Capítulo 5 - Sob O Teu Olhar - pt 2

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Rafa Kalimann-

Castanho.

Olhos castanhos.

Para muitos seja, talvez, a cor mais comum de todas. Pra mim? Parecia como a beleza mais pura do mundo.

Encarei aqueles olhos por incontáveis instantes. Eles me atraiam de uma forma inexplicável, ao mesmo tempo em que me acolhiam de uma maneira calorosa. Que mistérios existiam ali? Que mistérios existiam nela?

-Por que você tá me olhando desse jeito? -Gizelly perguntou sem graça, percebendo que eu estava petrificada enquanto me perdia no seu olhar. -Eu disse algo errado?

-Não, claro que não! -tratei logo em assegurar. -Só estava pensando em como é bom te ter na minha vida.

Nos encaramos mais uma vez. Era como imã, como se algo sempre me atraísse até ela, seu rosto, seus olhos, o jeito que ela sorria... Por que Gizelly despertava tantos sentimentos bons em mim? Por que era tudo tão conflitante e novo?

-Vai ver esse era o nosso propósito, sabe? -ela disse baixinho, seu tom roco acentuado. -Eu gosto de pensar que o destino reservou essas surpresas pra mim.

Sorri porque talvez fosse verdade. Talvez alguém lá em cima tivesse mexido alguns pauzinhos e trazido essa mulher para minha vida com algum propósito. Só me restava saber qual.

-Talvez você tenha razão. -disse simplesmente.

Sua mão tocou meu rosto de uma forma delicada e tirou algumas mexas que teimavam em tapar a minha visão. Seu sorriso era tímido e seus gestos lentos, mas ao mesmo tempo ela parecia nervosa. Com precaução e aquele olhar caloroso ainda em mim, se aproximou e deixou um beijo delicado no meu rosto. Demorando ali mais do que o normal.

Fechei os olhos deixando a sensação percorrer todo o meu corpo, um misto de adrenalina e calmaria dominando minhas células. Não se parecia com nada que eu tivesse sentido até aqui em toda a minha vida.

Era tudo diferente...

-Nunca tive tanta certeza sobre algo. Não foi por acaso, Rafa. -ela disse depois se se afastou, meus olhos ainda estavam fechados aproveitando a sensação. -Eu sei que não.

Após deixar o apartamento com uma promessa que nos falaríamos em breve, dirigi pelas ruas de São Paulo com o coração inquieto. O trânsito do lado de fora do carro se parecia muito com a bagunça que eu sentia dentro de mim, principalmente no meu coração.

Já em casa, meus pensamentos ainda corriam soltos quando eu depositei as chaves no móvel ao lado da porta e sentei no sofá pensativa. As sensações  totalmente misturadas e aquecidas em mim. Suspirei profundamente, a carga emocional me deixando cada vez mais confusa e inquieta.

Ainda assim, quando lembrei da nossa conversa e do beijo singelo que ela havia depositado no lado direito do meu rosto, um sorriso bobo surgiu.

-Viu um passarinho verde por onde andou? -Marcella entrou a sala me tirando do pequeno transe em que eu me encontrava. -Posso saber o motivo dessa cara de boba assim do nada?

-Será que eu perdi mesmo o respeito aqui? -Fingi indignação. -Não tem nada de cara de boba, só peguei um trânsito horrível nesse horário de hush e tava aqui descansando a mente antes de iniciar a minha noite. Eu posso?

Decidi não encompridar conversa, afinal não havia muito o que falar. O que eu diria? Que estava feliz demais por ter uma amiga como a Gizelly? Que me sentia completa por, finalmente, reencontrá-la depois de meses? Preferi guardar tudo pra mim.

Aproveitando que Marcella passaria aquela noite no meu apartamento porque o dela estava em manutenção, decidimos resolver algumas questões de trabalho enquanto cozinhávamos um jantar. As horas passaram rápido em meio a ingredientes e planejamentos para os próximos passos da minha carreira.

O intrigante era que mesmo com a agitação da noite, volta e meia me pegava pensando nela, nos olhos, na forma que ela sorriu quando a gente se reencontrou. A verdade era que eu queria que ela estivesse aqui, que essa cozinha estivesse sendo ocupada pela presença irreverente dela e que nós pudéssemos conversar durante toda a noite.

