Capítulo 14 - Nós

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Gizelly Bicalho

Acordei antes dela e passei um tempo apenas ali ao seu lado, admirando a beleza que corroía tudo ao redor. Mesmo dormindo, a presença de Rafa Kalimann era impactante, severa. Nunca passaria despercebida.

As lembranças da noite passada ainda rondavam minha cabeça, quase que como um delírio. Eu poderia viver mil anos e ainda assim lembraria do exato momento em que ela olhou nos meus olhos e me pediu em namoro. Era tão simples e tão banal hoje em dia, mas pra mim significava muito. Sempre fui muito intensa em meus relacionamentos, sempre entreguei demais e recebi de menos. Vê-la colocar tanto sentimento em gestos e momentos tão singelos me deixava completamente apaixonada.

-Eu diria sim mil vezes.

Sorri para mim mesma lembrando-me da minha resposta. O sorriso que cresceu em seus lábios foi uma das coisas mais lindas que eu já vi na minha vida.

Sabia que precisava iniciar meu dia, queria preparar um café na cama para a mulher adormecida ao meu lado, queria cuidar dela com todo o carinho que merecia, mas meu corpo se recusava a se afastar, quase que por instinto. Então permaneci ali, velando seu sono, imaginando as milhares de possibilidades que viriam a partir desse momento.

* ~~~ * ~~~*

O dia foi bastante tranquilo e curtimos ele praticamente inteiro na cama. Queria mostrar minha cidade e meu estado a ela, queria levá-la a lugares incríveis que só se tornariam ainda mais incríveis com a sua presença, mas não podíamos. Estávamos enclausuradas no meu apartamento e assim seria por todos aqueles dias. Não era como eu desejaria que fosse, mas não queria colocar muita pressão e pensamentos sobre isso.

Decidimos que chamar minhas amigas para uma cerveja e algumas músicas era uma boa oportunidade. As duas fofoqueiras não viam a hora de presenciar tudo com seus próprios olhos e Letícia queria muito se gabar como o seu plano de cupido havia dado certo. Então pouco depois do início da noite eu tinha as três folgadas junto a mim e Rafa no meu apartamento.

-Cês não tem ideia o surto que ela deu quando me viu parada na porta. -as quatro continuavam rindo enquanto Rafa relatava o meu breve surto do dia anterior. -Gizelly me deixou minutos incontáveis parada do lado de fora do apartamento enquanto ela rodava de um lado pro outro.

-Não inventa, Rafaella! -joguei um pano de prato nela enquanto mexia na panela que estava no fogo. -eu posso ter surtado um pouco, mas a primeira coisa que eu fiz foi beijar essa sua boca gostosa.

Houve gritinhos e alguns momentos de zoação entre nós. Era a vez de Rafa ficar envergonhada, colocando as mãos sobre o rosto a fim de esconder o tom vermelho de suas bochechas.

-Liga não, Rafa. Ela é escrotinha assim, mas na maioria do tempo é legal. -Taís disse me zoando.

Depois de comermos nos amontoamos no sofá da sala e pelo chão, a playlist na TV tocava de tudo um pouco e continuávamos no nosso mundinho interno rindo e bebendo. Era maravilhoso saber que Rafa tinha se dado tão bem com as minha fiéis escudeiras e que mesmo sendo quem era, parecia se encaixar perfeitamente no meu mundo e na minha realidade.

-Mas então, Gizelly... -Tabata iniciou e eu sabia que coisa boa não estava por vir. -Você ficou me enchendo o saco por meses por conta do Ari, falando sobre como eu deveria tomar a iniciativa de iniciar um relacionamento oficial.

-Iih, é verdade! Bota pilha em todo mundo, mas surta quando o rolo aparece na porta de casa. -Letícia continuou com a provocação. -Quero saber quando é que você vai criar coragem e pedir a Rafa em namoro.

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora