Conta Pendente - Girafa

Capítulo 12- Partidas e Reencontros

Gizelly Bicalho -

Uma vez me perguntaram qual foi a época mais feliz da minha vida e a minha resposta foi "felicidade são momentos, portanto você não vai olhar pra trás e encontrar um enorme período de tempo em que você foi completamente feliz, mas sim momentos de felicidade que se intercalam com dias difíceis, com problemas pesados e isso é a verdadeira felicidade."

Estar ali com Rafa naquela manhã significava um momento de felicidade, mas sabia que em poucas horas estaríamos separadas novamente e aí entraria os momentos difíceis. Assim era a vida, mas isso não significava que não estávamos com medo.

Tomamos café da manhã tranquilas, Rafa cozinhou pra mim e eu achei a coisa mais fofa do mundo. Estávamos, propositalmente, evitando o grande elefante na sala, mas de certa forma isso mantinha o clima leve entre nós duas.

-Posso levar essa camisa comigo? -perguntei sem jeito quando saí do banho algum tempo mais tarde. -Pra lembrar de você.

Ela apenas deu um sorriso antes de me envolver em um beijo rápido, mas cheio de sentimentos. Seus braços em volta da minha cintura me prenderam ali por alguns instantes, querendo atrasar a nossa despedida iminente.

-Quantos dias você fica aqui ainda? -perguntou.

-Dois ou três, as coisas em Vitória estão precisando de mim e também estou morrendo de saudade do meu filho. -Jackinho com certeza estaria bravo pela minha ausência. -Ele é muito sentimental, sabe?

Rafa me puxou para um novo abraço quando eu já estava completamente vestida e pronta para ir. Seu rosto se encaixou na curva do meu pescoço, ficamos naquela posição apreciando uma a outra, era hora de ir.

-Eu gosto muito de você, Gi. -ela falou ainda sobre a pele do meu pescoço. -Não tem distância no mundo que mude isso, entendeu?

-Vou embora já esperando a vez em que vou te ver de novo. -puxei seu rosto pra que pudesse olhá-la nos olhos. -Não me esquece.

-Nem por um segundo. -foi a resposta dela antes de me beijar.

~ ~ * ~ ~ * ~ ~ * ~ ~

Três semanas depois...

-Eu juro por Deus que se vocês não fizerem silêncio, vou enfiar esses papéis em lugares nada agradáveis dos seus respectivos corpos! -esbravejei enquanto três pares de olhos me encararam. -Tô tentando me concentrar nisso aqui!

-Gi, você tá há uma hora lendo a mesma página do processo, se tem algo te desconcentrando, não somos nós. -Tabata disse segurando o riso.

Eu precisava repassar alguns dos meus processos para que Tabata fizesse as representações da melhor maneira possível, já que eu não estava conseguindo devido a minha agenda apertada. Nós quatro tínhamos decidido ir até o escritório para resolver isso e alguns assuntos pendentes, mas as três matracas simplesmente resolveram fofocar enquanto eu fazia todo o trabalho.

-Iiih, não sei que tanto mau humor é esse. -Letícia reclamou jogando uma bola de papel em mim. -Nem estamos falando alto, sua maluca.

-Mas essa fofocaiada aí tá tirando a minha concentração! -Larguei as folhas em cima do birô e passei as mãos pelo rosto. -Que saco!

-Liga não, Lê. -Tais disse rindo da minha cara. -Esse mau humor aí tem nome e sobrenome... Ela tá sofrendo por amor.

Foi a minha vez de jogar um papel amassado, que Tais logo desviou rindo. Olhei meu celular rapidamente, desbloqueando só para constatar que, de novo, não havia nenhuma mensagem dela.