Assim que eu pude, eu liguei para minha mãe e avisei que havia chegado em casa bem, aproveitei a chamei-a para passar a virada de ano na casa do Vicente. Nós fomos dormir cedo devido ao cansaço e eu acordei quando Elize já havia preparado todo o café, o que me fez questionar o porquê de não ter me chamado para ajudar e ela disse que não iria me incomodar. Os pais do Vi foram ao mercado comprar ingredientes para a janta e o meu amigo me chamou para assistir um filme e desse vez eu escolhi um romance bem clichê. Fizemos um combinado de que cada vez um escolhe um gênero, e hoje foi a minha vez.
- Tão óbvio que eu até sei o que vai acontecer. - ele revirou os olhos.
- Não seja chato, esse não é tão óbvio. - eu reclamei.
- Duvido.
- O próximo é você que escolhe. - eu pisquei para ele. O filme terminou e eu olhei para ele sorrindo.
- Eu disse que seria óbvio.
- Mas foi legal vai.
- Ok, foi. Filmes assim só me dão vontade de uma coisa.
- Que coisa? - perguntei e Vicente arregalou os olhos. Com certeza ele falou sem perceber, isso acontece sempre.
- Nada não.
- Ah não Vicente, agora fala.
- Não vou falar e não adianta insistir. - cruzou os braços.
- Por favor, você sabe como eu sou curiosa. - ele continuou me olhando e eu fiz bico.
- Tá bom. - bufou. - Eu vou falar mas você tem que prometer esquecer logo depois e não falar nada.
- Fala logo. - eu disse sabendo que eu não esqueceria fácil.
- É que quando eu assisto esses filmes fico com vontade de fazer igual. - apontou para a tv.
- Fazer igual o que.
- Aquilo. - gesticulou com as mãos.
- O que Vi?
- Beijar, pronto. Você prometeu que não iria falar nada.
- Tudo bem, não vou falar. - prendi meus lábios entre os dente e olhei para a televisão. Durante esse tempo nunca tocamos nesse tipo de assunto, até porque em nossa amizade não há malícia nenhuma. Quer dizer, teve o selinho no natal, mas acho que não conta. Talvez eu achasse que ele ainda era inocente. Na verdade eu nem sei seu o Vi já namorou, se já beijou, se já se apaixonou...
- Eu pedi pra você não falar nada sobre, não pra ficar calada. - Vicente disse.
- Tudo bem. - sentei-me direito no sofá. - Só estou surpresa.
- Surpresa por quê? Eu também penso sobre esses assuntos.
- Não, não estou surpresa nesse sentido. É que nós nunca falamos sobre isso e aí você solta assim do nada.
- Você já beijou? É bom? - ele perguntou direto.
- Beijei apenas uma vez, foi tão rápido que nem senti se foi bom ou não. Você nunca?
- Não. Você sabe que meu único amigo era o Murilo, que sempre foi apaixonado pela Sofia, então nunca tive oportunidade.
- Meu primeiro e único beijo aconteceu na formatura da minha escola, foi com um menino da minha sala que decidiu sair beijando todas as meninas, eu estava na euforia de ter terminado o ensino médio e acabei beijando ele, mas foi rápido demais.
- Eu tenho vontade de saber como é. - olhou para o chão e ficamos assim por alguns segundos. - Você quer me beijar? - me olhou.
- O que? - perguntei confusa, pensei que tivesse entendido errado.

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Azul é a nossa cor
RomanceCostumo dizer que o autismo me prendeu em um corpo que eu não posso controlar, mas tudo bem, já tenho 18 anos e acho que posso conviver com isso por mais uns 70. Eu gosto do jeito que eu sou, afinal não sei como eu seria se não fosse eu, então prefi...