Capítulo 17 - Ruína

3.6K 333 136
                                    

Gizelly Bicalho

-Mãe, não podemos falar outra hora? To chegando agora no hotel. -equilibrei o celular entre o ouvido e o ombro enquanto passava o cartão na fechadura da porta do quarto.

-Dormiu na casa da Rafa? -perguntou curiosa.

Por um segundo me perguntei como ela sabia, mas logo entendi que ela havia deduzido depois de ver o que postamos juntas ontem a noite. Respirei fundo, tentando manter a calma pra tornar aquela conversa o mais casual possível. Sabia que a inquisição viria.

-Sim, mãe eu dormi lá. Era só isso que você queria saber? -falei um pouco mais ríspida do que pretendia. -Eu realmente preciso começar o dia de trabalho.

Enquanto estava no telefone, procurava uma roupa mais formal na mala para a reunião que teria dali há algumas horas, na tentativa de não me atrasar. Felizmente tinha trago tudo organizado e a escolha não foi muito difícil.

-Gizelly as pessoas estão começando a falar de vocês... -ela me repreendeu.

-Mãe, as pessoas estão falando de nós há bastante tempo! -retruquei sem paciência. -Não vou me preocupar com isso.

-Primeiro foi com a Marcela, com a Ivy e isso com a Rafa está saindo do controle. Está em todos os sites de fofoca. Ela foi mesmo até Vitória te ver? -minha mãe estava notoriamente chateada. -Não te incomoda rotularem você de algo que não é?

Aquela última frase me pegou desprevenida, me fazendo soltar um suspiro frustrado mais alto do que eu esperava. Além dos momentos iniciais, o fantasma da aceitação nunca havia batido na minha porta de forma tão direta, todo mundo que sabia da nossa relação tinha recebido de uma forma tão incrível. Era difícil lidar com a primeira possível rejeição e isso me assustou.

Não queria mentir, não fazia parte de mim esconder as coisas ou vestir um personagem, mas também não queria ter essa conversa por telefone, a quilômetros de distância e sem nenhum preparo emocional pra ela.

-Eu te fiz uma pergunta, Gizelly! -Meu momento de hesitação deu a ela toda a munição que precisava pra me bombardear. -Não acredito nisso!

-Mãe, olha só...-respirei fundo, procurando uma melhor saída para aquele momento. -Eu só não quero falar disso agora, tá? Tenho um dia cheio, preciso resolver várias coisas, meu trabalho está me esperando. Quando eu voltar para o Espírito Santo prometo que a senhora vai ter todas as respostas que quiser.

Não dei muito tempo pra que ela questionasse e desliguei a ligação sem delongas. Não queria lidar com isso agora, minha noite tinha sido agradável, Rafa e eu finalmente havíamos nos acertado e não queria nenhuma notícia ruim estragando meu dia. Bom, a minha paz de espirito durou apenas cinco minutos antes que, mais uma vez, meu celular começasse a explodir em notificações com mais uma fofoca nos envolvendo.

Minha cabeça começou a doer, parecia que o mundo todo estava conspirando pra tentar me abalar. Mandei uma mensagem pra Rafa, ela provavelmente já sabia de tudo também e deveria estar chateada com toda essa pressão, mas ela não me respondeu. Peguei o celular rapidamente e, de maneira impensada, decidi resolver aquela situação de uma vez.

Hello, hello meus furações! Mais um dia de trabalho aqui nessa cidade linda que é São Paulo! Olha só, parece que meu nome tá docinho nessas páginas de fofocas, né? Gente eu dormi lá na Rafa mesmo, a gente tava batendo um papo, tomando uma verdinha que eu tanto gosto e acabou ficando tarde. Essa cidade é perigosa, sabia? Mas foi isso, duas amigas matando a saudade, fofocando... Agora que já tá tudo esclarecido, vou começar meu dia porque VEM AÍ muita novidade!

Conta Pendente - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora