Laura
Sabe as expectativas que criamos antes de algo acontecer? É, o Vicente superou todas as que eu criei. Não vou mentir, doeu um pouco, mas ele foi tão carinhoso que a dor é a última coisa que eu pensava no momento. Com certeza essa noite vai ficar gravada pro resto da minha vida.
- Eu vou tomar um banho, se você quiser pode tomar no banho do corredor. - Vicente falou antes de me dar um selinho e levantar.
Me espreguicei e levantei também, parece que passou um caminhão em cima de mim. Senti minhas bochechas queimarem quando vi uma pequena mancha de sangue no lençol, eu havia esquecido desse detalhe que poderia acontecer. Se Elize ver isso o que ela vai pensar? Vesti minha roupa, tirei o lençol da cama e fui até a lavanderia. Lá eu esfreguei apenas a mancha, no intuito de secar mais rápido e poder colocá-lo na cama novamente. Após garantir que a mancha saiu por completo, coloquei o lençol na secadora, como a parte molhada era pequena, ele secou em minutos.
- O que você está fazendo? - me assustei com a voz do Vicente.
- Precisei lavar o lençol. - respondi.
- Não precisava fazer isso. - encostou-se no batente da porta.
- E deixar sua mãe ver a mancha de sangue? Jamais.
- Era muito? - franziu as sobrancelhas.
- Não. Nada fora do normal, segundo os textos em sites adolescente. - rimos. Quando a secadora apitou, tirei o lençol e estendi, verificando se havia secado tudo. - Pronto, limpo e seco. Vou tomar um banho, coloca na sua cama? - entreguei o lençol e ele assentiu.
- Dorme com uma blusa minha, igual nos filmes.
- Ué, não era você que não gostava dos clichês? - arqueei minhas sobrancelhas.
- E não gosto, mas iria gostar de te ver dormindo com a minha blusa. - eu sorri.
- Eu vou dormir no quarto de hóspedes, então você não vai me ver com a sua blusa.
- Ah não. - resmungou e fez bico. - Dorme comigo só hoje.
- Aí sua mãe chega e vê nós dois dormindo na mesma cama.
- Ela não entra no meu quarto sem me avisar, qualquer coisa você se esconde no banheiro.
- Vicente. - o repreendi.
- Só hoje. - me puxou pela cintura e beijou várias vezes meu rosto. Tem como dizer não desse jeito?
Vicente
Eu passava a escova o mais rápido possível nos meus dentes enquanto transferia meu peso de uma perna para a outra, limpei minha boca e entrei no quarto. Respirei fundo olhando a Laura dormir, estou prestes a fazer uma coisa que eu não sei como ela vai reagir, mas quero tentar. Caminhei nas pontas do pé até a cama e passei meus braços em volta do seu corpo, soltei meu peso em cima dela e cheirei seu cabelo. Laura respirou fundo e sorriu.
- Bom dia. - iria beijar sua boca, mas ela desviou e eu acabei beijando sua bochecha.
- Estou com bafo Vi. - escondeu o rosto no travesseiro.
- Não tem problema.
- Que nojo. - resmungou ainda com o rosto tampado, mas virou-se rapidamente. - A sua mãe. - arregalou os olhos.
- Provavelmente está fazendo café da manhã. - me deitei ao seu lado, me cobri com o edredom e abracei ela.
- E você fala com essa naturalidade?
- É ué. - dei de ombros.
- Deixa eu ir escovar os dentes logo. - tirou meu braço de cima dela e foi até o banheiro.
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Azul é a nossa cor
Storie d'amoreCostumo dizer que o autismo me prendeu em um corpo que eu não posso controlar, mas tudo bem, já tenho 18 anos e acho que posso conviver com isso por mais uns 70. Eu gosto do jeito que eu sou, afinal não sei como eu seria se não fosse eu, então prefi...