o patrão. Eu só não sabia se a aflição era devido ao medo ou à saudade.

Seu humor, como era de se esperar, estava péssimo por causa do meu atraso, do barulho e só iria piorar quando visse que eu não lhe trouxera o café.

-- Atrasado - rosnou ele ao escutar meus passos adentrando o cômodo. Eu respirei fundo e caminhei até a sua mesa, onde ele rabiscava sua assinatura sobre alguns papéis.

-- Sr. Min... hoje não tem café... - minha voz saiu trêmula de tensão- ...mas fiz o seu suco preferido com bastante gengibre. Aposto que vai gostar - eu quase não tinha voz para pronunciar a última frase, que saiu num sussurro.

-- E por que não trouxe café?

Ele foi girando o pescoço devagar com uma expressão aborrecida, a qual se desfez de imediato ao colocar os olhos na vermelhidão da pele das costas da minha mão direita. 

-- Eu fiz algo horrível - confessei, baixando os olhos, sem conseguir encará-lo. Eu me tremia todo.

Ele pegou o copo de suco e deu um generoso gole antes de deixá-lo em cima da mesa. Em seguida, tirou a bandeja das minhas mãos, colocando-a sobre uma pilha de processos.

-- Apostou certo, está muito bom. O que fez de tão horrível?

-- Eu... eu quebrei sua cafeteira francesa, mas pode comprar uma nova e descontar do meu salário.

Como se não tivesse escutado ou se importado com o que eu havia acabado de confessar, gentilmente segurou o meu pulso e examinou a queimadura, que já começara a arder após acabar o bálsamo efeito da água fria.

-- Dói?

-- Um pouco.

-- Parece que é uma queimadura superficial. Tire três dias de folga.

Eu me espantei.

-- Folga? Não, não é necessário...

-- É uma ordem - ele me interrompeu - Siga-me.

Fomos para o quarto dele, onde ele mandou eu sentar na borda da cama.

-- Eu já volto. Não repare a bagunça, o secretário do lar foi dispensado, hoje - Ele conseguiu arrancar um sorrido dos meus lábios com essa piada e pareceu satisfeito com isso. Entrou no banheiro, saindo minutos depois segurando uma toalha pequena nas mãos.

Sweet Red Life 🍒[sope/yoonseok]Onde histórias criam vida. Descubra agora