Capitulo 1- Vácuos leves e tênis

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Gizelly Bicalho

Meu celular apitou em algum lugar da loucura que havia se tornado o meu apartamento. Tentei encontrá-lo rapidamente, mas a campainha tocando mais uma vez com mais recebidos me fez desviar a atenção. Minha mãe vinha com as embalagens empilhadas em seu colo, enquanto Jackinho latia atrás.

-preciso encontrar meu celular! - falei rapidamente enquanto ajudava dona Márcia a descarregar todas as embalagens no balcão da cozinha.

-Nada disso! A senhorita precisa comer. Eu juro por Deus que se você não sentar pra jantar e descansar por 30 minutos que seja, eu faço um escândalo na internet e conto tudo para os seus fãs. - ela disse rindo, mas eu não contrariei. Minha mãe seria totalmente capaz de algo assim.

Antes de começar a comer, peguei um dos sachês de ração que estava na geladeira e coloquei no pratinho do meu filho, afinal as crianças devem sempre serem alimentadas primeiro. Ele foi todo serelepe comer e assim eu pude sentar com tranquilidade pra ter o meu tão sonhado jantar.

Minha mãe parecia feliz enquanto falava sobre ter sido reconhecida ao descer pra ir até a farmácia. A "fama" estava sendo ótima pra mim, mas ver a mulher que é tudo na minha vida tão orgulhosa e feliz me deixava fora de órbita. Eu era muito grata por ter conseguido atender todas as expectativas dela.

-você acha que essa loucura toda vai começar a passar agora que o programa finalmente acabou ou está só começando? -ela perguntou enquanto comia.

-eu realmente não sei, mãe. É tudo tão novo. Mas acho que agora é que vamos começar a colher os frutos verdadeiramente. -sorri pensando em todas as coisas boas que já vinham me acontecendo. Me sentia tão abençoada. - eu vou aproveitar ao máximo e quando isso chegar ao fim, se chegar, quero saber que dei o meu melhor por todas essas pessoas que me acompanham.

Após o jantar dona Márcia ofereceu cafuné e um filminho juntas, ela sabe bem como mimar a filha. Claro que tudo que ela queria era me ver deitar por uns minutinhos e descansar, mas eu iria fingir que não estava percebendo sua tática. Nos deitamos coladinhos na minha cama de casal e deixei que ela escolhesse o que iríamos assistir. Poucos minutos depois eu já estava totalmente perdida no limbo do sono.

Um tempo depois acordei meio atordoada, era um pouco antes de 1 da manhã, segundo o meu relógio de cabeceira. Minha mãe não estava mais ao meu lado, provavelmente havia ido para o quarto de hóspedes pra conseguir um pouco de descanso também. Percebi que meu celular estava sobre a cama, ela com certeza o havia resgatado para mim no meio de toda a bagunça.

Antes mesmo de abrir as milhares de mensagens que havia no WhatsApp, resolvi dar uma passada no Twitter, afinal eu estava ficando mesmo viciada naquele rede social loooouca. Ao abrir o aplicativo, parecia que a loucura que ele normalmente era havia se intensificado 10 vezes e eu não conseguia sequer abrir uma notificação antes que mil outras novas aparecessem.

Todas as notificações pareciam me levar para uma mesma postagem, e só depois de alguns minutos de um celular travado, eu consegui ver do que se tratava. A minha deusa, musa inspiradora, havia me marcado em um post.

Isso mesmo, Rafaella Kalimann estava falando comigo através do Twitter. Levei alguns segundos pra compreender, ao que tudo indicava eu havia dado um belo de um vácuo naquela mulher. Senti um friozinho na barriga enquanto abria o WhatsApp rapidamente, rolando em todas as centenas de conversa até encontrar a que eu realmente queria.

"Titchela? Parece uma loucura falar com você por aqui! Meu Deus! Cê tá bem? Eu to com saudade, minha fia! Espero que você não se importe de eu ter conseguido seu número com os meus Contatos!"

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora