Capítulo 6

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Alfonso

Fúria me consome, eu vejo tudo vermelho e nesse momento sei que se encontrar esse filho da puta, eu não vou levá-lo a justiça, eu quero matá-lo por todo mal que fez ao meu anjo e tantas outras garotas indefesas.
-Eu quero uma localização, anjo. Preciso saber onde fica essa comunidade, vou passar as informações para o meu superior em Seattle e fazer esse desgraçado pagar por todos os seus crimes. Eu adoraria por fim a vida dele, mas prefiro estar ao seu lado e te manter segura.
Vejo um brilho em seus olhos e ela sorri. Céus, ela fica ainda mais linda sorrindo!
Uma batida soa na porta e o sorriso desaparece do rosto do meu anjo, toda a cor sumiu de seu rosto e medo estampa seus olhos.
-Não deixe eles me levarem. - o sussurro é tão baixo que quase não ouço.
-Nunca, você é minha e prometo te proteger com a minha vida. - beijo sua testa e aponto para o quarto - Vá e só saia de lá quando eu te chamar.
Outra batida vêm mais insistente e ela corre para o quarto. Eu pego minha arma em cima da lareira e a coloco em minhas costas antes de abrir a porta.
-O quê? - meu rosto ainda está contorcido pela raiva e sei que minha voz soou assustadora.
-Olá - um homem de uns quarenta anos começa - Estou procurando minha filha, o senhor por acaso a viu? Ela se perdeu ontem a noite e não consigo encontrá-la.
Ele me mostra uma foto de Anahi e finjo verificar.
-Não, não vi essa garota, para falar a verdade, não saí da cabana desde ontem a tarde, precisaria ser muito louco ou desesperado para sair com aquele tempo.
O homem esclarece a garganta, parecendo desconfortável.
-Ela queria ver o lago a noite, nós...nós estamos acampando do outro lado do lago e acho que...que ela se distanciou e...não percebeu.
-Se eu a ver, a levo até vocês. Onde mesmo estão acampados? Não consigo ver a cabana de vocês.
Ele fica visivelmente nervoso e olha para o garoto que o acompanha buscando ajuda.
-Do outro lado, senhor. Estamos mais para dentro da floresta, daqui não dá para ver.
O garoto é rápido, esse não tem medo de mentir.
-Certo. - estou prestes a fechar a porta quando o garoto a segura.
Eu estreito meus olhos e o vejo engolir em seco, mas mantém o braço esticado.
-Algum problema, moleque?
-Eu...eu posso usar o banheiro?
Ah, aí está! O galinho de briga é mais confiante que o velho.
-Não moleque, está cheio de árvores aí fora, escolha uma e mantenha distância da minha cabana.
Ele vai insistir, eu sinto isso. Antes que ele diga mais alguma coisa, eu puxo minha Glock e aponto para ele.
-Eu não costumo deixar estranhos se aproximarem, garoto. Um agente do FBI nunca o faz, estou de férias, mas ainda assim posso atirar num desconhecido que tenta forçar entrada na minha casa.
O garoto e o pai de Anahi saltam para longe com as mãos estendidas no ar em rendição, eu continuo apontando a arma para eles até que sumam entre as árvores, só então eu fecho a porta e a tranco, indo em passos largos para o quarto. Mesmo sendo um crápula, eu não poderia matar o pai da minha Anahi, por agora, vou juntar minhas coisas, jogar no carro e voltar para Seattle com meu anjo no banco do carona. Eles vão voltar a qualquer momento, em maior número e com certeza armados, pelo que Anahi contou, esses homens são treinados para pensar que são donos dela e que fazem justiça guiados pela palavra de Deus.
-Não temos muito tempo, anjo. Estamos saindo agora.
Pego o essencial e jogo em minha bolsa, agarro a mochila dela e vou para a porta direto para o meu SUV. Volto para a casa e pego um cobertor grande e o estendo sobre a cama.
-Deite-se nele, Anahi, vou enrolar em você e te levar assim até o carro. É o jeito mais seguro para que eles não possam te ver, assim que estivermos longe de Libby, eu te aviso para que possa se desenrolar.
-Era meu pai? - vejo lágrimas em seus olhos.
-Sim, era aquele maldito que deveria ter te protegido e não causado tanta dor em você. Agora vamos, tenho certeza que eles voltarão e não serão tão amigáveis.
Ela assente e só por esse momento eu agradeço por ela ter sido treinada para não desobedecer.
Assim que a cubro com o cobertor, a jogo em meus ombros e vou para o carro, a deixo no banco do carona e volto apenas para trancar a cabana antes de ir para o volante e acelerar para longe dali.
Não vou poder nadar no lago e nem ver a floresta no auge da primavera, mas fui recompensado com esse doce anjo. Foi a melhor alteração de planos da minha vida.
Sei que o diretor Philip vai ficar furioso em me ver no escritório tão cedo, mas não posso deixar esse fanático psicopata a solta, as investigações tem que começar imediatamente, antes que ele resolva levar a comunidade para outro local e continuar com seu reinado de horror.

-Anjo, pode se descobrir, estamos seguros.
Eu digo ao passar pela placa que demarca os limites de Libby e puxo o cobertor para que Anahi possa se sentar.
-Para onde estamos indo? - ela sempre fala tão baixo, como se esperasse ser repreendida por dirigir a palavra para mim.
-Vamos para a minha casa, vou te deixar lá e depois ir direto ao meu trabalho falar com meu diretor.
-Ele vai me ajudar?
-Eu vou te ajudar e cuidar de você, o diretor Philip vai cuidar das investigações contra o Joe e começar as buscas pela comunidade.
-É Crystal Lake. - ela me corrige e me encara - O nome da comunidade. É Crystal Lake, fica perto da parte mais isolada do lago, evita curiosos e pessoas da cidade.
-Você conseguiria me mostrar em um mapa?
-Consigo, nas aulas de geografia aprendemos muito sobre nossa localização, para nos manter afastados do caminho para a cidade e das outras pessoas.
-Bom, pelo menos ele cuidou para que tivessem acesso a educação.
-Não é de todo ruim, tirando os castigos, o guia Joe e os filhos dele, Crystal Lake seria como viver em uma grande fazenda.
-Quantas pessoas vivem nessa comunidade?
-Agora que eu fugi, são cento e quarenta e um.
Estranho, se o tal Joe vive de uma maneira tão antiquada, como é possível que tenham controle sobre o número de habitantes?
Mais um ponto a ser investigado.

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