O táxi parou na entrada do aeroporto e eu finalmente pude sentir a empolgação, afinal é a minha primeira viagem de avião e ainda é para realizar meu sonho. Com a ajuda da minha mãe, eu coloquei minhas duas malas em cima do carrinho, que por incrível que pareça, eu consegui colocar todas as minhas roupas dentro delas. Sorri quando vi o Vicente e seus pais em frente à uma das portas de entrada. Nos despedimos ontem, ele disse que não conseguiria vir aqui hoje e eu acreditei.
- Você achou mesmo que nós não viríamos nos despedir da nossa segunda filha e agora nora? - Elize falou e eu senti meus olhos marejarem. - Deixa para chorar na hora de ir, ainda temos praticamente duas horas. - olhou para seu relógio de pulso. Ela tirou o carrinho da minha mão e foi empurrando-o, sendo seguida por Fernando e minha mãe. Vicente passou o braço no meu ombro e deixou um beijo na minha testa.
Esse lugar é enorme, pessoas para todos os lados e de repente me deu uma vontade de andar arrastando a minha mala igual aos outros, porém eu teria que me soltar do Luan, e isso estava fora de cogitação.
- Será que não tem como eu te levar na mala comigo? - sussurrei no seu ouvido.
- Se tiver como eu topo. - rimos.
Paramos na fila para despachar a mala, que inclusive estava enorme. Nossos pais engataram uma conversa, pareciam que estavam dando uma certa privacidade para eu e Vicente. Ele me abraçou e eu retribui, encostei minha cabeça no seu peito e apertei meus braços ao redor dele, foi nesse momento que meu coração começou a doer mais do que antes, como se isso fosse possível. Após despachar minha mala, ficamos um tempo conversando nas cadeiras do aeroporto, mas tive que me despedir quando meu voo começou a ser anunciado.
- Pra você nunca se esquecer de mim. - Vicente me entregou um pacote que eu não havia visto com ele. - Abre dentro do avião.
- Você sabe que eu nunca vou te esquecer. - peguei o pacote e o abracei com o outro braço.
- Minha linda. - Elize disse quando eu parei na sua frente. - Não pense duas vezes em vir passar as férias aqui viu. - me abraçou. - Nós vamos sentir sua falta. - falou.
- Eu também vou. - principalmente do garoto ao nosso lado olhando para o chão. - Eu já falei isso muitas vezes para a senhora, mas vou falar de novo. Eu devo tudo isso a vocês. - olhei para o Fernando. - Se não fosse a bondade de vocês dois eu não teria conseguido ajudar minha mãe, consequentemente não teria estudado com o Vi e passado na faculdade.
- Eu não fiz nada demais. - Elize acariciou meu braço. - Não precisa agradecer nada.
- Sucesso Laurinha. - Fernando me abraçou e beijou minha testa. Comparado com a Elize e o Vicente, a pessoa com quem eu menos passei tempo foi o Fernando, mas isso não fez com que eu não criasse um carinho por ele. Sem dúvidas, os dois são uma inspiração para qualquer casal. Minha mãe estava aos prantos quando me abraçou, foi impossível segurar minhas lágrimas.
- Eu sei que é para o seu futuro filha, mas juro que se não fosse isso eu pediria pra você ficar. - apertou seus braços ao meu redor.
- Eu sei mãe, mas eu logo volto. - beijei sua bochecha.
- Se cuida tá? Me liga todo dia e não fica indo nas festas, se for toma cuidado e volta cedo.
- Tá bom. - sorri e beijei novamente sua bochecha. - E a senhora tenta não trabalhar tanto, se ficar com muita dor vai ao médico e toma remédio.
Eu senti meu coração despedaçar-se quando parei em frente ao Vicente novamente. Ele ainda estava olhando para o chão, mas estava com o rosto coberto por lágrimas.
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Azul é a nossa cor
RomanceCostumo dizer que o autismo me prendeu em um corpo que eu não posso controlar, mas tudo bem, já tenho 18 anos e acho que posso conviver com isso por mais uns 70. Eu gosto do jeito que eu sou, afinal não sei como eu seria se não fosse eu, então prefi...