-Rafa, tá tudo bem mesmo? -Marcella sentou ao meu lado depois de guardar a louça que eu havia lavado. -Cê tá toda avoada.

-Quem é a sua melhor amiga, Marcella? -Perguntei curiosa, talvez outras pessoas tivessem a mesma sensação.

-Você? -ela soltou uma risadinha. -Eu não sei, Rafa. Não sou de muitos amigos, mas os que tenho são tão próximos, tão amados. E tem você, né? Estamos juntas o tempo todo, passamos por muita coisa lado a lado. Por quê?

-Cê é uma das minhas melhores amigas também. -afirmei dando um abraço meio desengonçado nela, já que estávamos de lado. -As vezes algumas pessoas trazem um sentimento bom pra gente, né? Como se colocasse todas as coisas nos seus devidos lugares.

Marcella confirmou com um aceno de cabeça, mas sua expressão não era de quem estava entendendo o que eu queria dizer. Parecendo cansada, ela me deu boa noite e se encaminhou até o quarto de hóspedes.

Peguei meu celular e tratei de ligar pra Manu, já que sabia que se mandasse uma mensagem só seria respondida três dias depois.

-Rafaella, por que você está me ligando? -ela disse quando atendeu. -Quem faz ligações hoje em dia? Isso é tão antiquado! Não há nada que uma mensagem não possa resolver, a menos que alguém esteja morrendo.

-Quanto drama, Maria Manoela! -ela bufou e eu poderia jurar que estava revirando os olhos nesse exato momento. -Te liguei porque se não for assim, você não me responde.

-Em minha defesa... eu estava em um momento criativo, longe de tudo e de todos. Mas pra você posso abrir uma pequena exceção porque sei o motivo desta ligação. Ela tem nome e sobrenome e se chama Titchela Bacon!

Era claro que ela sabia, Manu sempre sabia de todas as coisas. Depois de deixar bem claro que não havia gostado nadinha dela e Gizelly agirem pelas minhas costas e me esconderem a vinda da capixaba até São Paulo, colocamos um pouco da conversa em dia e combinamos o tão aguardado vinho no tapete. Não poderíamos desperdiçar essa chance de aproveitar a estadia da nossa bravinha favorita na capital paulista.

Manu ficou encarregada de combinar com a Gi os detalhes, ela cozinharia pra gente e eu prepararia um bolo, tal como nossa rotina no BBB. A baixinha doaria o espaço e a bebida, fazendo assim a combinação perfeita.

Eu estava mais que animada com o encontro que aconteceria depois de amanhã e esperava que nada desse errado no nosso combinado.

Após finalizar a ligação, tomei um banho longo e deitei na cama já com o celular na mão. Abri meu Instagram pra desejar uma boa noite aos meus seguidores e gravei alguns stories também sobre as novidades que estaríamos lançando nos próximos dias.

Entrei no perfil da Gi e vi que ela tinha postado stories recentemente. Cliquei e a primeira imagem que apareceu era uma  de São Paulo, provavelmente a vista do apartamento da Marcela e a seguinte era a Gi e a Marcela juntas em uma selfie.

Os próximos stories eram ela falando sobre o dia, sobre os projetos e sobre a carreira. Mais uma vez me peguei sorrindo das coisas que ela dizia e da maneira engraçada que ela se portava. Uma gargalhada escapou quando no story seguinte ela parecia mostrar as coisas caras da Marcela enquanto reclamava do preço de tudo.

Quando o último story apareceu, o sorriso que eu estampava desapareceu e uma sensação estranha cresceu dentro de mim. A imagem era um pouco escura, mas ainda assim bastante nítida. Gizelly estava deitada no colo da Marcela, enquanto a mesma acariciava seus ombros e um pouco de suas costas em forma de boomerang. Bloqueei o celular e o coloquei de lado, a imagem deixando um gosto amargo no fundo da garganta.

Respirei profundamente e virei de lado pra dormir. Aquela foi a primeira noite depois que eu sai do BBB em que eu não desejei boa noite à Gizelly.

N/A:

Voltei!!! Sei que tinha dito que seria em breve, mas as coisas foram um pouco loooucas essa semana. Acho que temos alguém com ciúmes talvez? No próximo capítulo teremos o evento tão aguardado, mais conhecido como: Vinho no tapete da Manu. Garanto a vcs que serão muitas emoções! Até a próxima 💕

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora