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Meredith Grey

Não é estranho como a vida acontece? Em um minuto você traça planos e no outro você vê tudo desmoronando em cima da sua cabeça. Eu me sentia um caco. Minha vida amorosa era um piada, minha carreira estava totalmente comprometida e eu sequer conseguia manter meu bebê a salvo.

Hoje eu acordei feliz, sentindo que era o meu dia de consertar as coisas. Eu iria ligar para Addison e pedir um milhão de desculpas se fosse preciso. Eu iria fazer de tudo para que a nossa situação fosse resolvida. E agora, onde eu estou? Deitada em uma maca, na emergência do hospital, pedindo para Deus que, por favor, não tirasse meu filho de mim. Porque, alguma coisa nesse meio tempo deu errado ou talvez eu seja apenas a pessoa que nasceu fadada ao fracasso.

— Eu preciso ver ela! – Cristina gritava do lado de fora porta da sala de emergência. – Ela é minha melhor amiga e está morrendo, eu vou ver ela sim! – empurrou a porta com tudo, entrando como um furacão. O rosto dela estava vermelho e inchado. Ela havia chorado.

Cristina andou até meu lado direito e se inclinou para poder conversar comigo, eu não conseguia nem mexer o pescoço.

— Oi meu amor, como está se sentindo? – ela fungou abrindo um sorriso, tentei responder, mas a essa altura, eu já estava entubada. – Shh, não precisa falar nada. – pediu acariciando meus cabelos. – Vai ficar tudo bem ok? Eu queria estar cuidando de você, mas ninguém me deixou participar. – ela revirou os olhos fazendo uma careta. – Mas eu confio na minha equipe e sei que vão fazer o possível e o impossível para te manter a salvo.

Quanto mais eu chorava, mais dor eu sentia. Minha cabeça estava a ponto de explodir, se eu pudesse pedir alguma coisa naquele momento, seria uma dose bem alta de morfina.

— E nós não vamos perder o Théozinho de jeito nenhum. Sua mulher tá vindo pra cuidar dele. – ela tentou brincar, mas o clima estava extremamente pesado e que mal consegui rir.

— Precisamos levá-la para a cirurgia. – Burke falou nos interrompendo. – Existem muitas hemorragias internas e ainda não sabemos qual a gravidade. A qualquer momento, Meredith pode sofrer uma parada cardíaca e isso irá agravar o quadro dela.

— Mas a doutora Montgomery ainda precisa ver o bebê. – Cristina protestou.

— A doutora Fields vai estar lá. Nada vai acontecer com o bebê.

Eu não queria a doutora Fields. Eu queria a Addison. Eu não aceitaria que nenhuma outra médica colocasse as mãos em Théo. Procurei pela mão de Cristina, apertando forte o suficiente para ela me encarar. Eu não conseguia falar, mas meu olhar de desespero dizia exatamente o que eu estava sentindo.

— Não. Ainda não. – encarou Burke desafiadoramente. – Precisamos esperar pela doutora. – ele apenas revirou os olhos e se inclinou para falar diretamente comigo.

— Você entende que isso é extremamente perigoso tanto para você quanto para o bebê? – não respondi, eu estava com medo e Burke falando comigo daquele jeito não estava ajudando em nada. – Mais quinze minutos, nem um minuto a mais. Não temos tempo, Grey. Qualquer minuto é crucial.

Eu só podia torcer e rezar para que ela chegasse antes do meu tempo acabar. Mais uma dose de endorfina foi aplicada na minha veia, nada parecia fazer efeito. Eu só não me contorcia de dor porque não conseguia me mexer. Havia um estilhaço de metal do lado direito da minha barriga, uma fratura exposta no tornozelo direito e no joelho esquerdo. Era difícil respirar quando se tinha uma estaca de vidro cravada no peito. A minha única preocupação, era o metal preso na minha barriga. Eu não parava de sangrar, a parte que mais doía era o colo do útero. Eu estava entrando em desespero e só esperava que Addison chegasse logo, eu sabia que ela era capaz de salvar meu bebê e que ela era a única que iria fazer eu me acalmar.

A ex do meu atualOnde histórias criam vida. Descubra agora