19_ Terminamos.

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Eu demorei um pouco para ter uma reação.

Stef e Jonny estavam se agarrando na minha frente e eu não conseguia sentir nada. Sério. Nada.

Meu namorado estava me traindo com a minha melhor amiga e eu não senti absolutamente nada.

Os dois pararam de se beijar e olharam um para o outro com um sorriso. Jonny que estava praticamente de frente para mim arregalou os olhos quando me viu parada na frente da porta vendo aquela cena.

- Lua??? - Ele rapidamente empurrou Stef que olhou para mim assustada e correu até mim. - O que... o que ta fazendo aqui??

Eu encarei o rosto de Jonny e pela primeira vez na vida, eu me perguntei o que havia visto nele. Jonny não era mais bonito aos meus olhos.

Olhando-o eu só conseguia ver um cara comum pela qual eu não sentia nada.

Eu não sabia se a minha ficha ainda não havia caído, mas eu não conseguia sentir absolutamente nada. Eu não chorei, eu não fiquei com raiva, eu só... de alguma forma, me senti livre.

Eu não soube explicar, mas naquele momento eu vi que eu estava com Jonny apenas porque " ah, eles são o casal da escola, ah estam juntos desde sempre, ah eles se dão super bem ". Eu não gostava de Jonny como meu namorado, e de certa forma me sentia presa a ele.

Ver aquilo, me fez entender isso.

- Lua, não é o que você está pensando! - Stef veio até mim e por ela sim, eu senti raiva.

Stef era minha melhor amiga de anos, eu não esperaria isso dela. Me repreendi por não ter ouvido a minha irmã.

Eu não disse nada a eles, apenas ergui minha mão, tirei a aliança do meu dedo e entreguei nas mãos de Jonny que me olhava sem entender a minha reação.

Eu virei as costas para ir embora, mas Jonny segurou o meu braço.

- Lua, espera! Você não pode terminar comigo assim. - Ele me puxou me fazendo olha-lo.

Dei uma risada fraca olhando pro chão e o encarei em seguida.

- E o que eu deveria fazer? Esquecer o que eu vi aqui e perdoar você? - Cruzei os meus braços.

- Bem, a culpa não foi minha! Eu sou homem, a Stef que ficou dando em cima de mim. Eu acabei não aguentando. - Ri de sua desculpa.

- Eu?? Eu fiquei dando em cima de você?? - Stef cruzou seus braços encarando o mesmo.

- Ah não foi não? - Jonny cruzou os braços também e encarou Stef.

- É lógico que não!! Você é que ficava me olhando e... - Interrompi os dois.

- Eu não to nem ai pra quem fazia o que gente. Ambos parecem estar bem juntos, então... permaneçam assim. Eu vou pra casa. - Virei as costas e sai do quarto de Jonny.

- Então é isso? A gente terminou? - Jonny falou novamente me fazendo olha-lo.

- É óbvio né, seu otário!

- Quer saber? Eu fiquei com a Stef sim. E sabe por que? Porque ela me deu o que você sempre negou. - Arregalei meus olhos assim que o ouvi. Não pelo fato deles terem transado, mas pelo fato de ele estar jogando na minha cara que eu nunca dei esse passo com ele.

Jonny sempre tentou, mas eu sempre neguei. Não me sentia pronta e nem confortável com isso. Ele sempre dizia que entendia e que iria esperar, mas pelo visto não é bem assim que ele pensava.

- Me fala, como os dois conseguiram esconder tão bem essa personalidade horrível? Vocês são ótimos atores. - Cruzei meus braços. - A melhor coisa que eu fiz na vida foi não ter ficado com você. - Encarei Jonny e logo depois olhei para Stef. - Faça bom proveito.

Sai do quarto dele e fui em direção a escada.

- Eu não gostava dela mesmo. - Ouvi Stef resmungando e parei no meu lugar. Senti uma raiva subindo e me virei pra eles.

- Stef? - A mesma me olhou de braços cruzados. - Sabe o que dói mais do que um chifre?

- O que?

- O soco que eu vou dar dentro da sua cara se você aparecer na minha frente de novo. - Me virei de novo mas acabei me lembrando. - Ah! - Olhei pra eles e fui em direção a Jonny. - Me esqueci. - Fechei meu punho e dei lhe um soco no nariz.

- AH! LUA! - Ele gritou passando a mão no nariz que voltou sangrando.

- Até nunca mais traste. -  Sai de lá rapidamente e assim que fechei a porta atrás de mim eu senti uma sensação estranha no meu peito.

Talvez só agora a minha ficha tivesse caído. Eu tinha certeza agora de que não gostava do Jonny, mas isso não quer dizer que nossas lembranças não vieram a tona na minha cabeça.

Me lembrei de cada uma. De como ele ficava me enchendo o saco, de como ele me perseguia na escola e ficava se declarando a cada segundo. De como ele foi na minha casa pedir a permissão pro meu pai sem nem ao menos me pedir antes, de como ele me mandava mensagens toda noite.

Será que eu fiquei todo esse tempo com Jonny por pena? Por ele ter insistido tanto eu acabei dando uma chance? Talvez Jonny ter me traído tenha sido bom pra mim.

Eu estava presa num relacionamento onde eu não era apaixonada, e isso não é nada legal. Além do mais, namorar alguém que usa a desculpa de " sou homem, não aguentei " pra trair, é uma coisa que mulher nenhuma merece.

Eu senti meus olhos encherem d'água quando as lembranças boas minhas e de Jonny vieram a mente. Mas eu me repreendi.

Jonny não merecia que eu chorasse por ele.

Eu sai de frente da casa dele e só aí notei que já havia escurecido.

Comecei a caminhar pela rua devagar até chegar no centro da cidade. Sabe quando só passam casais de mãos dadas por você? Então, era o que estava rolando comigo. Só passavam por mim casais, abraçados, mãos dadas, se beijando ou correndo atrás do outro feito crianças. Parecia que tudo conspirava para que eu chorasse.

Eu era forte, mas não sabia até que ponto.

Continuei andando ignorando as pessoas que passavam por mim, e entrei numa das lojas Americanas que tinham na minha cidade apenas para andar e tentar espantar os meus pensamentos.

Comecei a andar pelos corredores da loja e parei perto da sessão de livros. Foi inevitável não lembrar da Dana fazendo cara de espanto quando eu disse que não havia levado livros.

Assim que me lembrei dela, me lembrei do Colégio. Será que valia a pena continuar com a ideia de ser expulsa? Certamente no momento eu prefiro mesmo estar lá. Acho que.... estou mudando de ideia.

Me virei indo para outro corredor e dei de cara com um enorme urso de pelúcia.

Ta, eu não faço o tipo fofa, mas eu sempre implorei ao Jonny para me dar um urso e ele nunca quis. Sempre disse que são inúteis e que sou grandinha demais para ter um.

Acariciei o mesmo e, foi como numa cena de filme triste, eu olhei pro lado e vi um casal. A menina implorou ao garoto que sorriu para a mesma e pegou o urso para lhe dar.

Senti um aperto no coração ao pensar que algo assim não aconteceria comigo.

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Continua...

No Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora