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•Laura•

E pensar que um dia eu falei para o Vicente que talvez a Isabela gostasse dele. Talvez parte disso seja minha culpa, eu quis deixar nas mãos do destino e talvez esse seja o nosso destino, o que vivemos foi apenas um amor de adolescência. O que resta é me conformar. Sai da frente do notebook quando a campainha tocou. Desde que voltei do almoço com o Vicente, estou enviando meu currículo para alguns hospitais. Pretendo montar uma clínica, mas para isso preciso juntar mais dinheiro.

- Oi? - franzi o cenho ao ver quem era. - Que saudade, como você está diferente. Entra. - falei para a Sofia.

- Fiquei sabendo que você voltou e vim ver se era verdade mesmo. - me abraçou.

- Não vou mais embora. - falei.

- Que bom, você não sabe como foi difícil para o Vi, ainda mais quando você se formou na faculdade e não voltou.

- É, eu sei. - respirei fundo. - Já estou me martirizando o suficiente.

- Quanto a isso. - pegou um envelope em sua bolsa. - Mês que vem vou me casar com o Murilo e eu queria que você fosse nossa madrinha, se você e o Vi não tivesse nos ajudado, não estaríamos nos casando.

- Sofia. - sorri surpresa.

- Aceita? - mordeu os lábios.

- Claro. - assenti com a cabeça.

- Ótimo, então preciso te levar no ateliê para você experimentar o vestido. Dentre as madrinhas, só falta você.
- Agora? - perguntei.

- Sim. - me puxou até a porta.

- Espera, - a segurei. - quem vai ser o meu padrinho?

- O Vicente né amiga. - revirou os olhos e eu sorri. - Terão que ficar a cerimônia juntos e tirar algumas fotos, aproveita e tira uma casquinha. - brincou.

Na semana seguinte eu consegui um emprego em um dos hospitais que havia mandado currículo, era justamente na ala infantil, a minha área preferida. Só era complicado quando eu precisava auxiliar os médicos e enfermeiros na hora de dar uma má notícia aos familiares.
Tive que gastar parte das minhas economias para comprar o presente do casamento e alugar o meu vestido, que inclusive, foi uma facada no meu bolso.
Os noivos alugaram um sítio no interior de São Paulo, onde poderíamos passar o dia seguinte lá, com direito a piscina e quadras esportivas. Eu precisei ir no dia de manhã pois a noiva contratou um "spa" para as madrinhas. Tivemos direito à massagem, maquiagem e cabeleireiro, mas nada disso foi capaz de aliviar minha ansiedade para ver o Vicente. Não nos vimos desde aquele almoço.
Quando fiquei pronta, sai da sala e fui até o campo, onde será a cerimônia. Fiquei um pouco perdida por não conhecer ninguém, mas logo achei a Elize.

- Oi amor. - me abraçou. - Você está linda, vai ser a madrinha mais linda desse casamento. - me girou fazendo a barra do meu vestido rodar levemente.

- Até parece. - sorri. - A senhora que está linda. - a olhei, ela me repreendeu e eu sorri.

- Pronto mãe. - Vicente parou ao nosso lado e estendeu um copo de água para ela. Olhei-o de cima abaixo e senti meu coração palpitar, de repente quis cavar um buraco e me esconder. Ele estava tão lindo. - Oi. - falou me olhando.

- Oi. - respondi mais baixo do que imaginava, a minha boca secou, não imaginei que ele pudesse me desconcertar tanto.

•Vicente•

Fizemos algumas fotos com os outros padrinhos e logo o cerimonialista formou uma fila, onde o Murilo e sua mãe puxava-a. O braço da Laura estava entrelaçado no meu e esse pouco contato me acalentava.

Azul é a nossa corOnde histórias criam vida. Descubra agora