Capítulo 11

60 30 19
                                    

Muitas pessoas nos dias atuais, julgam Anjos como criaturas completamente diferentes de qualquer humano.
Somos seres celestiais, porém temos apenas uma coisa que nos diferencia de humanos: asas.
...Na verdade, eu não posso falar temos, pois eu sou um Anjo e não tenho asas, porém é apenas questão de tempo e sorte até eu conseguir as minhas.

Sou um caso fora de pauta.

Várias pessoas creem que nós, por sermos Anjos, não dormimos, não comemos, não amamos, não assistimos televisão...

Porém digo uma coisa... É bem diferente.

Anjos dormem sim, mas não por sono, e sim, pelo prazer que é dormir;

Anjos comem, mas não por fome, mas porque comer em si, é uma coisa maravilhosa.

Não é por não sermos humanos que devemos parar de fazer coisas boas, certo?

Eu, mesmo depois de ter virado Anjo, continuo dormindo, porque quando humana, minha atividade favorita era dormir.

Acabei por dormir na noite anterior, se me lembro bem, com carinhos de Jake no cabelo, o que para mim, fora uma coisa fofa.

Naquela manhã, abri os olhos tranquilamente, mas não consegui me mexer, pois sentia algo me mantendo no mesmo lugar, como se estivesse me segurando.

Olhei para mim mesma e para trás do meu corpo assustada, logo percebendo o que me prendia.

Jake estava com os braços entrelaçados em minha cintura, não com maldade, mas como se eu fosse um grande ursinho de pelúcia.

Me virei devagar, não querendo acordá-lo, por fim de frente para o menino, o que nos fez ficar com os rostos perto, o que me dava a visão única e graciosa de suas curvas faciais.

Fiquei o observando, gravando cada traço de Jake, percebendo o quanto ele era lindo, e, digamos que mesmo com todos os seus defeitos e desgastes, ele era uma das pessoas mais bonitas que eu conhecia.

Enquanto olhava concentrada para seu rosto, Jake acordou tranquilamente, tendo como sua primeira visão do dia, meus olhos.

- Bom dia. - falou sorrindo com a voz um pouco rouca, por ter acordado no mesmo instante.

- Bom dia. - sorri também, ainda o encarando.

Ficamos desse modo durante muito tempo, como se o mundo estivesse parado.
Porém como todo relógio, os ponteiros mudam e o tempo passou, fazendo com que Jake finalmente percebesse que estava me abraçando, mas não me largou.

- Me desculpe... Não vi que eu tinha feito isso. - falou com as bochechas ruborizadas, claramente envergonhado.

- Não tem problema. - sussurrei e ri de leve, continuando a olhar em seus olhos.

Mas, como em todo filme clichê digno de Oscar, algo sempre atrapalha o melhor momento.

Aquilo era um momento bom?

Meu celular começou a tocar, nos assustando com a música alta, já que era nada mais nada menos, que Make You Mine, do PUBLIC.

Em minha defesa era uma de minhas bandas favoritas.

Fiz uma expressão de raiva e me levantei da cama bufando, me desvencilhando de Jake, sentindo rapidamente o frio que minha cintura ficara sem seus braços ao redor.

- Alô? - resmunguei com voz de sono ao atender, sem me dar o trabalho de ver quem era.

- Clara? - arregalei os olhos ao reconhecer a voz de Diego.

- Oi, Diego! - tentei meu máximo fazer uma voz no mínimo acordada, o que resultou em eu fazendo uma voz que qualquer um desconfiaria, já que saira mais como um grito do que um simples Oi.

- Você estava dormindo, Clara? - falou desconfiado.

- O que? Eu, dormindo, Diego? Até parece que eu estaria dormindo em plenas... - olhei o relógio que ficava na parede. - oito da manhã!

-... Certo. - falou ainda desconfiado. - E como vai aí com o garoto? Notou alguma coisa, alguma diferença?

Olhei para trás e fiz um gesto de Já volto para Jake, saindo do quarto e indo para o corredor do hotel.

- Acho que sim. - o que era verdade. - Acho que ele está ficando mais... carinhoso, não sei.

- O que você está fazendo? Digo, para ajudar ele? - disse curioso.

- Cada dia eu estou pegando uma das listas, ontem eu peguei a de sonhos.

-... Você viajou com ele? - perguntou surpreso, lembrando da lista.

- Sim. - dei uma risada rápida. - E posso dizer que minha ideia foi ótima, já que ele está bem mais feliz e risonho depois que eu cheguei. - falei convencida.

- Isso é ótimo, Clara. - disse Diego orgulhoso. - E hoje, o que vai ser?

- Ainda vou decidir. - realmente eu teria que ver o que faria naquele dia.

- Então ok, Clara. Boa sorte por aí. - disse em tom de despedida, até que eu lembrei de algo.

- Diego! - chamei com medo dele desligar.

- O que foi? - perguntou assustado.

- Eu tenho uma pergunta.

- Então faça, oras. - falou rindo como se fosse óbvio.

- Anjos sentem dor?

- O que? Não, Clara. - falou em um tom sério. - O que aconteceu? - ficou mais sério.

- Ontem eu estava saindo do banho, quando eu senti uma dor horrível nas costas, eu cheguei a cair no chão. - digamos que não foi bom relembrar aquilo.

- O que? Isso é impossível. - falou mais para si mesmo que para mim.

- Boa tarde, sou o impossível. - fiz uma piada com a minha própria tragédia.

- Pare de graça, isso é uma coisa séria. Caso sinta de novo, quero que me ligue imediatamente, entendeu?

- Claro, pai.

- Muito engraçado. Enquanto isso, vou procurar saber o que você sentiu. - disse Diego.

- Ta certo. - nos despedimos e entrei novamente no quarto, vendo um Jake já vestido, mas com uma coisa diferente. Jake estava com uma caminha xadrez vermelha, e não preta.

- Meu Deus. - soltei sem ver. - Você pela primeira vez não está usando roupa... Toda preta. - falei o óbvio, fazendo Jake rir.

- Não sei, deu vontade de usar algo diferente. - deu de ombros ainda rindo, se sentando na cama em seguida.

AI MEU DEUS, ELE NÃO ESTÁ USANDO PRETO.

- Isso é ótimo, Jake. - falei sorrindo abobada.

- Estou bonito? - fez graça, colocando uma mão na cabeça e outra nas costas, tirando de mim um sorriso.

- Está sim. - sorriu também. - Mas uma pergunta... por que você está todo arrumado? - falei, já que eu estava de pijama.

- Não viemos até outra cidade para ficarmos trancados dentro de um hotel, certo? - pegou seu celular ainda sorrindo, me fazendo sorrir também. - Então vá se arrumar, garota estranha, pois hoje sou eu que guio o caminho.

- Perfeito. - sorri mais ainda, indo em direção ao banheiro e entrando no mesmo, fechando a porta.

Apenas conseguia sorrir.

Eu adoro sorrir, principalmente quando algo mostra que meu trabalho está finalmente surtindo efeito.

(...)

:)

Entre Anjos e Humanos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora