16_ Terraço.

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O resto das aulas do dia foram tão tediantes como eu esperava. Aulas chatas com professores chatas acompanhados pela Brooke enchendo o saco a cada uma.

Era óbvio que eu não era a única incomodada, mas ninguém parecia ter coragem de reclamar com ela ou jogar uma cadeira naquela garota.

- Que cheiro é esse? - Brooke quebrou o silêncio que estava no quarto.

Dana estava sentada em sua cama lendo um livro e eu estava em pé de frente a minha cama. Eu havia acabado de aspergir meu perfume em meus pulsos.

Eu faço isso quando estou com saudades da minha mãe. Ela havia me dado aquele perfume a um bom tempo e eu amava o cheiro dele. Além de me lembrar dela.

- Meu perfume. - Respondi baixo segurando o pequeno vidro.

- É horrível! - Brooke se levantou e foi até a janela a abrindo. Sabe a vontade de empurrar dali? Então, eu tive.

- Não é horrível, Brooke. - Dana olhou pra ela. - É muito bom na verdade.

- Bom? Isso tem um cheiro péssimo! Com certeza é perfume barato. - Senti meu rosto ficar vermelho de raiva e meus punhos se cerraram automaticamente.

Eu me virei pra ela que estava perto da janela abandando as mãos como quem estivesse sentindo o pior cheiro do mundo e quis socar a cara dela. Mas eu queria ir pra casa amanhã. Soube que um dos castigos é ficar o fim de semana no colégio.

Eu cheguei até dar um passo a frente para ir até ela, mas me lembrei disso e fechei os olhos com força.

Ela não vale o meu fim de semana, ela não vale o fim de semana...

Repeti isso várias vezes na minha cabeça antes de sair do quarto batendo a porta.

Brooke me irritava constantemente e era um dos maiores motivos por eu jamais querer ficar aqui nesse colégio de malucos.

Comecei a andar pelos corredores macabros e escuros do Colégio. Já era noite e estava um frio tremendo.

Abracei meus braços numa tentativa de amenizar um pouco o frio e permaneci andando.

Enquanto eu caminhava pelo colégio, ouvi uns barulhos de passos e me esgueirei perto da parede para olhar o outro corredor. Não podia deixar ninguém me ver para não correr risco de perder minha ida pra casa amanhã.

Assim que olhei o corredor, vi perfeitamente uma silhueta masculina entrando em uma das porta do longo corredor e fechando a porta devagar.

Acabei dando ouvidos a minha curiosidade e fui atrás da tal pessoa. Talvez eu seja louca.

Pode ser um maluco.
Pode ser minha imaginação.
Pode ser o espírito de um aluno que morreu aqui.

Não duvidaria nada se esse colégio fosse mal-assombrado. A aparência horripilante já tem.

Dei de ombros e segui para a porta que eu notei nunca ter entrado. Era uma porta de ferro, com certeza não era sala de aula e muito menos o quarto de alguém.

- Será que eu entro? - Perguntei a mim mesma tocando a maçaneta na porta. - Eu não tenho nada a perder. Já to na merda mesmo.

Dei de ombros mais uma vez e abri a porta devagar tentando não fazer barulho, o que foi quase impossível, já que a porta era de ferro e era pesada.

Quando consegui abrir a mesma, vi que era uma escadaria. Coisa que eu achei totalmente estranho. A luz era bem fraca, tudo ali era empoeirado e também fedia um pouco. Acho que não era comum das pessoas entrarem ali.

Subi devagar aquela escada, que era gigante por sinal, parecia que eu estava subindo ali a 5 dias. Minha respiração já estava afobada e eu não aguentava mais. Se aparecesse algum espírito ali eu ia pedir pra ele me carregar, porque pra fugir eu não estava em condições não.

- Essa escada não dá em lugar nenhum não? - Suspirei desanimada enquanto subia devagar.

Me encostei na parede, sem dar a mínima de que ela estava toda empoeirada e respirei fundo. Eu sou muito sedentária, já estava arrependida de ter subido. Eu poderia continuar subindo sem saber se estava chegando, ou eu poderia descer tudo aquilo.

- Ai eu só faço merda. - Suspirei chateada. Poderia estar na minha cama agora.

Passei a mão no meu cabelo e olhei pra frente encontrando uma porta de ferro parecida com a lá de baixo entre aberta.

Abri o sorriso mais sincero de toda a minha vida e corri até a porta.

Abri ela bem devagar encontrando algo que eu definitivamente não esperava. Lá era meio que o terraço.

Era em cima do Colégio e dava para ver tudo, literalmente TUDO. A pequena cidade pacata que tinham poucas luzes acesas por ela, todo o território do Colégio que era cercado e principalmente, o céu totalmente estrelado.

- Uou. - Eu não era de ficar impressionada com coisas assim. Talvez a diretora esteja certa e ficar três dias sem meu celular me conectou mais com a natureza. - Ok, esse pensamento foi ridículo. - Ri de mim mesma.

- Lua? - Me assustei assim que ouvi alguém chamar o meu nome e olhei para o lado vendo Thomas em pé.

- Oi. - Respondi baixo tentando transparecer normal, e não que eu estava o seguindo feito uma maluca. Eu nem sabia que era ela. Mas eu deveria ter imaginado, quem mais poderia ser?

- O que faz aqui? - Ele deu uns passos devagar na minha direção.

- Ah.. eu... - Coçei minha cabeça mas parei de falar quando Thomas segurou meu braço direito me virando de lado. - O que foi?

- Shh. - O mesmo me mandou fazer silêncio enquanto olhava atentamente para meu braço. - Tem uma aranha em você.

- O QUE?? - Gritei e de imediato me sacudi feito uma louca. Eu odeio aranhas, assim como odeio escadas agora.

- Calma, Lua. - Thomas falou rindo tentando me segurar. Quando o mesmo viu que eu não pararia de me mexer, ele segurou meus ombros com força me fazendo parar.

Parei ainda com meu olhar assustado e encarei o mesmo que me olhava nos olhos. Thomas tirou sua mão de meu ombro devagar e tirou a tal aranha do meu braço.

- Já tirei. - Ele falou calmamente voltando a olhar pra mim. Eu teria agradecido, mas estava ocupada demais olhando pra ele.

Deus, como pode um cara ser tão lindo??

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Continua...

No Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora