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Meredith Grey

Embora as coisas estivessem dando certo com minha namorada — não canso de me apaixonar pelo jeito que me refiro a ela —, eu ainda sentia que faltava alguma coisa. Talvez eu fosse apressada demais em perguntar se ela queria ser a mãe do meu bebê? E se ela se sentisse pressionada e acabasse fugindo de novo? E se eu a assustasse com a enorme vontade que tenho de formar uma linda família ao lado dela? Eu não conseguia deixar essas perguntas de lado. Ela nunca disse com todas as letras que queria assumir Théo como se fosse dela, mas sempre fazia algumas coisinhas, do tipo aparecer com presentes para ele no meio da semana, ou fazer carinho e dizer que o amava, coisinhas essas que me fazia ter a sensação de que ele já era dela e que ela já sabia disso.

Só tinha se passado um mês desde o meu acidente de avião, eu havia recebido alta depois de duas semanas com a única condição de não pegar pesado por causa do bebê, e claro, Addison era minha médica particular vinte e quatro horas por dia. Estávamos meio que morando juntas, mesmo ela negando, passávamos praticamente todo o tempo que tínhamos, juntas. E eu amava, estávamos melhor que nunca, eu a amava cada vez mais e sentia que era recíproco.

— Ele tá chutando! Amor, ele tá chutando! – gritei alto me ajeitando na cadeira. Já era quase oito da noite e havíamos acabado de preparar o jantar. Havíamos não, Addison havia.

Era a primeira vez desde o acidente em que ele chutava, ela dizia que era normal ele estar um pouco quietinho, afinal, havíamos passado por coisas demais e ele precisava descansar bastante para melhorar. Não podia negar que ficava triste e morrendo de vontade de sentir ele se conectando comigo de alguma forma.

Addison parou tudo o que estava fazendo e deu a volta no balcão para me abraçar. Ela se abaixou na altura da minha barriga colocando a mão ali, e foi aí que ele se agitou ainda mais, mexendo de um lado para o outro de uma forma quase dolorosa.

— Oi bebê. – ela disse baixinho. – Parece que você está bem animado. – sorriu entrando em uma espécie de bolha, ela estava focada em conversar com Théo, e eu apenas a observava sorrindo. – Me diz como se sente, sou toda ouvidos. – ela ficou alguns segundos em silêncio como se realmente tivesse ouvindo o que ele tinha a dizer. – Fico feliz que você esteja se sentindo bem, tive medo que você não fosse conseguir, mas estamos aqui, juntos, não é? – ela depositou um beijo na minha barriga enquanto deslizada a mão levemente até a lateral, onde eu sentia o pézinho dele me chutando. – A mamãe tá muito ansiosa pra te conhecer, meu amor.

Estreitei os olhos confusa, ela havia acabado de se denominar como mamãe? Ela se considerava mamãe do Théo? Quando ela percebeu o que disse, rapidamente se levantou ficando da minha altura e me encarou com uma expressão indecifrável. Ela tinha a boca em uma linha reta, e talvez, estivesse sem jeito.

— Eu... Eu não... Me desculpa... – ela começou a gaguejar. – Eu quis dizer que você está ansiosa... Não eu, claro que não. Quer dizer, eu estou ansiosa, mas você é a mãe dele.

Ela ria sem graça, me fazendo abrir um sorriso enorme por aquelas palavras.

— Você não quer ser mamãe dele também? – perguntei, ela ficou vermelha como um tomate, olhando para qualquer lugar que não fosse meu rosto.

— Você não precisa fazer isso. Ele já tem mãe e pai, não precisa de mim.

— Eu preciso de você, e queria muito que você fosse mamãe dele junto comigo.

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora