Nosso tempo

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Notas sobre ela

(Dia após o baile)

Era sete da manha, eu já estava acordada. Acho que nem dormi pensando naquele beijo.

O que deu em mim pra fazer aquilo?

Em que momento a minha amizade passou dos limites e eu não percebi?

Não sabia o que fazer com todos aqueles sentimentos. Sei que sempre fui impulsiva, mas nada perto daquilo.

A pergunta que me vinha era: Será que ele sentia o mesmo?

O frio na espinha e a sensação de que aquele era o melhor lugar do mundo. A unica certeza que tinha era que os meus sentimentos por ele eram diferete do que um dia senti pelo Rain.

Com o Rain era sempre intenso, forte e rápido. O Rafael era doce, constante, fácil... Tudo com Rafael sempre parecia um domingo a tarde sentada no sofá depois de uma semana estressante quando a calma vinha.

Já o "outro" era como sábado a  noite que você está correndo de um lado para o outro para não perder a festa.

-Filha?- meu pai disse da porta- ja está acordada?

- Oi pai...- disse me sentando na cama- acho que ainda nem dormi.

-Imagino por que...-ele se aproximou sentou do meu lado e me aninhei nos seus braços.

-Meio óbvio, não?- argumentei- ontem foi meu baile.

- Acho que essa falta de sono está mais ligado aquela dança com o palito no quintal e o beijo no final.-ele brincou.

Na mesma hora fiquei imóvel. Ele viu!

-P-pai...- não sabia o que dizer. veio o silêncio.

-Calma, não vou te dedura para sua mãe.

Relaxei e ele continuou.

-Mas acho que ela está desconfiada.- ele se levantou.

-De que?- lancei rápido- foi só um beijo, somos amigos.

- Se você de fato e amiga dele tem que ser clara, transparente.

-Como assim?- não estava fazendo nada demais éramos amigos.

Meus pais sempre complicam tudo. UM BEIJO não é um pedido de casamento.Tudo aqui era assim, sempre muito ampliado em dez mil vezes, como se uma coisa simples e boba fosse mudar o curso da história da minha vida.

-Ate onde eu sei- meu pai voltou para a cama.- você esta indo embora daqui a menos de três meses, começar uma coisa que você não pode ou não quer só vai atrapalhar.

- Mas pode dar certo.-quis acreditar.

- Eu não disse que não pode- ele segurou a minha mão- mas se você gosta realmente dele deveria pensar nisso.

- Sério pai?- reclamei cansada da conversa.

-Muito sério princesa- ele disse ternamente- tenho observado vocês desde de o episódio da dança na sala.

Ele deu uma pequena pausa.

-Noto que ele gosta de você,contudo às vezes isso não e o suficiente para as coisas darem certo.

- Poxa pai, nem começamos e já está acabando. - disse chorosa.

- Filha...- ele disse respirando fundo- Te amo, entretanto estou observando você entrar novamente em uma situação que você vai se machucar e dessa vez pode levar alguém junto com você só para satisfazer os seus caprichos.

CORAÇÃO OBSTINADOOnde histórias criam vida. Descubra agora