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Tive outros lances antes do Anderson já comentados por aqui anteriormente. Um fato, é que quando cheguei nele, estava com o coração livre e aberto para que tomasse posse. Nunca, nenhum dia desde que me chamou de namorado, eu desejei outra pessoa. 

Vinte e quatro anos quando completos, me fizeram olhar para o último ano e o quão extenso ele parecera. Das vitórias mais marcantes, minha família intacta, meu namorado e sua família em meu caminho, além dos meus amigos verdadeiros me faziam sentir-me a pessoa mais rica do mundo. E claro, mantive-me no emprego.

Eu nem era tão maduro para olhar todos esses aspectos ao mesmo tempo e perceber que todos eram importantes, sim, mas que o principal deles, eu nem mencionara: minha própria vida e saúde restaurada pela qual eu deveria zelar.

Defeitos eu tenho e uns até reconheço. Sou meio arrogante, sou vaidoso ao ponto de me achar mais merecedor de algo do que meu coleguinha do lado (às vezes). No caso aqui é a coleguinha. E não porque é um mulher, mas porque nosso santo não bateu. Todo mundo, ou quase, tem aquela pessoa na qual botamos o olho e acontece amor à primeira vista ou ranço. Sobre a segunda opção, dificilmente se desfaz uma primeira impressão, tem quem já me provou que eu estava errado com exemplos próprios, mas no meu caso em específico, minha intuição funciona que é uma maravilha. 

Desde o meu estágio me acertei com a maioria dos colegas e com o gerente das contas de PJ, Luiz. Com relação ao gerente da agência chamado Rodolfo, acima do Luiz e abaixo do Waldir, "rolava" uma cordialidade e não podia reclamar disso também. Me deram a oportunidade de fazer um teste de noventa dias para a vaga de Analista e fiquei muitos meses auxiliando tanto o Luiz quanto a Marineide, supervisora de vendas. Engoli calado o fato de não ter ganho um pila de aumento, conforme situação alertada por colegas que estiveram na minha posição anteriormente. Eu pensava a longo prazo, auxiliar de vendas ou administrativo, analista, consultor (supervisor, porque não?), modalidades que além de melhorar o salário, agregariam ao meu currículo e reforçariam minha vocação na área financeira. Eu pretendia dar o melhor de mim, buscando isso profundamente com todas as forças para ter destaque.

"O tempo voa quando a gente se diverte, não é Harry" 

Frase de um filme que coube perfeitamente no meu momento quando a primavera chegou no fim em 2012 e o verão trouxe a festa de confraternização, o réveillon com meu amor no nordeste brasileiro, as férias dele que o deixaram um pouco mais calmo, jantares com seus irmãos onde pude conhecer melhor o Marcel, vendo-o se soltar e até falar umas besteiras, já que ele se policia o tempo inteiro, meu sobrinho Arthur, filho da Eliane que me chamou de tio desde que me apresentaram. Era de ouro. Sim, tudo maravilhoso. 

Até...

... que veio a primeira frustração do ano nos primeiros dias de janeiro de 2013.

— Renan, eu ainda não consigo te promover... o pessoal pediu pra dar uma segurada. — Rodolfo diz sem olhar nos meus olhos. Engraçado esse "pessoal" mencionado quando Waldir me garantiu que Rodolfo era quem decidiria função e salários — Aí segunda já fica no caixa porque a Graciane entra de licença maternidade. 

Eu já abri a boca na hora:

— O Luiz teve outro desentendimento com a Ângela... — mas ele corta e diz que Luiz tá na corda bamba porque a Ângela andou contanto como ele age. — Me desculpe, Rodolfo, mas ele não é assim. Esse tempo que fiquei ajudando deu pra notar que ele precisa mesmo de um auxiliar. Se não for eu, mas outra...

— É.. é... eu sei. — ele se irrita e fica vermelho — Eu sei da necessidade de cada setor. Se precisar de alguma coisa, te chamo.

Cara, eu levei pelo menos a manhã inteira pra digerir esse "caroço" na garganta. Não consegui olhar na cara da colega que passou a auxiliar a Marineide em tempo integral. Tentou ferrar o Luiz e isso doeu como se fosse comigo.

Sol e MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora