Sweet Red Life 🍒[sope/yoonseok]

16. Ele dança [Suga P.O.V]

SUGA Point of View

Quinta-feira de manhã

Passei metade da manhã no Fórum. Assim que acabou a audiência, fui ao shopping comprar uma cafeteira de cápsula. Eu não estava dando crédito à tese maluca do Jimin, apenas queria experimentar algo diferente.

Ao chegar em casa, os móveis da sala estavam todos fora do lugar. Em meio aquele caos, Jung Hoseok estava dançando com os fones nos ouvidos e vassoura na mão.

Seus quadris soltos aceleraram a minha respiração e deixaram meus joelhos fracos.

Ele não fazia ideia que eu o observava escondido. O seu físico esguio e musculoso se movimentando de forma insinuante me transmitia uma sensação maravilhosa de liberdade. Era lindo vê-lo dançar e se divertir.

Ele parou suavemente de dançar como se despertasse de um sonho bom e se concentrou novamente na limpeza do piso.

Era a minha deixa para aparecer na sala como se eu não tivesse visto nada. Clareei a garganta para me fazer notar. Como sempre, ele se assustou ao me ver. Eu não sabia o que fazer para evitar isso.

-- O que pensa que está fazendo, mocinho?

-- O meu trabalho - me respondeu, dando de ombros.

-- Esqueceu que foi dispensado?

-- Já estou bem, Boss - resmungou em voz baixa.

A mão dele parecia bem melhor, mas mesmo assim eu quis insistir. No fundo eu não gostava de vê-lo fazendo limpeza, o que, apesar de ser um trabalho digno, exigia muito esforço e lhe roubava tempo dos estudos e ensaios da sua dança. Eu iria reduzir a carga-horária dele para meio-período sem lhe diminuir o salário.

-- Vá descansar, você não deve ter dormido nada.

-- Não estou cansado - Ele virou o rosto, pensativo. Parecia triste.

-- Jung, o que você tem?

Ele me olhou rapidamente, apertando o cabo da vassoura com força.

-- Nada importante. Obrigado por perguntar.

-- Eu me preocupo com você - minha voz soou cansada pelo peso do segredo.

Um sorriso furtivo escapou-lhe dos lábios, me deixando muito satisfeito por ter derrubado pelo menos um tijolo do grande muro de tensão que havia entre nós. Eu jamais iria esperar que um estranho fosse gostar de mim em tão poucos dias, mas Jung Hoseok me deixava desesperado por atenção.

-- Venha ver uma novidade.

Eu peguei a sacola com a caixa da cafeteira e a levei para a cozinha. Ele me lançou um olhar confuso quando viu o que era.

-- Eu pensei que só gostasse do café feito na prensa. Pra ser sincero, eu acho que é mais gostoso, mesmo.

-- Eu não ligo. Quem só gostava do café daquele jeito era a... - uma lembrança escapou sem querer.

-- ... oh, shit - choramingou ele, antes que eu concluísse.

Hoseok olhou para o teto e apertou os lábios, formando duas covinhas de frustração. Esfregou o rosto rapidamente com as costas da mão, limpando algumas lágrimas teimosas.

-- O que foi? Por que está chorando?

-- Sou um monstro por ter destruído algo tão importante pro senhor.

-- Não precisa se sentir assim, era só um objeto.

Tirei um lenço limpo do bolso e me aproximei dele para enxugar o seu rosto. O fato dele ser bem mais alto do que eu me intimidava um pouco, mas era besteira se prender a estereótipos. Um baixinho como eu poderia cuidar dele muito bem.

Seu calor me derretia inteiro. Passei a língua pelos meus lábios ressecados algumas vezes, contendo a ânsia de beijar-lhe a boca vermelha que esboçava um pequeno biquinho em formato de coração, enquanto meu dedos acariciavam sua pele sob o tecido do lenço.

Eu não tinha parado pra pensar nisso, mas precisava comprar um hidratante labial com urgência. Meus lábios eram pálidos e viviam machucados por causa de um esgar horrível de mordê-los constantemente.

-- Eu sinto muito mesmo assim... - ele sussurrou.

-- Você sabe como usar? - limpei a garganta, me afastando dele, antes que eu perdesse o controle.

-- Sim, todo mundo sabe - disse ele usando todo o corpo para rir. Ele era muito puro e expressivo, mudando da tristeza para alegria em segundos. 

Eu sorri de canto. A modernidade não me atraía tanto, por existir muito exagero em torno do consumo desenfreado.

-- Me ensina como preparar Arpeggio? Qual você quer? -

-- Café com leite e baunilha. É o melhor.

Bebemos nossos cafés em pé e em silêncio.

--Jung?

-- Sim?

-- Será que você poderia sair comigo, hoje...

Antes que eu pudesse terminar a frase, ele engasgou com o café, cobrindo a boca enquanto tossia.

-- Você está bem?

-- Ne!

Ele jogou a cabeça para trás e passou os dedos pelos cabelos, limpando algumas gotas de suor na testa.

Ao esticar o pescoço, seu pomo-de-Adão saliente subiu e desceu ao engolir, me deixando muito atraído pela sua masculinidade. Eu não sabia que seria capaz de me apaixonar e desejar tanto lamber o pescoço de um homem até conhecê-lo. 

Bem, as pessoas me consideravam um pouco sombrio e enigmático. Eu estava torcendo pra minha cara não parecer a de um bobo apaixonado justo agora.

Ele me encarou de volta, cruzando os braços.

-- On..onde quer ir? - ele gaguejou um pouco.

-- Ao tabelionato reconhecer firma e assinar os contratos, já que amanhã é feriado - respondi suavemente.

-- Ah! Tabelionato... ok. ok. ok - disse ele, se retraindo novamente.

 Será que eu deveria...?

-- Jung? - eu lhe chamei, ansioso.

-- Sim?

-- Podemos passear no parque depois? A Rose adora o algodão-doce do Sr. Kong. Você gosta?

Ele relaxou e sorriu com os olhos, claramente lembrando-se de algo muito bom.

-- Sim! Quando eu era criança gostava muito de passear com a Omma no Parque Yeouido e comer a maçã do amor do Sr. Kong.

-- Então não faz muito tempo - provoquei.

Ele me fuzilou com os olhos, me fazendo engolir meu sorriso irônico. Ok, nada de tratá-lo como criança! Mas... se eu passasse a tratá-lo como adulto, tudo ficaria ainda mais difícil.