Eu permaneci paralisada por um tempo olhando pra ele. Era totalmente estranho a sensação que Thomas me fazia sentir sempre que fincava seu olhar em mim.
Minha respiração pesava, minhas pernas amoleciam, minha barriga revirava e eu simplesmente perdia as palavras.
- O gato comeu a sua língua? - Ele sorriu novamente. Aquilo era insano! Nem com meu namorado eu sentia essas coisas.
- ... não. - Falei quando voltei a mim. - Cadê sua mãe? - Thomas se encostou na cadeira nas costas da cadeira de novo e deu de ombros. - Você não sabe?
- Eu deveria?
- Ela é sua mãe. - Afirmei.
- E por isso eu devo saber onde ela está o tempo todo? - Ele me encarou com um meio sorriso. Por que eu me sinto tão intimidada?
- Eu... volto outra hora. - Falei virando as costas. Mas assim que me virei, dei de cara com a diretora que estava entrando. A mesma se assustou quando me viu.
- Oh... Lua? O que faz aqui? - Ela me olhou e em seguida olhou para seu filho.
Eu vi que ela estava pensando merda, então imediatamente mostrei o papel a ela. Ela o olhou e fez uma cara de decepção.
- Não esperava isso de você Lua. - A diretora pegou o papel da minha mão e caminhou até sua mesa. Thomas se levantou para que ela pudesse sentar e caminhou até um sofá ao canto da sala.
Ele se sentou no sofá e ficou olhando pra mim com um sorriso ladino. Eu estava sentindo minhas bochechas corarem com aquilo.
Por que ele estava me olhando tanto??
A diretora leu o papel com atenção depois que colocou seus óculos, assinou-o e guardou.
- Eu vou ser expulsa? - Deixei a pergunta escapar e ela me olhou.
- Não, não exagere. Aqui diz que você apenas apresentou uma má conduta. Provavelmente por não conhecer todas as regras ainda. - Ela sorriu. O que????
- O que? Ai não está escrito o que eu fiz?? - Dei um passo a frente tentando olhar o bilhete, mas não consegui.
- Não. Sua professora não especificou. - Ela falou e eu comecei a me perguntar o porquê da professora não ter contado que eu taquei produto químico na coleguinha.
Eu fiquei confusa, mas me toquei que já deveria ter saído quando a diretora me olhou por cima de seus óculos querendo saber porque eu ainda estava ali.
- Eu ... vou indo. - Sai apressada da sala e nem notei que o meu prendedor de cabelo havia se soltado.
Só percebi quando senti meus cabelos caindo sobre meus ombros e uma mão segurando meu braço.
- Lua. - Ouvi a voz de Thomas e me virei vendo-o na porta com o meu prendedor em mãos. Olhei para sua mão branca que tinha uma tatuagem segurando o meu braço, e rapidamente ele soltou-me. - Você deixou cair. - Ele falou devagar. Eu estava começando a corar, Thomas estava analisando todo meu rosto.
- Valeu. - Peguei o prendedor de sua mão e já o levei até minha cabeça para prender o meu cabelo.
- Deixa ele solto. - Ele falou me fazendo olha-lo.
- O que?
- Você fica linda com ele solto. - Thomas falou fazendo meu coração acelerar de uma forma sobrenatural.
O mesmo permaneceu olhando pra mim por mais um tempo, mas de repente ele olhou para trás de mim e assim entrou de volta na sala me deixando completamente confusa.
Olhei para trás encontrando Amy me encarando de boca aberta.
- O que... foi... ISSO?? - Ela deu um pulo na minha direção.
- Isso o que?
- Como " isso o que " ?? - Amy praticamente gritou e puxou o braço para que saissemos da frente da diretoria. - Você... o Thomas... vocês dois... seu cabelo... - Ela começou a se enrolar e eu acabei rindo disso. - Vocês tem uma química!
- O que? Não viaja! - Cruzei meus braços.
- Não to viajando! Eu vi o que eu vi e eu sei o que eu vi. Vocês se gostam! - Ela falou animada.
- Ta doida Amy?? Eu conheço ele tem um dia! A gente não se gosta. - Neguei realmente achando um absurdo a possibilidade de nós nos gostarmos. A gente trocou tipo, 5 palavras!
- Mas rola um clima entre vocês. - Ela sorriu maroto. - Ele até te chamou de linda!
- Aquilo foi... - Tentei inventar qualquer coisa na minha cabeça, mas eu sabia que nada tiraria da cabeça da Amy que havia um " clima " entre mim e Thomas.
Por um momento, mesmo eu sabendo que era errado, eu quis que Amy estivesse certa.
- Amor? Paixão? Clima? Conexão? Química? - Ela sorriu. - Eu nem estava com vocês mas já estava me sentindo de vela!
- Você está exagerando. - Virei as costas e comecei a andar pelo corredor.
- Não to exagerando! Você sabe o que é ver o cara mais misterioso desse colégio, o cara que fecha a cara e que não fala com garota alguma DO NADA falar com uma e até chama-la de linda? É quase um pedido de casamento. - Comecei a rir do que ela havia falado e avistei Dana e Erick vindo em nossa direção.
- Você... é... muito... exagerada. - Falei pausadamente olhando pra ela.
- Não sou. Depois daquilo eu até acredito que ele tenha mesmo sorrido pra você. - Ela parou e se abaixou para amarrar o seu cadarço. - Me fala, os dentes dele são feios?
- Não, Amy. - Falei rindo de sua pergunta. - Ele tem os dentes mais brancos e bem alinhados que eu já vi.
- Hmmm mas você reparou bem, né safadinha. - Ela se levantou e tocou em mim com seu cotovelo enquanto sorria maroto.
- Para de pensar merda, Amy. - Falei rindo e Erick e Dana finalmente chegaram até nós, ambos com um semblante de quem iria aprontar algo.
- O que vocês estão tramando? - Encarei eles.
- Como sabe? - Dana perguntou.
- A cara de vocês não mente. - Sorri convencida.
- Chega ai. - Erick andou para um canto onde tinham menos alunos e nós o seguimos. - A gente ta planejando invadi a sala de vídeo hoje. - Ele falou com um sorriso perverso enquanto esfregava suas mãos.
- Sala de vídeo? Aqui tem isso? - Era difícil pra mim imaginar que aquele colégio pré histórico tinha uma sala de vídeo.
- É claro! Mas poucas pessoas tem acesso. Nós mesmos só vamos lá quando algum professor resolve passar algum filme histórico ou cultural. Um saco. - Dana completou.
- Eu achei uma ideia genial! - Amy sorriu animada. - Quem vai?
- Não é muita gente. São alguns amigos meus, umas meninas da sala da Amy, a Brooke.. - Amy o interrompeu.
- Ta legal, de quem foi a brilhante ideia de chamar a Brooke? - Amy cruzou os braços nada satisfeita com o que havia escutado.
- Minha. - Dana falou nos fazendo olhar pra ela. - Que foi gente? Seria impossível sair do quarto de noite sem ela perceber! Se a Brooke descobre que estamos fazendo algo assim e não a chamamos, ela vai ser a primeira a contar pra diretora.
- Que merda. - Amy resmungou. - Mas fazer o que né...
- Vocês não vão precisar falar com ela. - Erick deu de ombros. - Não se preocupem com isso... Nós vamos maratonar tanta série que vocês vão até se esquecer dela. - Erick falou nos fazendo sorrir.
Aquilo me animou. E se me pegassem, seria muito lucro pra mim.
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Continua...
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No Colégio Interno
RomansaLua, uma garota comum, que vai a escola, tem sua família e amigos vê tudo desmoronar de uma hora para a outra por conta de uma decisão de seus pais. A garota terá que deixar tudo para trás e se mudar para um colégio interno longe de tudo e todos o...