Capítulo 4- Sob O Teu Olhar

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Gizelly Bicalho - algumas semanas depois -

-Gizelly, eu juro por Deus que se você repetir mais uma vez as coisas que eu tenho que fazer, eu vou jogar outra sandália na sua cara! - Tabata fala ríspida, mas com humor, enquanto fechávamos a minha mala.

Estava me preparando pra minha primeira viagem a trabalho em São Paulo. A Pandemia já havia acabado há duas semanas agora e aos poucos nossas vidas se arrumavam gradativamente.

-Tá bom, tá bom! Desculpa se eu sou uma pessoa responsável e quero deixar tudo organizado antes de sair. -ela revira os olhos para o meu drama- Se vira então pra deixar tudo no ponto.

-As vezes ela esquece que tomamos conta da vida dela por três meses! - Letícia fala entrando no quarto, trazendo a minha bolsa que deveria estar perdida em algum lugar do meu apartamento.

-Inclusive, eu quero aqui revogar o meu lugar de amiga de famosa. O trabalho que dá isso, meu pai! -Tais, que estava deitada na minha cama enquanto fazíamos todo o trabalho pesado disse.

-Mas o que é isso agora? Vocês tão de complô contra mim? Eu hein? - as três riram e eu continuei fazendo pose de séria- e você, dona Taís, pode tá parando de falar ai que eu bem sei que você adora os biscoitos que te dão.

O clima estava descontraído e era tão bom estar reunidas com elas novamente. A presença física das minhas amigas não era algo tão distante, já que em muitos dias trabalhávamos juntas, mas Taís havia passado toda a quarentena na Bahia e isso limitou um pouco nosso contato.

Meu voo saía em menos de 3 horas e confesso estar um pouco receosa sobre o que estava por vir. Óbvio que agora era um pouco mais fácil lidar com a mudança que havia acontecido na minha vida e carreira, mas ter algo tão palpável e concreto, depois de todo o isolamento social que tivemos, era um pouco assustador.

-Tem certeza que nenhuma de vocês querem ir comigo? Eu até posso tá pagando a passagem. Não sei se consigo fazer isso sozinha. -as três se entreolharam e correram pra me abraçar, me enchendo de beijos e fazendo com que caíssemos na gargalhada juntas.

-É claro que você ia tá pagando a passagem, tá louca? Até parece que eu ia tirar do meu dinheiro! -Tabata é a primeira a se manifestar e as outras duas vão junto em concordância.

-Meu Deus, mas vocês não largam de pão duragem mesmo, né? Onde foi que eu vim amarrar meu burro, senhor? -peguei a alça da mala e passei sobre o ombro. -acho que é hora da gente ir, quero comer algo no aeroporto ainda antes de embarcar, porque de novo esqueci de fazer compras.

Nós quatro entramos no meu carro e iniciamos o percurso que não era tão longo até o aeroporto. A música sertaneja já se fazia presente antes mesmo de deixarmos a garagem do prédio.

A cantoria logo se iniciou e junto um monte de risadas a cada vez que eu errava a letra da música ou tentava puxar uma nota mais alta, causando uma desafinação tremenda.

-eu ainda não entendi porque estamos as 4 indo deixar a Gizelly no aeroporto! Não bastava ir uma das três? - Taís questionou já quase na metade do caminho. -to até agora sem entender porquê fui tirada da cama antes das 7h da manhã!

-Ninguém queria ser a escolhida, então decidi que as três iriam sofrer juntas pra ficar equivalente. -Letícia disse como se estivesse fazendo um pronunciamento normal!- e nem pense em reclamar sobre isso, o assunto já foi encerrado antes mesmo de começar.

O resto do percurso foi feito entre risos e cantorias. Eu amava dirigir, ainda mais quando aquelas três loucas eram minhas companhias. Confesso que estava um pouco nervosa com esse novo passo na minha carreira e ter elas ao meu lado passava uma sensação de normalidade que era o que necessitava no momento.

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora