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Depois de dar uma voltinha "olímpica" com o (Im)Possível Quem Sabe, mais conhecido por Anderson, não tinha muita coisa pra me animar, porque fiquei naquele estado de euforia que nos acomete quando fisgamos o cara por quem temos interesse e que de repente parece corresponder esse nosso interesse.

Demorei pra dormir, se bem que não faria nada no domingo ou na próxima semana. Me imaginei regredindo na empresa e procurei ocupar minha cachola que às vezes pensa demais. Somente coisas úteis como stalkear Facebook de ex, tipo Yuri que tava em "relacionamento sério" ou jogar SimCity ouvindo Selena Gomez.

No dia seguinte, bem tolo eu, mandei mensagem pro Anderson dizendo que tive uma noite tranquila. Eu queria muito esse cara, mas arredio não apostava todas as minhas fichas com medo de outra decepção.

"maravilha, assim me deixa mais tranquilo"

Com essa sua resposta, não tive certeza se devia mandar outra mensagem ou deixar que ele se mexesse um pouco. Preferi chamar o Gui no começo da tarde pra conversar um pouco, sem certeza de que ele viria, pois tava namorando.

— Gui, quer vir aqui em casa pra assistir filme e me comer?

— Te comer? Prefiro comer pipoca. Capaz de você entalar na minha garganta.

— Migo, vai recusar isso tudo?

— Sim, meu amor, vou recusar porque tenho coisa melhor em casa. Tá no viva-voz, tá.

— É louca de pedra tu. Oi Cidinho, vem também. Vamos fazer uma suruba nós todos.

— Claro, vamos convidar o Anderson?

— Sai fora, o Impossível é só meu, ladies.

Conversei mais uns minutos com eles e resolvi puxar mais um ronco de tarde, acordei estranho com meu corpo arrepiado e a testa quente. Tive que ser corajoso como um verdadeiro leão para pedir ajuda. Meu pai havia chegado pela manhã depois de uma noitada em algum bar, passou o dia chapado, meu irmão dormindo, minha cunhada limpando, minha mãe na casa de alguma vizinha, Ramon jogando vídeo game, Rayane com o namorado... minha febre subiu e tive que recorrer à Paula que era a pessoa mais discreta. A bicha nem termina de me ouvir já começa a gritar o nome do Ricardo como se minha bolsa tivesse estourado e o bebê estivesse com o bracinho de fora. Escândalo!

Me levaram ao Pronto Socorro. Jesus! Tiveram que abrir uns pontos infeccionados, mexeram no dreno outra vez e voltei para o antibiótico. Fiquei isolado dois dias bem certinhos. Poderia ter caído para infecção generalizada, mas a febre foi desaparecendo junto com aquele inchaço incômodo desde a cirurgia e novamente voltei pro quarto. Meu celular tava cheio de mensagens acumuladas dele dizendo que viria na quarta à noite para falar comigo. Isso foi uma motivação forte para eu querer melhorar ainda mais rápido e aparentar a saúde sendo restaurada.

Que mês difícil. Vem logo Papai Noel. Isso eu pensei no mês de maio, pensa.

— Oi. Vai sair quando desse lugar?

— Oi Anderson, tudo bem contigo? — eu acho fofo nesse jeito seco dele, às vezes, ok?

— Oi, tudo. E?

— Ai... eu não posso rir — o jeito dele ansioso também é engraçado. — Acho que sexta.

— Acha? Ah... quer que eu pergunte?

— Prioridade é ficar bom antes. Dessa vez não pretendo voltar tão cedo pra cá.

— Não vai não. — ele chega mais perto para levantar o lençol e olhar o curativo — Meu irmão já foi operado disso, mas foi só um corte pequeno e ficou dois dias no hospital ao total.

Sol e MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora