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Addison Montgomery

Respirei aliviada quando os monitores começaram captar batimentos cardíacos, relaxei os ombros sorrindo e então pude reparar em como Théo era lindo, toda mãe diz isso quando o bebê nasce e na verdade, é a coisa mais feia do mundo que tem cara de joelho, mas ali eu entendia, era a coisa mais preciosa e delicada que eu já havia visto, com os olhinhos fechados e as dedinhos pequenininhos. Ele ainda não parecia de fato um bebê, ele não se mexia e a pele ainda era meio rosada, mas era lindo.

— Oh meu amor, a mamãe está aqui com você! – sussurrei segurando a mãozinha dele e sorrindo. – Fica bem, ok? Vamos cuidar de você.

Fui obrigada a sair da minha espécie de bolha quando novamente, os monitores de Meredith começaram a apitar. Me virei rapidamente vendo que as gases estavam cobertas de sangue, provavelmente a sutura havia se soltado. Corri até onde ela estava e tentando manter a calma, comecei retirar as pinças que segurava o corte com pressa, fazendo o sangue voltar a jorrar para cima. O enxerto havia arrebentado e eu estava mil vezes mais desesperada tentando pensar em qualquer outra solução, se eu pudesse, eu teria pedido para alguém me substituir naquele momento, eu já não tinha a menor condição de tomar decisões, se houvesse um único erro, eu era a responsável, e talvez, eu não tivesse mais emocional para lidar com aquilo.

— Yang, preciso que você entre comigo. Não vou conseguir sozinha. – pedi, ela rapidamente assentiu e colocou o avental junto com as luvas.

— Onde eu fico? – perguntou já se posicionando ao meu lado, olhei mais uma vez para aquele mar de sangue na minha frente e respirei fundo.

— Segura essa pinça, essa veia não pode arrebentar por nada nesse mundo.

Ela assentiu segurando com a mão firme. Comecei aspirar o sangue, um novo enxerto já estava sendo preparado, eu só precisava manter Meredith instável por mais alguns segundos. Segundos esses que mais pareciam anos, eu batucava o pé embaixo na mesa de forma apressada como se aquilo fosse aliviar meu estresse. Tudo o que eu precisava era fazer dar certo, eu precisava salvar a vida da minha mulher, custe o que custar.

— Doutora – levantei minha cabeça tão rápido que ouvi um estalo. – O enxerto. – estendeu, eu segurei com a mão trêmula, Yang me olhou como se questionasse algo.

Eu não estava em condições de fazer aquilo, estava nervosa no limite, a ponto de conseguir ouvir meu próprio coração batendo. Yang sabia fazer aquilo, era simples e ela era a melhor da turma, ela podia fazer.

— Vai Yang, sutura. – sussurrei, uma parte de mim tinha medo. Ela segurou o enxerto com tanta determinação que eu percebi, ela estava em melhores condições que eu.

Eu estava ali apenas de corpo presente, se Yang fizesse qualquer pergunta ou precisasse de ajuda para algo, eu não seria capaz de ajudar. Eu pensava em Théo, em como ele ficaria a partir de agora. Pensava em Derek, e no quanto eu iria socar a cara dele quando saísse dessa sala de cirurgia. Involuntariamente cerrei os punhos, tudo aconteceu tão rápido e eu não tive tempo de reagir, quando vi, minha mulher já estava rolando escada abaixo enquanto eu gritava desesperadamente. E agora, tudo o que eu conseguia fazer, era me culpar por isso. Eu devia ter defendido ela, entrado no meio da discussão e separado aquela briga, mas eu achei que ela precisava resolver aquilo. As coisas saíram do controle por total culpa minha. Respirei fundo tentando controlar a vontade de chorar e voltei a prestar atenção em Yang.

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora