11_ Por que sorri pra mim?

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Eu fiquei simplesmente paralisada. Os olhos de Thomas focaram em mim e eu não soube o que fazer.

Foi quando eu senti uma câimbra no meu pé que me fez dar um grito abafado pela minha mão.

Thomas olhou para meu pé que eu segurava fazendo careta e o mesmo me colocou sentada no chão e foi até ele.

- Estica seu pé. - Thomas o segurou com cuidado e olhou pra mim. - Estica. - Ele pediu novamente e eu o estiquei com a ajuda dele sentindo uma dor insuportável, porém logo a dor passou e eu senti um alívio imenso.

- Ah. - Me joguei pra trás me deitando na grama. Eu sou dramática, então foi como se estivessem amputando o meu pé.

Thomas me olhou ainda em pé com um sorriso, mas logo depois se deitou ao meu lado na grama. Talvez se alguém nos visse pensaria que éramos loucos.

Eu olhei para o céu e pela primeira vez agradeci à falta de luz daquele colégio. Por ser tudo tão escuro, eu conseguia ver bem as estrelas.

- Gosta de olhar as estrelas? - Thomas quebrou o silêncio.

- Sim, bem... eu não costumo fazer isso. Minha vida sempre foi muito agitada, fazia muito tempo que eu não parava pra olhar as estrelas. - O respondi. - E você?

- Eu vejo quase todas as noites. - Ele falou em seguida. - Só não costumo me deitar no meio do gramado do Colégio pra isso. - Ele riu.

- Acha melhor nos levantarmos? - Olhei para ele e vi que o mesmo estava olhando para o céu.

- Não. - Ele respondeu calmamente. - É legal estar aqui com você. - Acabei sentindo minhas bochechas corarem e agradeci mentalmente por ele não estar olhando.

- Não é estranho pra você que a gente mal se conheça? Quer dizer... eu não sei nada sobre você, a não ser seu nome e o fato de ser filho da diretora. - Acabei deixando escapar.

- Bem... isso não me incomoda. Na verdade, acho interessante o fato de nos darmos bem sem nem nos conhecermos direito.

- Acha?

- Sim. E... acho que não valeria a pena nos conhecermos tanto, pois logo você vai embora, não é? - Ele deixou de encarar o céu e olhou pra mim.

- Ah... er. - Parei de encara-lo e olhei para o céu. Eu não sabia o que acontecia, mas eu não conseguia olhar nos olhos dele com ele me olhando por muito tempo.

Eu não tinha certeza, mas estava começando a pensar se seria uma boa ideia ficar. Talvez não fosse tão ruim, eu teria duas amigas, uma ótima professora de biologia, noites tranquilas que eu até posso parar para olhar as estrelas, e um tremendo gato que me deixa sem palavras só com um olhar.

Ta, esse pensamento foi péssimo!

- Escuta, você disse que a Amy e a Dana foram as únicas coisas boas que aconteceram com você aqui...

- Sim, por que?

- E o Erick? - Thomas me olhou com curiosidade.

- O que tem ele?

- Pelo que eu soube vocês também são amigos. Queria saber por que não mencionou ele. - Ele se sentou na grama e olhou pra mim.

- Ah... sei lá. Espera, como sabe?

- Os boatos correm rápidos aqui, Lua. - Thomas se levantou e estendeu sua mão para que eu pegasse. Eu olhei para sua mão tatuada e em seguida a peguei para me levantar.

- Falando em boatos, o que eu mais ouço falar aqui é que você não sorri pra ninguém. - Andei mais rápido para alcança-lo.

- O que tem isso? - Thomas colocou suas mãos no bolso da calça e permaneceu andando calmamente.

- Então, é verdade? Você realmente não sorri pra ninguém? - Cruzei meus braços, não porque estava irritada, mas porque estava com frio.

- Não é bem assim. Eu sorrio, e até rio, quando estou com meus amigos, com a minha mãe... com você. - Ele sorriu ladino pra mim.

- Não sorri pras garotas? - Thomas negou com a cabeça. - E por que não?

- É uma longa história. Você só precisa saber que eu não gosto de sorrir pras meninas daqui. - Ele respondeu, na verdade não respondeu né, eu continuei com o ponto de interrogação na minha cabeça.

- Mas... por que sorri pra mim? - O olhei e o mesmo abriu um sorriso sem mostrar os dentes.

No momento em que Thomas iria responder, alguém chegou chamando nossa atenção.

- Lua? - Olhei vendo Erick parado perto da gente, ele estava meio eufórico, parecia até que estava correndo.

- O que foi? - Perguntei, mas Erick demorou um pouco de tempo de mais para responder, ele estava encarando Thomas.

- Er... ah! - Ele pensou um pouco e só depois de um tempo se lembrou do que veio fazer. - Sujou! A inspetora apareceu lá e geral meteu o pé pro quarto. A Dana me pediu pra vir te procurar.

- Ah... - Assenti e olhei para Thomas.

- Vai lá. - Thomas assentiu sem sorrir.

Assenti novamente e segui Erick que deu uma última olhada para Thomas antes de me seguir.

- Lua? - Ouvi Thomas me chamando e parei olhando pra ele. - Er... não é nada. A gente se vê amanhã. - Ele respondeu rápido e em seguida saiu andando. Aquilo me deixou completamente confusa.

Resolvi ignorar quando vi que Erick estava olhando pra mim. Revirei os olhos e segui para o quarto onde Brooke, Amy e Dana estavam discutindo.

- Fala sério! A culpa foi toda sua! - Amy gritava.

- Minha?? Eu não tenho culpa se aquele idiota derramou pipoca na minha roupa! - Brooke debateu.

- Se você não fosse tão escandalosa, a inspetora não teria nos encontrado!! - Amy gritou novamente.

- Gente, vocês sabem que passa da hora de dormir, né? - Erick falou da porta. Ele não havia entrado.

- É o que to falando pra elas, daqui a pouco brota alguém aqui e vê a Amy fora do quarto dela, nenhuma de nós de pijama, Brooke suja de pipoca e o Erick no corredor do quarto das meninas. - Dana passou as mãos no rosto. - Não sei se vocês sabem, mas a única que quer se expulsa aqui é a Lua.

- Você ta certa. Discutir com essazinha aí não vai adiantar de nada. - Amy cruzou os braços e revirou os olhos.

- Eu tenho nome! - Brooke debateu.

- Você quer o que? Uma medalha? - Amy a encarou.

- Amy, vai pro seu quarto vai. Erick, você também. Eu já quebrei regras demais por hoje. - Dana falou passando a mão na cabeça.

- Ta. Mas amanhã a Lua vai ter que contar tudo o que rolou entre ela e o Tommy. - Amy piscou pra mim e eu entendi na hora o que ela pretendia: provocar a Brooke. Acabei sorrindo com isso.

Amy e Erick saíram dali e Dana fechou a porta.

- Vai me conta! Vocês ficaram esse tempo todo juntos. - Dana se sentou na minha cama com um sorriso animado.

- Você estava com o Thomas? - Brooke me encarou.

- Se o assunto fosse da sua conta, eu teria te chamado. - Falei olhando para a mesma que ficou vermelha de raiva na hora.

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Continua...

No Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora