Valor a Fiel

01°

Tô de copão na mão, curtindo um bailão sarrando tua filha🎶

Isa como sempre com o som alto dela, tô te falando, eu desisto de chamar essa garota, implora pra mim voltar a morar no morro e até marca de me mostrar as coisas que mudou aqui, mas quando chego a bixa nem me escuta chamar! Do nada sai um moleque da casa da Isa e ele me olha dos pés a cabeça, ixi meu filho, perdeu foi?!

Xxx: quem é tu?- pergunta cruzando os braços na altura do peito
Eu: eu quem te pergunto, quem é tu?- pergunto cruzando os braços na altura do peito, conheço esse moleque de algum canto
Xxx: Grego sub dessa porra- fala e eu penso um pouco
Eu: Marcos?- pergunto confusa- moleque tu virou bandido?- pergunto erguendo uma sobrancelha- eu te falei pra não entrar nessa vida- falo e encho ele de tapas, o doido só se protegeu me olhando estranho
Grego: oxe fia, tá mandada caraí?- fala segurando meus pulsos e eu dou risada
Eu: sério que nem reconhece mais a melhor, poxa chateada- falo e ele me olha estranho mas logo arregala os olhos
Grego: cresceu nada tu- fala e me puxa para um abraço- que saudade porra, enricou e esqueceu dos pobres parece- fala e eu dou risada
Eu: queria eu ter enricado, mas fala ae, cadê o Victor? O Pedro?- pergunto apertando ele no abraço
Grego: devem tá tudo lá na boca, bora lá
Eu: pera ae, OH ISABELA VAI TOMAR NO TEU CU QUE EU VOU NA BOCA COM O MARCOS- grito e ela aparece na porta com um vestido soltinho e havaianas
Isa: bora logo projeto de puta- fala e sai me arrastando pra boca enquanto o Grego anda atrás da gente rindo que nem retardado mental, assim que chegamos na principal vejo de longe a peste bubônica do Pedro na porta bebendo uma cerveja e fumando um negócio que parece ser um baseado.
Eu: então o senhor tá se drogando é fí de peste?
Pedro: da onde tu saiu peste?- pergunta me olhando confuso
Eu: sou a nova moradora, tá sabendo não?
Pedro: sabia nem que tinha moradora nova- fala e eu dou risada- saudade de tu caraio, foi morar no asfalto e esqueceu que tem família- fala meu irmão como sempre fazendo seu típico drama
Eu: esqueci um caralho, só não vinha visitar vocês por causa do Terror e tu sabe disso- falo e ele abaixa a cabeça.

Terror é meu ex marido, comecei a namorar com ele eu tinha 14 anos, fomos morar junto quando eu tinha 15 anos, nos dois primeiros anos foi só amor, no terceiro ano ele assumiu o morro, de boa, dois anos de mais amor ainda, a dois anos atrás, no ano novo. Tava tendo baile para comemorar a virada e ele sumiu, eu nem liguei, confiava no marido que tinha, fui no banheiro bem de boa mas o que eu vi quando entrei naquela merda de banheiro fodeu toda a minha vida, todo o nosso relacionamento, ele estava transando com a Victória, uma puta aqui do morro que só serve pra marmita, pode ser arrogância da minha parte falar assim de outra mulher, mas porra... O que ela fez comigo e com muitas outras mulheres não tem perdão, eu tenho raiva, mágoa, ódio dessa mulher, nem sei se ela ainda mora aqui, espero que não né?! Caio, ou melhor dizendo, Terror, era e é melhor amigo dos meninos ainda eu acho, sei que meu irmão e mais dois amigos dele desceram a porrada no Terror e eu fui embora do morro, não voltei com medo do que iria encontrar, mas agora, depois de dois anos fora resolvi voltar por livre e espontânea insistência da Isabela, nunca mais ouvi falar dele e espero continuar assim! Ainda gosto dele, aliás, sou trouxa, corna mansa, gado, fazer o que né?! Mas voltar eu não volto não, nem que me paguem, minha saúde mental não vale isso não! Não há bolsa da Gucci que pague meu sossego!

Pedro: Lore, o Terror morreu semana passada na última invasão que teve- fala e eu dou um passo pra trás colocando a mão na boca assustada, eu fiquei sabendo dessa invasão, soube que teve vários mortos mas não sabia que haviam tomado o morro- você tá bem Lorena?- pergunta e eu sinto meus olhos enchendo de lágrimas- ALGUÉM TRAZ ÁGUA PRA ELA AQUI, A MINA TA PASSANDO MAL CARAIO- grita e o Marcos entra na boca correndo enquanto a Isa me abraça
Eu: não é verdade Isa, diz que não é verdade, ele me traiu mas não merecia morrer numa invasão, ele era uma pessoa boa Isa, ele fazia o bem pra todos os moradores dessa favela- falo e ela me aperta no abraço enquanto eu choro no seu ombro- eu amo ele Isabela, não pode ser, o meu Caio não Isa, por favor- falo e ela me aperta mais no abraço, não sinto mais as minhas pernas e assim que a Isa afrouxou o abraço eu caí de joelhos no chão chorando horrores.
Pedro: calma Lorena, respira, bebe essa água aqui- fala e me dá o copo e eu bebo um gole- o Relíquia é gente boa, o Terror mudou pra caralho depois que você foi embora, eu e os meninos nos afastamos dele até, Lorena você pode dizer que não, mas a morte dele foi merecida- fala e eu nego com a cabeça enquanto bebo a água com açúcar que o Marcos trouxe
Eu: ninguém merece morrer assim numa invasão Pe- falo mais calma- o Terror que eu conheci era alegre, fazia o bem para todo mundo, independente se ele me botou gaia ou não, eu tenho que reconhecer a pessoa maravilhosa que ele era- falo e ele nega com a cabeça
Xxx: o que tá acontecendo aqui?- pergunta brotando do nada... Gente que boy bonito, foca no drama Lorena, foca minha filha
Marcos: nada não Relíquia, a mina descobriu agora que o Terror foi pro forno- fala e eu olho assustada pro Marcos
Eu: pro forno? Não foi tiro? Aí Jesus amado- falo voltando a chorar no peito do meu irmão
Pe: porra Lorena, chega! Depois que tu foi embora o cara virou outra pessoa, tava estrupando crianças, uma delas era a filha do Relíquia e o Terror matou depois de abusar da menina, ela tinha três anos caralho, ele começou a matar e bater nos moradores sem motivos, estrupa a qualquer um que se mexesse, estrupava homens no meio do povo só pra humilhar os caras, porra, se você quer chorar por um lixo, chore mas chore bem longe de mim- fala e eu o olho assustada
Eu: ele fez tudo isso?- pergunto e ele confirma com a cabeça.

Levanto do chão, seco meu rosto e arrumo meu cabelo, respiro fundo, arrumo minha regata, minha calça e pronto.

Eu: pronto, cadê o puto do Victor?- pergunto olhando em volta os vapores que me encaravam confusos
Victor: cheguei, tá fazendo o que caralho? Oxi, a bonita resolveu aparecer- fala e me abraça- saudade caralho, some assim mais não porra, oxi- fala e eu dou risada apertando ele no abraço