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Addison Montgomery

— A saturação está muito baixa, e continua caindo. – a enfermeira me avisou. Eu precisava de Meredith acordada pelo menos até conseguir retirar o bebê.

— Meredith, o que você está sentindo? – perguntei tentando me manter calma, eu estava a ponto de surtar, eu tinha tanto medo de dar algum deslize e acabar com tudo.

— Dor, em todos os lugares do meu corpo. – respondeu com a voz falha, respirei fundo tentando pensar.

— Uma dose de epinefrina. – pedi a enfermeira. – E como está sua visão?

— Embaçada. E... É difícil respirar. – ela dizia pausadamente, segundos antes de todos os monitores começarem apitar, ela havia ficado inconsciente.

Aquele era definitivamente o momento mais crucial de toda a minha vida, eu não podia falhar, eu não podia piscar e atrasar um único segundo, eu precisava fazer tudo da forma mais perfeita se quisesse ter alguma chance com minha mulher e meu filho. Eu tinha que manter a calma e pensar em uma solução para Meredith desacordada e perdendo metade do sangue que possuía dentro do corpo. Eu precisava tirar o bebê, precisava conter o sangramento e precisava trazer ela de volta. Eu precisava fazer muitas coisas naquele momento, incluindo não me desesperar.

Naquele momento, eu entendi perfeitamente o porquê de ser estritamente proibido que o médico tivesse algum tipo de relação familiar com o paciente. Era extremamente desesperador estar ali e saber que era minha responsabilidade, se ela vivesse ou morresse, eu era a única responsável por aquilo. E eu me sentia no dever de fazer o impossível para que ela vivesse.

— Montgomery, estamos perdendo ela. – a enfermeira dizia, meu mundo parecia estar completamente parado, eu fazia tudo no automático.

Eu já havia feito aquele procedimento um milhão de vezes, já havia salvado um milhão de mulheres e um milhão de bebês, mas naquele momento, eu me sentia impotente, era a minha mulher deitada naquela mesa a beira da morte, era meu filho, era a minha vida.

— Mais uma bolsa de O negativo! – falei rápido, minha única vontade era sentar no chão e chorar desesperadamente.

— Doutora já demos três bolsas de san– eu a interrompi com a voz alta.

— E vamos dar mais uma! – a intenção não era ser rude, mas naquele momento eu não me importava mais em ser delicada.

A enfermeira apenas assentiu, e fez o que eu mandei. Eu respirei fundo pela milésima vez, tentando engolir o choro, eu não podia desmoronar, não era hora e nem lugar.

Fiz um último corte, e o sangue começou a se espalhar por todo o lugar, pela mesa, pelo chão, e até encima de mim. Não existia mais líquido amniótico, muito pelos placenta, apenas sangue em volta do bebê. Ele era pequeno tão pequeno que cabia na minha mão, ele ainda não estava pronto para sair dali, ele ainda não tinha forças o suficiente pra lutar contra o que viria a seguir.

A amiga de Meredith, Cristina, de repente entrou na sala desesperada. Ainda não havíamos conseguido falar com ela pois estava em outra cirurgia, mas pelo estado em que ela entrou, já sabia que não estávamos em boas condições. Afobada, ela se aproximou, com os olhos cheios de lágrimas e o corpo tremendo. Ela gritava e pedia por uma explicação, perguntava o porquê de tanto sangue e porquê de os monitores não pararem de apitar. Era pior para minha própria consciência que ela estivesse ali com todos aqueles gritos e cobranças, mas ela era amiga de Meredith, ela tinha que ficar.

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora