Permaneci olhando para Brooke, a mesma pareceu ficar irritada e ao mesmo tempo surpresa com a minha resposta.
- Você é muito corajosa garota. - Brooke cruzou seus braços na frente do corpo e me olhou dos pés a cabeça. - Já olhou pra mim e já olhou pra você? - A garota apontou para seu uniforme perfeitamente limpo e arrumado e seus cabelos ruivos longos e hidratados, e logo depois apontou para mim que estava apenas com uma calça jeans sem graça, uma blusa preta sem estampa e meu cabelo preso a um coque. - Olha bem pra nós duas e diz que é o " Nada " aqui.
Eu diria algo, mas fiquei muito ocupada me sentindo, de fato, muito inferior. Por mais que meu namorado, minha irmã, e minhas amigas dissessem que eu era bonita, eu sempre tive esse problema de auto estima.
Eu poderia até me sentir bonita e bem com o meu corpo, mas era só eu ver uma garota mais bonita do que eu que eu já queria me afundar em algum lugar.
Ver a Brooke de fato me fez sentir assim, mas me fez ficar ainda pior quando ela mesmo jogou na minha.
- Viu? Eu disse. - Brooke sorriu satisfeita e eu me amaldiçoei mentalmente por ter simplesmente abaixado a cabeça. - Dana? - Brooke chamou Dana que imediatamente olhou pra ela. - Coloque a querida aí... no seu lugar. - E assim a garota saiu do quarto segurando um livro em mãos.
Me sentei na cama me sentindo derrotada por ter abaixado a cabeça praquela garota e passei as mãos no rosto.
- Não fique assim, Lua. A sua vez, pelo menos, não foi na frente de todo mundo. - A garota sorriu triste.
- O que?
- Toda aluna nova passa por isso. Brooke é conhecida aqui na escola por ser a mais " poderosa " . Qualquer uma que tenta desafia-la, acaba sendo humilhada. - Dana deu de ombros.
- Ela fez isso com você? - Dana assentiu. - Mas por que ela faz isso?
- Brooke não gosta de concorrência. Se tem uma garota nova, ela " testa " ela antes. Se a garota mostra que vai ser problema pra ela, ela inferniza a vida da menina. Mas você fez certo. - Ela sorriu. - Como você não bateu boca com ela, ela vai te deixar em paz.
- Isso é muita infantilidade. - Falei olhando para meus pés.
- Eu sei. Mas você se acostuma. - Dana caminhou até minha cama. - Quer ajuda para arrumar suas coisas? Você precisa fazer isso logo, pois nós temos café da manhã daqui meia hora e aula daqui uma.
- Ta. - Suspirei.
Parecia um pesadelo. Eu estava longe de todas as pessoas que eu gostava, ficaria sem meu celular e agora ainda teria que aguentar uma garota dessas.
Eu odeio minha vida.
- O que ela fez com você? - Perguntei fazendo Dana me olhar.
- Er... - Ela pareceu pensar um pouco, mas logo olhou para seu relógio de pulso. - Olha, temos que guardar isso tudo logo para não nos atrasarmos. - E foi isso. Dana mudou de assunto de uma hora para outra. Isso me fez perceber que ela não queria falar disso. Acho que o melhor a fazer é respeitar.
Eu e Dana guardamos todas as minhas coisas e antes que saissemos, ela me obrigou a vestir o uniforme.
Ta, ele não ficou feio em mim, mas era desconfortável. Não curto muito saias, e muito menos blusas sociais.
Assim que eu acabei de me vestir, sai do quarto junto de Dana.
- Por que não solta o cabelo? - Ela perguntou enquanto andávamos pelo longo corredor que com certeza me dará muito medo de noite.
- Ele não ta nos seus melhores dias. - Respondi e logo um sinal, bem irritante devo dizer, soou pelo colégio.
- Vamos adiantar antes que o refeitório fique lotado. - Dana segurou meu braço e me puxou em direção a um um portão enorme que estava aberto e haviam vários alunos entrando nele.
Lá dentro eu agradeci em mente por ter a Dana comigo. Lá tinha tanta gente que eu certamente paralisaria no lugar sem saber o que fazer ou para onde ir.
Ela me levou até uma fila, onde pegamos nosso café da manhã. Eu, no caso, peguei apenas uma maçã. Não sentia a mínima fome.
- Você só vai comer isso? - Ela apontou para a maçã.
- Não sinto fome de manhã. - Menti. Eu sinto fome o tempo inteiro, mas naquele momento eu não sentia a mínima.
Dana me levou para sentar com ela em uma mesa ao canto e lá ela acenou para uma garota baixinha que tinha um cabelo que a destacava no meio das outras alunas. A mesma tinha metade do cabelo rosa e a outra metade azul. Não metade de as pontas serem de uma cor e a raiz de outra, mas metade da cabeça mesmo!
- Aqui Amy! - Dana acenou e chamou pela garota que sorriu e caminhou até nós.
- Cheguei atrasada, mas cheguei. - Amy se sentou a mesa com a gente e olhou pra mim.
- Essa é a Lua. Minha nova colega de quarto. - Dana falou empolgada e Amy me estendeu a mão.
- Sou Amy. Melhor amiga dessa coisa aqui. - Amy bagunçou o cabelo de Dana que fez careta.
- Prazer. - Eu não estava muito empolgada. Era legal já ter conhecido garotas? Sim. Mas acho que nada vai me fazer gostar dali.
Elas começaram a conversar sobre uma tal aula de educação física que eu não prestei atenção. Estava distraída olhando para porta aonde Thomas estava entrando.
Ele entrou com sua postura reta, mãos nos bolsos da frente da calça, sua boca em uma linha reta. Ele estava sério. Parecia até mau humorado.
- Aii o Thomas é um sonho, né? - Amy falou chamando a minha atenção.
- Han? - A olhei.
- O Thomas! Filho da diretora. - Ela apontou para Thomas que agora se sentava em uma mesa junto com outros garotos. - Aquele ser divino de pele branca feito um papel, corpo que todas desejam, mas que não abre um único sorriso para ninguém.
- Ela conhece. Ele a levou para o quarto. - Dana falou enquanto comia seu bolo.
- Te levou pro quarto? - Amy me olhou espantada.
- Pro meu quarto! - Tentei explicar. - Digo... ele me mostrou onde era meu quarto. - Passei a mão nos meus cabelos de novo.
- Ah... - Amy assentiu.
- Você disse que ele não sorri? - Mordi minha maçã tentando não transparecer interesse na pergunta.
- Nunca. - Dana respondeu.
- Acho que nenhuma garota dessa escola é boa o suficiente pra ele. - Amy deu de ombros.
- Tem certeza que ele não sorri? Porque ele sorriu pra mim quando... - Parei de falar quando as duas começaram a gargalhar como se eu tivesse contado a piada mais hilariante do mundo.
- Thomas? Sorriu? Ata. - Amy falou entre risos.
- Eu não to mentindo, ele sorriu quando eu... - Tentei falar novamente mas Dana me interrompeu.
- Você devia estar delirando de fome ou algo assim. O Thomas NUNCA sorri. - Ela falou e logo voltou a comer.
Olhei intrigada para Thomas que ainda estava sentado com seus amigos e pensei se talvez eu estivesse delirando mesmo.
Eu tinha quase certeza de que ele havia sorrido pra mim. E não foi uma vez, foram várias vezes. Impossível que eu tenha imaginado aquele sorriso tão encantador que me deixou até sem palavras.
- Talvez os dentes deles sejam feios. - Amy falou pensativa, aquilo sim me fez rir ali.
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Continua...
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No Colégio Interno
Storie d'amoreLua, uma garota comum, que vai a escola, tem sua família e amigos vê tudo desmoronar de uma hora para a outra por conta de uma decisão de seus pais. A garota terá que deixar tudo para trás e se mudar para um colégio interno longe de tudo e todos o...