Capítulo 17

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Saio apressadamente da escola, prezando para Jake não tenha ido tão longe, e, como um passe de mágica, acabo por vê-lo andando rápido um pouco alguns metros para frente.
Sem pensar duas vezes, começo a correr em sua direção, percebendo que o menino começara a andar muito mais rápido.

- JAKE! - gritei enquanto corria, na esperança dele escutar.

Falhando, continuei a correr, vendo depois de minutos que Jake estava indo à um lugar já conhecido por mim.

Parei em frente do enorme prédio cinza, que Jake me levara dias antes, tentando organizar as informações, até que algo bate como um soco em meu pensamento.

Terraço.


Parapeito.


Humilhação.


JAKE.

Saí correndo mais rápido que antes, vendo que o garoto já deveria ter chegado no último andar, quando eu nem havia subido o primeiro degrau.
Abri a porta, fazendo-a bater na parede atrás dela, e assim, comecei a subir os lances da grande escada, chegando com a respiração fora de controle ao meu destino.

A primeira coisa que veio ao meu campo de visão, foi Jake em pé no, agora claro por causa do horário, parapeito incrivelmente baixo do terraço daquele prédio.

Ele ia...?

- Jake...! - disse com cuidado, tentando não deixar transparecer o medo. - Não faça isso.

Ele estava preparado para se jogar...

- Eu não aguento mais. - sua voz parecia convencida disso.

- Por favor, não... - falei com minha voz me traindo, começando a parecer chorosa.

- Eu preciso! Preciso fazer isso para que tudo fique bem.

- Não. - suspirei. - Isso não vai melhorar nada! Você não precisa disso!

Jake demorou um pouco para responder.

- Eu estou quebrado por dentro, Clara. - se virou para mim, me dando a visão de seus olhos avermelhados.

- Eu posso te ajudar! - uma lágrima caiu.

- Não tem mais motivos para não fazer isso, Clara. - pareceu segurar o choro.

- Tem. - suspirei tentando parar as lágrimas. - Eu!

Vi medo passar de relance em seu olhar.

- Não... - não o deixei terminar.

- Eu posso te ajudar, Jake. - continuei. - Mas só se você... não fizer isso. - desviei o olhar por segundos. - Por favor.

- Eu tentei, Clara. Pelo menos você sabe disso agora. - se virou, dando um passo para frente no parapeito. - Pelo menos você consegue ver aqui dentro.

- Jake! - falei alto, com a voz chorosa.

- Me desculpe por tudo, Clara.

NÃO!

Corri até lá, subindo no parapeito ao seu lado.

- Então eu também vou. - olhei bem em seus olhos.

- O que? Você não pode fazer isso. - vi susto e medo em seu rosto.

E ele pode?

- Jake, sabe quantas pessoas passam por tudo isso? - Olhei para baixo, vendo todos abaixo de nós parecendo formigas. - Todas essa pessoas - apontei. - vencem o mundo a cada dia que passa. Todas essas pessoas, Jake, passam por coisas piores ou iguais a você. - voltei para seu olhar.

- Você nunca vai entender os meus demônios. - pareceu um pouco bravo.

- Posso não entender, mas espero que você saiba que todos nós temos eles. - sustentei seu olhar. - Você não está sozinho.

Jake desviou o olhar em confusão.

- Quantas pessoas que você ama, tiveram todas as oportunidades de fazer... Isso? - questionei, respondendo em seguida. - Elas tiveram todas as vontades do mundo, Jake. - ele voltou a me encarar. - E se elas desistissem a cada oportunidade? Será mesmo que valeria a pena?

Me sentei no parapeito, ficando com as pernas no ar, vendo que Jake se assustou com meus movimentos, logo também se sentando.

- Eu não sei. - pareceu sincero.

- Elas também não saberiam - o vento bateu de leve em meus cabelos.

- Por que, Clara? - sustentou meu olhar.

- O que?

- Por que você veio atrás de mim? - parecia confuso.

Fiquei sem responder Jake, tentando encontrar o que falar.

- Você pode me falar o que você é? - me assustei por Jake falar aquilo.

Não era a primeira vez que ele me perguntava aquilo.

- O que? - Jake chegou mais perto.

- Você tem alguma coisa para me contar. - afirmou.

Olhei bem para Jake.

Ele sabia.

- Por que você acha isso? - desviei o olhar.

- Eu não acho. - olhei para ele. - Eu tenho certeza.

Nos encaramos durante segundos incontáveis, talvez tentando entender um ao outro.

- Você não iria querer saber.

- Sim, eu iria. - chegou mais perto ainda, com curiosidade e cautela na expressão.

- Eu... - vi esperança passar por seu olhar. - não posso.

- Nada te impede, Clara. - continuou me olhando intensamente. - Estamos presos em um momento.

Demorei para responder.

- Eu sou um... Anjo. - suspirei ao admitir.

Dito isso, obtive a reação menos esperada da parte de Jake.


Ele não falou nada durante segundos, apenas ficou me olhando, até que simplesmente se inclinou, e me beijou.

Naquele momento, percebi que estávamos em algum tipo de bolha, que nenhum problema, ou agulha poderia estourar.

Estávamos presos em um momento.

Após segundos, Jake apenas se afastou lentamente, ficando ainda bem perto, suficiente para nossos narizes ainda se tocarem e ser possível sentir a respiração anormal um do outro.

- Então eu estou apaixonado por uma Anjo. - disse olhando no fundo dos meus olhos.

E assim, nossos lábios se juntaram novamente.

(...)

:) finalmente hahaha

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Entre Anjos e Humanos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora