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Meredith Grey

A cesária já estava na metade quando Derek entrou na sala, Addison nem ao menos levantou a cabeça para olhá-lo. O clima ficou pesado e até quem estava de fora sentiu.

— Eles vão se matar lá dentro. – Cristina murmurou. Eu concordei, Addison me olhou semicerrando os olhos e fazendo eu me sentir ainda pior. Ela não merecia estar passando por aquilo. Ela não tinha que estar no mesmo ambiente que ele depois de ter ouvido aquelas coisas. – Dou dez minutos para eles começarem a brigar.

— Addison não é de fazer escândalo. – apoiei as mãos no vidro. Ela estava incomodada, dava para perceber.

Derek levantou o bisturi pronto para fazer uma incisão na lateral da cabeça, quando de repente ele resmunga algo em tom de frustração.

— Eu preciso de um interno. – falou alto olhando para a galeria.

Por favor, não me chama. Por favor, não me chama. – sussurrei de olhos fechados.

— Grey, pode descer? – perguntou. Addison o encarou rapidamente e depois voltou a olhar pra mim, seu olhar me dizia para não descer, nem se ele me implorasse. Mas eu não poderia dizer não para o chefe da neurocirurgia, muito menos quando ele estava prestes a retirar um tumor do cérebro de alguém.

— Eu não se é seu dia de sorte ou de azar. – Cristina brincou. – Vai!

Assenti para Derek e automaticamente Addison me olhou enfurecida.

Misturar vida pessoal com trabalho não funcionava, eu já deveria saber disso.

Desci correndo até a entrada da sala de cirurgia, respirei fundo quase um milhão de vezes tentando me acalmar. Pensei e repensei se era mesmo uma boa ideia entrar naquele lugar, mas eu era interna e qualquer que fosse minha experiência em cirurgias, eu precisava, ajudava no meu currículo e sem contar que eu também tinha que aprender alguma coisa.

Me lavei o mais rápido possível seguindo o protocolo e em seguida entrei. Meu olhar cruzou com o dela; eu quis sair correndo dali, porque o desprezo e a decepção naquele momento doía mais que qualquer coisa. Me posicionei ao lado esquerdo de Derek, onde ele me entregou um bisturi e pediu para eu fazer a incisão.

Addison estava quase tirando o bebê de dentro da barriga, eu estava concentrada nela mais do que na minha própria cirurgia, em como ela estreitava os olhos as vezes quando estava concentrada, como ela respirava fundo quando se sentia sendo observada, eu era apaixonada por cada detalhe no rosto e no corpo daquela mulher.

— Me desculpe por ter falado com você daquele jeito mais cedo. – Derek tentou iniciar um assunto, eu tentava ignora-lo a todo custo.

— Tudo bem. – respondi seca.

— Eu fui rude e sem necessidade. Espero que isso não afete a nossa... – ele demorou alguns segundos para completar. – Relação? – soou mais como uma afirmação, revirei os olhos voltando minha atenção para ele.

— Não temos nenhuma relação. – murmurei baixo, não queria começar uma discussão. – Eu já disse para você esquecer do que houve.

— Eu sei, mas–

— E como eu também já disse, eu tenho outra pessoa. O que rolou entre nós dois acabou há muito tempo.

— Nossa, mas você foi rápida. – murmurou em tom de deboche, respirei fundo tentando não surtar.

— É que eu encontrei alguém tão incrível e especial que foi difícil não me apaixonar. – encarei Addison de lado, ela estava se forçando a não olhar pra mim, suspirei pesadamente. – Eu fui uma idiota por ter ido pra sua casa, e isso nunca mais vai acontecer de novo. Eu já amo outra pessoa.

Ela travou, conseguia vê-la pela minha visão periférica e ela estava parada no lugar, sem se mexer. Me arrependi no segundo seguinte, ela me odiava, eu não devia dizer que a amava. Eu não poderia jogar tantas informações encima dela de uma vez. Eu estava confusa e estava confundindo ela o tempo inteiro. Mas eu sabia que era verdade, eu amava Addison Montgomery, e diria isso em alto e bom som para quem quisesse ouvir.

Ela terminou a cesária em menos tempo que o previsto, pelo jeito, ela queria sair de perto de mim o mais rápido possível. Quando ela saiu da sala, o ar pesou, o ambiente ficou extremamente desconfortável e eu apenas queria sair dali, ir atrás dela e me explicar mais uma vez.

— Eu... não estou me sentindo muito bem. – resmunguei franzindo o cenho e fingindo uma cara de dor. – Yang pode me substituir.

— Ok. – deu os ombros, olhei Cristina atrás do vidro e maneei a cabeça para que ela descesse.

Sai rápido da sala, eu já não me importava mais com a cirurgia e nem com as horas que eu precisava na neurologia, apenas sai em direção a sala de descanso que eu sabia que ela estaria. Dei duas batidas na porta e ouvi ela pedir para eu entrar. Entrei antes que ela mudasse de idéia, e tranquei a porta atrás de mim, ela me olhou confusa barra surpresa e se sentou na cama.

— O que tá fazendo aqui? – perguntou fria.

— Precisamos conversar. – respondi baixo, ainda encostada na porta, não queria invadir o espaço dela.

Addison revirou os olhos entediada e pediu que eu sentasse ao seu lado.

— Sei que estou errada de todas as formas, incluindo meus posicionamentos e atitudes. Concordo com você nisso tudo, mas por favor, me deixa consertar isso. – pedi levantando a cabeça tentando fazer com que minha voz não falhasse. – Eu gosto tanto de você, meu peito dói toda vez que eu penso que estou te perdendo.

— Você me confunde, Grey. – resmungou respirando fundo – Porque pra mim você pede calma e pra ele você pede pra tirar sua roupa?

— Foi um erro, e eu te pediria desculpas um milhão de vezes se fosse resolver o nosso problema. – uma lágrima desceu pelo meu rosto, tratei de enxugá-la e manter a pose, eu já não aguentava mais chorar por ela. – Mais do que isso, Addison, eu posso me redimir. Te mostrar que estou arrependida. Eu só preciso de mais uma chance. Podemos fazer do seu jeito, no seu tempo, de qualquer forma, eu só não quero te perder.

— Você não faz ideia de como é difícil pra mim ficar longe de você, mas não podemos continuar com isso, eu não posso continuar me machucando desse jeito.

— Não faz isso com a gente. – eu estava praticamente implorando e não me importava nem um pouco em parecer desesperada, era a verdade. Eu estava totalmente desesperada, perdendo o controle da situação. – Eu te amo, te amo demais pra te deixar ir. Por favor, me deixa te mostrar que somos melhores juntas, Addison. – minha voz embargou, ela segurou meu rosto com as duas mãos, passando os dedos pela minha bochecha limpando as lágrimas que insistiam em cair. Funguei olhando-a nos olhos.

— Eu também te amo. – ela sussurrou se aproximando, encostou os lábios nos meus iniciando um beijo lento, eu queria congelar aquele momento, viver para sempre repetindo e repetindo, porque no segundo seguinte, meu mundo desmoronou por completo quando ela disse: – Mas eu não consigo.

— Por favor, não diz isso. – pedi chorosa segurando firme a mão dela. – Por favor, Addison, não faz isso comigo.

— Eu não consigo te olhar, eu não consigo ficar perto de você, Grey. – fechei meus olhos sentindo o peso daquelas palavras. – Precisamos de um tempo.

Não adiantava chorar, espernear, pedir por favor, prometer um milhão de coisas, quando a intenção dela não era ficar. Eu não poderia ser egoísta e pensar só é mim, só no que eu sinto. Eu tinha de ser racional, ela sabia o que era melhor para ela, e se ela dizia que precisávamos de um tempo, eu não podia negar. Mesmo que doesse, e mesmo que eu estivesse a ponto de me jogar de um precipício porque doía como o inferno, eu tinha que pensar nela. Por esse motivo, eu apenas assenti. Respirei fundo em meio ao choro e me levantei, soltando lentamente minha mão da dela e me afastei.

— Isso é um ponto final? – perguntei já com a mão na maçaneta.

— Reticências. – respondeu baixo, e eu apenas sai.

•••

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora