Capítulo 15

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A cada dia que se passava, mais coisas aconteciam. Mais clichês, mais amizade, mais conversa, mais realização.
Não realização apenas dos sonhos de Jake, mas também da minha missão

Uma semana inteira em plena harmonia, sendo interrompida apenas pela dor misteriosa e repentina que me atacara algumas vezes durante os sete dias.
Em todas as vezes que eu fui surpreendida pelo desespero, fui amparada por Jake, que cuidou de mim como se me quisesse bem de alguma forma.
Diego e o conselho ainda não haviam encontrado uma resposta para o que eu sentia, o causava mistério no mundo dos Anjos e até mesmo algum alvoroço.

Jake e eu estávamos colocando nossos pertences de volta na caminhonete, preparando para voltar para a cidade, já que Jake deveria logo voltar às aulas.

- Está tudo pronto, então? - perguntei para Jake de dentro do carro.

- Sim. - respondeu sorrindo entrando no banco do motorista, já que desta vez, quem iria dirigir era ele.

- Tem certeza que quer voltar dirigindo? - perguntei segurando o riso.

- Mas é claro. - disse do mesmo jeito que eu enquanto arrumava o retrovisor.

- Então certo. - me esparramei no banco do passageiro. - Partiu.

- Clara? - chamou de repente.

- Sim? - olhei para o mesmo.

- Podemos passar em um lugar antes? - sorriu.

- Ue. - olhei para a rua. - Por mim tudo bem. - dei de ombros, vendo Jake ligar o carro e sair andando.

Estava cedo, e como qualquer pessoa, eu estava morrendo de sono.
Após Jake virar esquinas e seguir em ruas, chegamos em um lugar já conhecido pelos dois.

Quando Jake parou o carro, saímos do mesmo, indo em direção ao penhasco que tínhamos vindo pela primeira vez.
Senti o vento bater em mim, balançando de leve meus cabelos.

- Agora sem estrelas. - brincou Jake.

- Sim. - ri. - Aqui é muito bonito mesmo assim. - olhei para o menino ao meu lado.

- É sim. - Jake se virou um pouco para mim, me olhando.

- Por que você me olha tanto? - ri me virando também.

- Não sei. - riu também. - Mas um dia eu descubro.

Jake riu, o que o levou a pisar em uma das partes do penhasco que falhara quando ele fez tal coisa, quebrando o pequeno lugar.

MEU DEUS!

Vi tudo passar rapidamente, até a parte em que puxei Jake com força, quando o mesmo já estava preparado para cair o que resultou em nós dois caírmos no chão, um ao lado do outro.

Eu não via problema em ter caído no chão, poderia ter sido pior cair lá embaixo.

- Meu Deus! - Jake exclamou assustado. - O que acabou de acontecer?

- Você estava prestes a cair. - falei sem ver, com a respiração ainda fora de controle, igual Jake.

- Você me salvou? - perguntou o óbvio.

- Parece que sim. - ri olhando para o céu.

- Como você fez isso? - eita.

- Não sei. - Anjo.

Levantamos lentamente, ficando longe da beirada do penhasco.
Em questão de segundos senti Jake me abraçando apertado, com todo carinho reunido em nós dois.

- Obrigado. - sussurrou no meu ouvido, ainda me abraçando.

- Não foi nada. - ri, sentindo o abraço de afrouxar. - Estou aqui para isso. - pisquei um olho, voltando para a caminhonete, vendo Jake me olhar ainda no mesmo lugar.

- Vai ficar aí? - falei com deboche abrindo a porta do carro.

Jake não respondeu, apenas sorriu, vindo na mesma direção que eu.

- Agora sim, sem nenhum susto ou surpresa, vamos. - falou Jake colocando o cinto após ter entrado no carro.

- Por favor. - ri.

Ele parecia feliz por ter sido salvo.

(...)

- Clara - ouço alguém me chamar.

Me deixa dormir

- Clara! - ouço novamente, agora com uma chacoalhada. - Acorda, garota estranha. - Jake falou rindo.

- An, oi, o que? - abro meus olhos, vendo Jake olhando divertido para mim. - Chegamos? - olho para os lados, vendo a casa dele.

- Sim. - saiu do carro, vindo até ao meu lado. - Vamos lá ver minha mãe?

- Vamos. - bocejei fechando novamente os olhos, ficando assim por alguns segundos.

- Clara? - Jake riu.

- Já estou indo, já estou indo. - abri a porta do carro, logo ficando de pé. - Pronto.

Jake pegou sua mochila no banco traseiro, indo até a porta da casa.

- Mãe? - gritou Jake, mas nada foi ouvido como resposta.

- Será que ela saiu? - perguntei andando pela sala.

- Ela nunca sai essa hora. MÃE! - gritou novamente, agora obtendo uma resposta.

- Filho? - disse Diana descendo as escadas. - Vocês chegaram! - esboçou um sorriso animado abraçando o filho.

- Olá, Diana. Acabamos de chegar. - falei sorrindo.

- Isso é ótimo! E como foi a viagem? - perguntou feliz.

Jake apenas me deu um olhar de "não fale sobre o penhasco" e prosseguiu.

- Foi ótima. - sorriu.

- Estou vendo. - observou a camisa que o filho usava, que não era preta, mas sim branca.

Jake riu com o comentário, subindo as escadas, alegando que já voltava.

- Clara? - disse Diana surpresa. - Como aconteceu?

- O que? - fingi de boba me apoiando na parte de trás do sofá.

- Ele não está de... roupa preta. - parecia surpresa e desconfiada.

- Ah - ri de leve. - Ele disse que estava se sentindo bem com outra cor de roupa, então ele comprou aquela camisa em uma loja. Na verdade, acredito que ele comprou um monte. - ri mais.

Diana não respondeu, nem falou nada, apenas me abraçou carinhosamente.

- Obrigada. - disse. - Eu sabia que você faria bem à ele...

- Não foi nada. - sorri para a mulher soltando o abraço.

- Foi muito querida. - sorriu.

Jake desceu, desta vez sem mala.

- Eu já vou. - anunciei para os dois.

- Vá com Deus, querida. - Diana me abraçou de novo, indo em seguida para outro cômodo, deixando ambos sozinhos.

- Então... - falou Jake chegando perto.

- Então... Tchau. - sorri.

- ... Obrigado. - falou sério.

Fingir de boba às vezes é necessário.

- Oras, pelo que? - cocei a nuca desentendida.

- Você sabe bem. - disse ainda firme.

Desta vez não aguentei e sorri.

- Ainda não me agradeça. É apenas o começo. - pisquei abrindo a porta.

Jake apenas sorriu me vendo sair pelo mesmo lugar que entrei.

(...)

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Entre Anjos e Humanos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora