64_ É o Messias!

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Eu e minha irmã continuamos conversando até que eu terminasse de arrumar minhas coisas. Quando isso aconteceu, nós fomos pra cozinha ajudar minha mãe.

- Quer ajuda mãe? - Perguntei assim que entramos e a mesma estava cortando alguns legumes enquanto ouvia música. Minha mãe adorava cozinhar ouvindo Roberto Carlos.

- Não filha, não precisa. Vai andar um pouco com sua irmã. Você fica a semana inteira trancada naquele colégio, não quero que fique trancada em casa também nos fins de semana. - Ela sorriu.

- Vamos naquela sorveteria em frente a praça que a gente ia direto? - Minha irmã perguntou com um sorriso.

- Claro. - Ri empolgada. Eu realmente gostava de ir lá com a minha irmã e falar sobre garotos. Ela é afim de um tal Messias da sala dela desde o 8° ano, mas nunca teve coragem de falar com ele. Quando a gente ia na sorveteria, ela contava as coisas que haviam acontecido entre eles. Coisas do tipo: hoje ele fez dupla comigo na aula de física. Hoje a gente se esbarrou. Hoje ele perguntou que dia era.

E foi nesse dia que eu zuei ela dizendo ser 3 de outubro.

Eu concordei com minha irmã e fui no quarto trocar de roupa. Estava um incrível dia de sol lá fora, então coloquei um short jeans preto e uma camiseta cinza escrito Chicago. 

Era um alívio não ter que usar aquela saia, ela não me incomodava mais, mas colocar um short era bem olhar.

Eu sai de casa com a minha irmã e assim que pisei na calçada meu celular vibrou no meu bolso.

Amor- Mor? E então? Seus pais deixaram?

Lua- Oii, deixaram sim! Você pode vir almoçar aqui.

Amor- Ah que bom kk. Você não advinha onde estou agora.

Lua- É... com a sua mãe?

Amor- Também.

Fiquei pensando por um bom tempo, mas não consegui pensar em nada.

Lua- Não faço ideia kk.

Amor- Estou tomando café na cafeteria da cidade com a minha mãe e Rick.

Lua- Sério? Kkkk.

Amor- Sim kk. Minha mãe me convenceu a vir para que eu conhecesse ele melhor.

Lua- E o que ta achando?

Amor- To entendiado na verdade. Ele é legal, mas os dois tem uns papos estranhos. No momento estão conversando sobre quais obras de Vincent Van Gogh são as favoritas deles e quais poesias de Oswaldo de Andrade são mais interessantes.

Lua- Que divertido kkkk vê se não se diverte tanto sem mim ai.

Amor- Engraçadinha. Se eu não dormir, eu te mando mando mensagem daqui a pouco.

Lua- Ta bom kkk.

Amor- O que você ta fazendo? Ta em casa?

Lua- Não, to indo numa sorveteria com a minha irmã. Provavelmente falar sobre o Messias.

Amor- Jesus?

Lua- Não kkkkkkkkk Messias é o nome do crush da minha irmã.

Amor- Ata kkkkkk.

- Lua? Luaaaa! - Minha irmã me chamou me fazendo olha-la. - Com quem ta confessando? Thomas?

- Sim. - Respondi ainda rindo da mensagem dele e guardei o celular no bolso para dar atenção a minha irmã.

- E sobre o que falavam? - Ela sorriu maroto.

- Jesus. - Sorri convencida e ela me olhou desconfiada, logo depois riu.

- Aham. Ta bom. - Ela riu e logo chegamos a sorveteria.

No caso é sorveteria, mas também vende açaí, e eu sempre tomo açaí porque é mil vezes melhor que sorvete.

Minha irmã reveza, as vezes toma sorvete e as vezes açaí, mas na maioria das vezes ela toma os dois.

Nós compramos, eu açaí e ela sorvete com açaí e nos sentamos nos banquinhos em frente a sorveteria.

- E então? E você e o Messias? - Sorri para a mesma que me olhou.

- Ah... - Ela olhou pra baixo. - Não tenho nada de especial pra contar. Na verdade, eu e Messias não trocamos nem olhares nos últimos dias.

- E por que não?

- Eu não sei. Eu não tenho coragem de chegar nele, e ele nem me olhou direito nas últimas semanas. Acho que... acho que não vai rolar nada entre a gente.

- Talvez você não devesse esperar dele.

- Como assim?

- Estamos no século 21. Não tem que ser necessariamente o garoto que tem que chegar, talvez... quem tenha que chegar seja você. - Ela me encarou.

- Da onde que vou tirar coragem pra isso, Lua?

- Dos seus sentimentos por ele. Eu sei que não é fácil, maninha. Mas talvez seja melhor que você dê o primeiro passo. Sei la, começa sentando perto dele no almoço, ou comece a falar mais com ele... talvez ele já tenha pensado em chegar em você, mas como você é tão fechada, ele preferiu não arriscar.

- Acho que tem razão. - Ela sorriu. - Você teria tido coragem de chegar do Thomas se ele não tivesse se aproximado de você primeiro?

- Não. - Olhei pra baixo. - Quando eu conheci o Thomas, eu ainda namorava o Jonny. Não ia chegar nele, nem se eu quisesse.

- Ah, falando em Jonny, soube o que aconteceu com a Stef? - Ela me olhou com um sorriso.

- Não. Desde aquele dia que eu não tive mais notícias dela.

- A mãe dela descobriu que ela havia ficado com o Jonny nas suas costas e cancelou tudo que a Stef gosta! Cancelou as férias dela no Sul, cancelou a internet, Netflix, cancelou saídas para festas e tudo mais. Stef teve um ataque! - Minha irmã falou rindo.

- Sério? A dona Márcia sempre foi muito rígida mesmo.

- Eu achei muito bem feito. Eu sempre te avisei que ela era uma falsa, você nunca acreditou em mim.

- Eu sei. Foi um erro. Vou te ouvir sempre apartir de agora. - Sorri para a mesma. - Você precisa conhecer a Amy, se dariam bem.

- Eu to louca pra conhecer seus novos amigos! Quando eles vão vir aqui? - Ela sorriu animada.

- Ah, eu não sei. Nunca pensei na possibilidade.

- Então pense. Quero muito conhece-los. - Ela sorriu.

Eu e ela ficamos ali até terminarmos os sorvetes, foi quando a mesma olhou para o outro lado da rua de olhos arregalados.

- Ai... meu... Deus. - Ela falou pausadamente com uma cara de espanto. Eu olhei para onde ela estava olhando e vi um garoto alto moreno de cabelos cacheados.

- Que foi? Aquele é o Messias?

- Sim. - Ela falou ainda com sua cara de espanto.

- Ei! Acorda! - Lhe dei um tapa no braço e ela me encarou. - Disfarça essa cara, parece que viu um fantasma.

- Ele me viu, Lua! O que eu faço?? - Ela me olhou.

- Apenas sorria e acene. - Sorri para a mesma e me virei para o garoto que tinha um estilo de skatista.

Minha irmã fez o que eu disse e logo o garoto devolveu o sorriso, que devo admitir, era muito bonito. Ela tinha um enorme bom gosto.

Para a surpresa dela, o garoto não apenas sorriu, ele atravessou a rua e começou a andar na nossa direção.

- Lua ele ta vindo pra cá! - Ela segurou meu braço.

- Eu vou te dar uma tapa, para com isso. Respira. - Ela acabou rindo do modo que eu falei e respirou fundo. - É só o seu futuro marido, não tem que se preocupar com nada. - E pronto, foi assim que ela entrou em pânico de novo.

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Continua...

No Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora