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Vicente

Eu já estou acostumado com isso, normalmente as pessoas se aproximam e se afastam quando presenciam uma crise. Eu não posso implorar atenção de ninguém, aliás, ninguém pode. Eu juro que achei que a Laura fosse se tornar uma amiga, uma pessoa próxima, mas eu não tenho culpa, eu nasci assim.

- Vicente. - Laura estalou os dedos. - Está me escutando?

- Estou. - eu menti, pois não havia escutado nada.

- Eu não estou com medo de você, eu realmente não posso me atrasar e ir embora tarde. Amanhã eu chego mais cedo, faço tudo o que tenho que fazer e a gente assiste um filme após o almoço. Pode ser? - ela sugeriu e eu assenti. - Então desfaz essa cara de bravo e volta a comer.

- Não estou com cara de bravo. - relaxei minhas sobrancelhas, que só nesse momento percebi que estavam franzidas.

- Não está? Sua testa estava tão franzida que eu achei que a sua sobrancelha viraria uma monocelha. - Laura disse e eu não segurei a minha risada. - Agora sim. - apontou para o meu rosto.

- Mas eu não estava bravo, só estava pensando. - eu me defendi.

- Eu sei que sim. - estreitou os olhos.

Nós terminamos de comer e enquanto Laura foi terminar de limpar a sala, eu fui lavar as louças, com um pano em microfibra porque tenho gastura em pegar em bucha. Sempre seguindo uma sequência, primeiro eu passo água em tudo, em seguida ensaboo e depois enxáguo, se eu não fizer assim não consigo lavar. E o pano de prato tem que estar extremamente seco, se não eu sinto que as louças não estão completamente secas. Após isso, eu subi para o meu quarto bem na hora que meu celular começou a tocar, era o Murilo.

- Oi. - atendi.

- Cara você não vai acreditar. - disse rapidamente. - A Sofia me ligou, com a desculpa de saber se você estava bem e acabei chamando-a pra sair, mas ela disse que só iria se a amiga dela, a Malu fosse. Então eu disse que tudo bem e que você iria também.

- Murilo, não né. Não vou sair pra um encontro com a Malu. - eu revirei meus olhos.

- Não vai ser um encontro, não vou deixar vocês sozinhos.

- Claro que vai. - respirei fundo. - Por que você não chamou ela pra sair só vocês dois? - eu sugeri.

- Porque acho que ela não iria aceitar.

- Você sabe que não daria certo eu e a Malu.

- Vai ser só nós quatro, a gente vai no shopping, almoça e volta pra casa, vai ser rapidinho. - Murilo disse resmungando.

- Não.

- Tudo bem. - respirou fundo.

- Vão vocês, chama ela para um encontro de verdade. Você sabe que eu sou complicado, sei que ficará um clima estranho entre eu e a Malu, pode até estragar o momento de vocês. Se fosse pelo menos outra pessoa com a gente tudo bem, aí eu teria certeza que não seria um encontro. - fiz drama.

- Espera, tive uma ideia. A Laura está aí né? - perguntou animado e eu franzi as minhas sobrancelhas.

- Sim, porque?

- E se ela fosse com a gente? Nós já somos amigos e ela não deixaria ficar um clima estranho entre você e a Malu, assim também vocês não ficam sozinhos. - sugeriu e eu parei para pensar.

- Não sei se ela aceitaria. Chamei ela pra assistir um filme hoje e ela não quis, segundo ela, não podia aceitar porque iria se atrasar, mas disse que vamos assistir amanhã.

Azul é a nossa corOnde histórias criam vida. Descubra agora