♱ capítulo 25

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Acho necessário dar um aviso antes de começar. Não levem tudo no sentido literal das palavras. A Sabina usa muitas metáforas, então é bom prestar um pouco mais de atenção em alguns povs dela pra vocês não acabarem se perdendo em alguns pontos que ela levantar.
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Barrington, New Jersey. USA

20 de setembro de 2019

Sabina POV
Acordo com o toque estridente do meu celular. Pego o mesmo rapidamente para atender quem quer que fosse, afinal, era meu aniversário. Já havia me preparado para todas as ligações me parabenizando que eu receberia. Porém, ao ver quem estava me ligando, uma carranca forma-se em meu rosto. Meu pai. De imediato, recuso a chamada. Conhecendo-o bem, como eu acho que conheço, sei que a última coisa que ele faria seria me parabenizar por qualquer coisa. Na realidade, a única coisa que, principalmente, Franklin está fazendo, desde o nosso fatídico jantar, é nos — eu e Bailey — importunar com mensagens contendo ameaças indiretas e frias (depois de algumas contagens, cheguei à conclusão que o homem as manda, certeiramente, três vezes por dia. Em um timming igual ao de um remédio prescrito). Tiara, no entanto, demonstra estar tranquila; e é isso que me preocupa. Nunca se pode esperar extrema tranquilidade vinda de uma pessoa como ela. Seus sentimentos eram intensos; consequentemente, suas ações também.

Não tenho dúvidas de que algum dia eles gostaram de nós — amar sempre foi uma palavra extremamente forte em nosso cotidiano. Porém, esse "gostar" foi se dissipando ao longo dos anos. No fundo, sempre soube que o problema, em geral, fora que desde cedo eles perceberam que não seguiríamos a mesma "linhagem" que eles. Desde a nossa pré-adolescência, já demonstrávamos qual caminho iríamos seguir. E isso não os agradou, claro. Empresários nunca aceitariam filhos que não renderiam dinheiro, esse era o ponto.

Minha tese foi sendo confirmada aos poucos, quando eu reparava a forma que Franklin e Tiara tratavam Lamar, principalmente. Era inegável a felicidade e o bom humor que os dois ficavam quando Bailey se mostrava cada vez mais próximo do garoto. Lamar, sem dúvidas, era o filho perfeito, o filho que eles sempre quiseram ter. Além de ser uma boa pessoa (o que, na minha opinião, nunca foi um ponto muito importante para Franklin e Tiara), Lamar tinha um futuro brilhante garantido como advogado — o que, nas palavras de meu pai, era uma carreira concreta, diferente da minha e da do meu irmão.

E, sendo o mais honesta possível, eu nunca me importei e nem liguei para com isso. Tudo é apenas ok para mim. Quando eles nos tratavam bem era ok; quando deixaram de tratar foi ok; e quando eu percebi a forma como eles preferiam Lamar, foi... simplesmente ok também. Eu também não os amava. O máximo que eu sentia era uma afeição — aquela que todo filho sente por seus pais —, nada mais que isso.

Eu aprendi a ter noção de que não sou uma pessoa tão ligada à sentimentos. Eu até poderia culpar a genética por isso. Faria sentido. Eu tenho emoções parecidas com as de Franklin; Bailey com as de Tiara. Já passei da fase de negar a existência dessa semelhança; mas também já passei da fase de culpá-lo por toda a insensibilidade que, mesmo comigo controlando-a dia após dia, ainda está presente em mim. Eu apenas não sou uma pessoa compassiva. Às vezes é simples assim.

Felizmente — ou infelizmente, dependendo do ponto de vista —, tenho melhorado nesse quesito, e foi isso que me permitiu sentir uma raiva extrema no dia do jantar com meus pais. A realidade é que ela se deu principalmente porque Bailey estava tendo que ouvir todas aquelas merdas. Escutar insultos consecutivos vindos dos próprios pais, para uma pessoa com emoções à flor da pele era... intenso. Nenhuma outra palavra consegue descrever melhor a situação num todo.

Meu celular volta a tocar escandalosamente e, antes que eu possa pensar direito, ele já está posto rente ao meu ouvido. Atender o telefonema foi uma atitude inconsequente, sim, mas eu preciso pôr fim nessa história. Eles não deixam minha cabeça em paz nem no meu próprio aniversário.

ɪ ᴋɴᴏᴡ ᴡʜᴀᴛ ʏᴏᴜ ᴅɪᴅ ʟᴀsᴛ sᴜᴍᴍᴇʀ Onde histórias criam vida. Descubra agora