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Meredith Grey

No dia seguinte, acordei um pouco mais cedo do que costumava acordar, já que eu seria interna de Addison e não queria deixá-la de mau humor com meu atraso. Eu estava cansada, mas não fisicamente. Emocionalmente. Eu só precisava dela, precisava do abraço dela, do sorriso e daquele olhar de ternura. Tivemos tão pouco tempo juntas, mas que foi essencial para eu ter certeza de que queria ela, queria ser dela e ter ela.

No hospital, todos comentavam sobre Derek e eu, e sobre terem nos visto de carro juntos. Minha vida amorosa era o assunto principal, pelo menos ninguém sabia de Addison, ainda. Entrei na sala dos internos para pegar meu jaleco, e Cristina já estava lá mexendo no seu armário que era bem ao lado do meu.

— E aí? Está melhor? – ela perguntou.

— Cada vez pior. – respondi suspirando. – Transei com Derek e Addison tá puta comigo.

— O que? Você e o Derek? Pensei que você gostasse da Addison.

— E eu gosto.

— Então porque— respondi antes que ela terminasse a pergunta.

— Porque eu sou uma idiota. – bufei batendo a porta do armário. – Vamos. Não posso me atrasar.

— Agora você não pode mais dar um beijo nela pra ela esquecer seu atraso. – debochou, revirei os olhos.

— Cala a boca.

Cristina soltou uma gargalhada alta e eu comecei andar na frente. Estava cinco minutos adiantada, só esperava que não acontecesse nenhum imprevisto que pudesse fazer eu me atrasar. Atravessei o corredor da neurologia quase correndo, torcendo para que Derek estivesse em qualquer outro lugar e não ali. Logo depois era o corredor da obstetrícia, e Addison estaria ali esperando pelos internos, qualquer que fosse minha interação com Derek ela saberia e ouviria.

— Fodeu. – ouvi Cristina sussurrar baixinho, eu já ia perguntar sobre quando senti meu corpo parar bruscamente. Eu havia acabado de esbarrar na última pessoa que eu queria ver ali.

— Derek, me desculpe. – murmurei rapidamente dando um passo pra frente para sair dali o mais rápido possível, mas ele segurou meu braço me fazendo parar.

— Tudo bem com você? – apenas balancei a cabeça, eu só queria fugir dali. – Porque saiu correndo daquele jeito? Fiquei preocupado.

— O que? De onde? De que jeito? – perguntei confusa, antes eu tivesse ficado calada.

— Ontem de manhã, você saiu correndo da minha casa. Eu não te entendo, Meredith. – revirei os olhos jogando meus cabelos para trás, assim que desviei meus olhos para o corredor da obstetrícia, encontrei Addison nos observando encostada no balcão.

Ela estava de braços cruzados, sua expressão era indecifrável. E eu, tremendo, como se tivesse no frio do Alaska.

— Você me confunde, você diz uma coisa e depois faz outra e eu não sei nunca o que esperar de você. – ele continuava falando mas eu já não prestava atenção em mais nada. – Você não pode dizer que não me quer e depois transar comigo.

Ela fechou os olhos por breves segundos, respirou fundo e quando os abriu novamente, me olhou rapidamente e começou se afastar.

Ela não sabia. Ela não sabia que tínhamos passado a noite juntos, tudo o que ela sabia era sobre o beijo na pista de dança. Ela acreditava que eu não fosse capaz de ir para a casa dele, mas eu fui. Eu fui uma puta otária que conseguiu estragar ainda mais o que tínhamos.

— Isso não vai se repetir, foi um erro, Derek. Eu estava mal e precisava de alguém pra me fazer esquecer. Eu tenho outra pessoa, e é com ela que eu quero ficar. Esqueça o que aconteceu, foi a última vez. – despejei de uma vez e virei as costas começando a andar na mesma direção onde ela havia ido.

Ela e os internos já estavam na porta da primeira paciente, sua postura era séria e todos ali estavam com medo, eu nunca havia visto Addison tão fria como naquele momento.

— Grey, está atrasada. – ela murmurou com a voz dura.

— Cristina também está. – rebati, ela semicerrou os olhos, encolhi os ombros em forma de rendição e me calei.

Entramos no primeiro quarto, ela explicou o caso e fez perguntas como sempre fazia. Nenhum olhar era direcionado a mim muito menos perguntas. Evitei o máximo de fazer perguntas, qualquer dúvida que tinha pedia para Cristina perguntar por mim. A segunda paciente era uma mulher de cinquenta e cinco anos com uma gravidez de risco, ela tinha um tumor no cérebro e por isso iria ocorrer duas cirurgias ao mesmo tempo, tinha a cesária marcada para dali algumas horas.

— Nervosa, Marie? – Addison perguntou a mulher.

— Muito. – ela segurou a mão de marie e abriu um sorriso tranquilizando-a. Suspirei triste, eu amava aquele sorriso.

— A cirurgia irá durar um pouco mais de sete horas. – começou a explicar prendendo minha atenção totalmente nela. – Eu vou retirar o bebê primeiro e em seguida o doutor Shepherd começará remover o tumor. Você tem alguma dúvida? – apenas eu percebi o quanto foi difícil para ela dizer o nome dele daquela forma tão naturalmente.

A paciente apenas negou, Addison começou assinar alguns papéis e depois se virou para escolher qual interno entraria com ela. Eu era a única ali que já havia entrado em cirurgias com ela, qualquer um dos meus colegas tinha zero experiência em auxiliar uma cesária. Mas eu sabia que seria a última opção dela. Ela não passaria uma hora inteira ao meu lado.

— Stevens, você entra comigo. – ela levantou o olhar até Izzie. Todos olharam surpresos, Izzie abriu a boca sem acreditar, Cristina e eu nos entreolhamos rapidamente e eu abafei um sorriso sarcástico.

Addison me olhou como se dissesse "você está fodida comigo" e nos dispensou.

Cristina e eu fomos até o refeitório juntas, ela ouvia em silêncio todas as minhas reclamações e lamentações. Vez ou outra me dizia que eu estava naquela situação por minha própria culpa.

— Você vai ficar brava com o que eu vou te dizer mas, – ela deu uma pausa suspirando. – Você foi muito boba de ter trocado Derek por Addison. – eu já ia abrir a boca para reclamar quando ela me mandou parar. – Derek é um homem bem resolvido, que sabe o que quer e já deixou isso claro muitas vezes. Mas a Addison, o relacionamento de vocês é completamente instável. Eu não acho que ela está disposta a enfrentar qualquer coisa pra te ter.

— Eu não me importo se Derek é decidido e estável, eu não gosto dele, e nada do que ele fizer vai me fazer cair de amores. – respondi. – Eu estou completamente apaixonada por ela, e eu vou lutar por isso. É apenas uma fase ruim, isso vai passar.

— Mas–

— Estou sozinha, Cristina. Eu preciso da minha melhor amiga pra me apoiar e dizer que vai dar certo. É isso que melhores amigas fazem, não é? Preciso que faça isso por mim. – ela apenas assentiu e eu continuei. – Eu nunca me vi tão rendida por alguém como estou por ela e talvez você tenha razão sobre eu dever deixar isso pra lá, mas é importante que eu tente, eu preciso saber que se der errado e nós não ficarmos juntas, eu fiz o que pude.

— Certo, me desculpe. Essa decisão é sua e eu não posso interferir. Estamos juntas e vou te apoiar no que for. – sorriu, levantei a mão para batermos um hi-five.

— E, por favor, pare de citar o nome dele, eu não quero mais ouvir. – rimos e ela concordou.

Já estava na hora de começar a cirurgia, então voltamos correndo para a galeria para assistir o amor da minha vida fazendo o que ela sabia fazer de melhor; salvar vidas.

Logo nos primeiros dez minutos, Izzie cometeu dois erros bobos que eu nunca havia cometido, e isso fez com que Addison me olhasse imediatamente atrás do vidro, ela sabia que não era uma boa ideia me deixar de fora daquela cirurgia, mas nem por isso me deixou entrar. Ela estava magoada e não me queria por perto, eu só esperava que não ficassêmos longe por tanto tempo, eu não já não sei se consigo mais viver sem ela. 

•••

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora