Capítulo 4

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Fui chegando devagar perto da pessoa sentada na grama, para ter certeza de que o que eu estava vendo não era uma miragem.

- Diego?! - estava de manhã, e de acordo com minhas contas, ele deveria estar trabalhando.

- Olá, Clara. Surpresa em me ver? - levantou seus olhos e pude ver que estava sorrindo

- Claro que sim... mas... o que você está fazendo aqui?

- O Conselho me mandou aqui para ver como você estava e se precisava de alguma ajuda, já que o menino é um pouco... complicado.

Acho que nunca na minha vida fiquei tão aliviada por ver o Diego com sua cara rabugenta na minha frente.

- Complicado é pouco. - falei bufando. - Eu até tentei me aproximar dele na cafeteria, e estava até dando certo. Eu fiz uma pergunta para já adiantar meu trabalho, só que ele só levantou e saiu apressado, parecia até com medo de alguma coisa. Resultado? Eu não sei onde ele está mais, e consequentemente não sei o que fazer. - terminei de falar e percebi que estava respirando rápido demais.

- Em primeiro lugar, acalme-se. Em segundo lugar, não julgo ele de ser como é. Ele já passou por coisas horríveis na sua vida, e uma completa estranha querer se aproximar, deve ser assustador para ele. - falou compreensivo, segundos depois fazendo cara de quem havia lembrado alguma coisa, tirando um tipo de caixa pequena de dentro do seu bolso. - Acho que tenho a coisa que vai te ajudar agora.

- O que é isso? - fiquei olhando para a pequena caixa tentando descobrir o que ela significava, mas não tinha ideia do que era aquilo.

- É tipo um espelho mágico, porém não é um espelho. - tirou a tampa da caixa - Você olha dentro da caixa e ela mostra o que você precisa saber. - estendeu o objeto para mim e o segurei relutante, pois ao mesmo tempo que aquilo era clichê, era também estranho.

Olhei dentro da caixinha, e não vou mentir, não achei que fosse ser verdade. Fixei bem meu olhar nela e percebi uma pequena nuvem se formando dentro dela, de repente saindo da caixa.
Me assustei, com medo de humanos verem aquilo e talvez até fazerem alguma coisa. Acabei fechando a caixinha rapidamente, encarando Diego.

- O que houve? - Ele perguntou sem entender.

- Humanos podem ver isso? Estamos em um parque cheio deles. - falei o óbvio.

- Não, fique tranquila. Na visão deles é apenas uma caixa normal. Eles não conseguem ver as nuvens ou algo que acontecer de anormal.

Voltei a abrir a caixinha, fixando meu olhar dentro dela novamente.
Depois de eu ter perguntado "onde estava Jake", se passaram alguns segundos, até que nuvem reapareceu, e mostrou de forma clara o rosto de Jake, aparentemente sentado em uma gangorra de um parque de crianças.

Sozinho, para variar.

- Eu... Eu sei onde é esse lugar, eu passei por ele no meu primeiro dia aqui. - fiquei segundos tentando lembrar onde era. - É o parquinho perto da casa... - olhei para Diego surpresa e feliz. De forma rápida fechei e entreguei o objeto para ele. - Muito obrigada... Por favor, não suma desse mundo, continua aqui. Eu. Já. Volto. - falei pausadamente e saí correndo em direção ao parque.

Fazia tempo que eu não precisava correr em um mundo humano, e com isso eu havia esquecido como era cansativo. Acredito que poucas vezes em minha existência precisei correr tanto, mas valera a pena, quando avistei de longe o corpo de Jake sentado no balanço parado.

Fui chegando devagar e relutante, até ficar parada pouco atrás dele.

"Eu devo...?"

Tirei cada pensamento da minha cabeça e decidi o que iria fazer.

Entre Anjos e Humanos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora