Capítulo 24 - Eu feri o anjo que havia em você

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Rafa Kalimann - 7 meses depois

-Eu amo você e lutar pelo nosso amor foi a coisa mais gratificante que fiz nada vida. -disse olhando nos olhos castanhos que me encaravam bem de perto.

-E... corta! -o diretor finalizou a cena nos dando um sorriso carismático. -Vocês foram ótimos, nem acredito que finalmente terminamos.

Eu tinha chegado ao fim das gravações da minha primeira minissérie pela Globo. Depois de meses empenhada entre estudar o texto, fazer a preparação para o papel e gravar, havia sido um longo caminho e, de certa forma, estava feliz por ter conseguido desempenhar bem o meu trabalho.

Suspirei enquanto entrava no camarim com meu nome e me olhei no espelho. Meu reflexo demonstrava uma mulher totalmente diferente do que costumava ser há alguns meses atrás. Bonita, profissionalmente realizada, carreira de atriz finalmente decolando, maior influencer digital do país... ainda assim uma mulher completamente vazia. Ainda assim parte de mim lamentava todos os dias tudo que eu perdi, lamentava pela falta dela.

Conforme a minha carreira foi decolando, mas ainda fui escondendo a verdadeira Rafaella, as minhas vontades, as minhas decisões, os meus quereres, tudo ficava em segurando plano e isso me sufocava de um jeito que parecia impossível respirar. Eu era uma mulher que sabia onde estava a felicidade, mas era covarde demais para tentar buscá-la.

—Pronta pra ir? -a voz do meu irmão soou ao meu lado enquanto ele adentrava ao camarim. —Marcella disse que você pode descansar o resto do dia hoje, está tudo sob controle.

—Obrigada, Tato. Podemos ir sim, vou só arrumar as minhas coisas. -comecei a pegar os meus pertences que estavam espalhado por todo lugar, afinal não voltaria ali tão cedo, ainda não havia fechado nenhum outro trabalho de atuação por enquanto.

Tato me ajudou e andamos tranquilos e em silêncio até o carro. Cumprimentei algumas pessoas pelo caminho, agradecendo por todo o carinho com o qual eles me haviam recebido. Nos veríamos novamente na festa de estreia da minissérie, mas até esse era o nosso "até logo".

O percurso para o hotel foi tranquilo e eu teria uma bela e aguardada noite de sono até o meu voo que seria amanhã. Voaria para São Paulo para organizar algumas coisas e então para Goiânia onde ficaria alguns dias em uma mini férias muito necessária.

—Ei cabeção, por que tão pensativa? -Tato riu e desviou o olhar da estrada rapidamente para olhar para mim. —Nostalgia por ter acabado?

—Sua cabeça não é muito menor que a minha não, tá? -brinquei de volta. —Um pouco de nostalgia, mas também algumas reflexões sobre a vida. Foi um papel... difícil de fazer, ela era tudo que eu queria ser. Forte, decidida, corre em busca do que quer.

—Você é essa pessoa, Rafa. Olha tudo que construiu, todas as pessoas que você ajudou. -tentou me confortar. —Sua força é incrível, muito maior do que a de muita gente que conheço. Tenho tanto orgulho de você, se quer a minha opinião, eu acho que esse papel combina muito com a pessoa que é.

—Queria me ver com esses olhos, Tato. Mas a verdade é que não me reconheço mais. -disse de forma triste, todas as decisões erradas pensado em mim como um fardo. —A Rafa que restou hoje não é nada da Rafa que imaginei ser.

Após um longo banho e um jantar rápido, fui até o escritório que havia ali no meu próprio apartamento para tentar ler alguns contratos que Marcella havia deixado, entretanto minha mente não conseguia focar em nada, os pensamentos indo e voltando em uma onda forte que empurrava sempre de volta para o passado.

Depois da festa do BBB não vi a Gizelly, mas ela esteve em minha mente em absolutamente todos os dias. Pensar nela trazia dor, mas as nossas lembranças eram tudo que havia me restado e, vez ou outra, me pegava sorrindo para o nada enquanto recordava nossos momentos juntas.

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora