Capítulo 17

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Anahi


Olho o relógio mais uma vez, são onze e meia da noite e Alfonso ainda não retornou.
Assim que chegamos em casa, entreguei minha camera a ele e depois de ativar todo o sistema de alarme da casa, Alfonso voltou ao escritório e estou aqui sozinha, rezando para que Edward saiba de algo e esteja disposto a falar.
Sem conseguir dormir, desço até a cozinha e decido fazer alguns cookies, cozinhar vai ocupar minha mente e me relaxar, eu gosto de fazer doces tanto quanto gosto de fotografar, só espero que meu Alfonso goste de comê-los.

Assim que o timer apita avisando que a segunda fornada de cookies está pronta, ouço a porta se abrir e o alarme ser desativado. Corro em direção a sala e Alfonso sorri para mim, estendendo os braços, esperando que eu vá direto para ele e é exatamente isso que eu faço.
-Ainda acordada, meu anjo, já são quase duas horas, você deveria estar descansando.
-Eu não conseguia dormir, tem muita coisa na minha cabeça, fiquei preocupada e ansiosa para saber se conseguiu algo com o Edward. - escapo de seu abraço e o levo para a cozinha - Então, resolvi fazer cookies, para relaxar, eu precisava me distrair, e como não posso sair para fotografar a essa hora, decidi ir pela minha segunda opção, fazer doces.
Alfonso se apoia contra o balcão e pega um cookie, acho que deve estar bom porque ele mal termina de comer um e já alcança outro.
-Isso está uma delícia! - ele come mais alguns antes de me puxar para ficar entre suas pernas - Vamos precisar de você amanhã, Anahi.
É incrível como ele muda de doce e carinhoso para um homem sério em poucos segundos.
-Claro, estou aqui para ajudar, principalmente agora que tem a possibilidade de encontrar Mary e as outras vivas.
-Eu não queria te envolver muito mais nisso, por mim, evitaria ter você mais próxima dessa história sórdida, mas Edward disse que só vai falar se puder ver você e ter certeza que está bem.
-Tudo bem, Alfonso. Sei que pode parecer estranho, mas Edward sempre foi diferente dos outros irmãos e do próprio pai, ele vai falar, eu tenho certeza que vai.
-Então é melhor irmos dormir, Phillip e Edward estarão a nossa espera às oito da manhã no escritório.
Subimos para nosso quarto e assim que me aconchego contra o peito de Alfonso, sinto meu corpo relaxar e logo estou dormindo.

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Posso ver através das janelas da sala de Phillip que Edward já está nos esperando, ele tem seus dedos tamborilando sobre a mesa, o cabelo loiro bagunçado certamente de tanto passar os dedos pelos fios.
Ele ergue a cabeça e olha em minha direção, em um piscar de olhos ele está de pé e é necessário Phillip segurá-lo pelo ombro para detê-lo na sala. Alfonso me acompanha, sinto seus dedos apertarem sobre os meus e eu sorrio, ciúmes, ele está cheio de ciúmes.
-Oi Edward. - eu o cumprimento assim que chego a sala, seu olhar vai direto para minha mão entrelaçada a de Alfonso.
-Anahi, você está bem? - ele tenta se aproximar, mas Alfonso já está a minha frente - Te fizeram algum mal? Seu pai e Willian disseram que você foi levada por um forasteiro, toda a comunidade ficou assustada. Eu precisava...eu preciso ter certeza que você está bem. Esse homem, - ele aponta para Phillip - ele me disse coisas que eu realmente não gostaria de acreditar, eu não consigo acreditar que meu pai possa...
-Calma Edward, eu estou bem. De verdade, estou muito bem. - eu me sento e aponto a cadeira a minha frente para ele fazer o mesmo.
Alfonso permanece de pé, atrás da minha cadeira, as mãos apoiadas em meus ombros.
-Você realmente fugiu? Isso é o que eles me disseram ontem, mas preciso ouvir de você.
-Eu fugi, Edward. Fugi porque não queria me casar com seu pai, porque não aguentava mais viver naquela comunidade construída a base das mentiras dele. - eu conto a ele todas as histórias contadas por minha avó, sobre a minha fuga e como fui acolhida e protegida por Alfonso - Eu não preciso mais ter medo, não preciso me calar e posso fazer minhas escolhas.
-Aqui fora é tudo tão diferente, eu ainda estou confuso com toda essa mudança, mas saber que meu pai mentiu todo esse tempo, que nos enganou, que me privou de ter a mulher que eu amava...que eu amo... - ele suspira e olha para mim, um olhar cheio de medo e esperança - Phillip disse que há uma possibilidade de Mary estar viva. Posso acreditar?
Eu concordo com a cabeça e olho para Alfonso, Edward precisa saber a verdade se queremos contar com sua ajuda.
-Os últimos cinco caixões estavam vazios, Alfonso acredita que seu pai ou se livrou dos corpos por medo de algo, ou ele mantém as cinco vivas em algum lugar isolado. Alguém na comunidade deve saber sobre isso, seu pai não iria conseguir retirar as mulheres de lá sem que pelo menos um vigia tenha visto. Cada pessoa naquela comunidade te ama, tenho certeza que não negariam nada a você, se pedir do jeito certo.
-Eu nunca imaginei que chegaria a odiar meu próprio pai, mesmo depois de cada surra que me deu, mesmo depois de tomar Mary de mim. - ele nega com a cabeça e passa as mãos pelo rosto - Vou ajudar vocês, devo isso a cada vida que meu pai destruiu e devo isso a Mary. Ela tentou falar comigo por várias vezes, mas eu sempre a afastei em respeito ao meu pai e guia. Mary deve me odiar agora.
-Não acredito que te odeie, Edward. Todos nós crescemos sendo enganados pelo Joe, eu tive a sorte da minha avó falar tantas coisas, você não teve a mesma chance, mas agora tem uma oportunidade. Vou rezar todos os dias e noites para Alfonso encontrar todas vivas e eu confio nele, confio que ele pode encontrá-las.
Sinto Alfonso dar um leve aperto em meus ombros e seguro uma de suas mãos.
-Espero que você possa encontrar sua felicidade, assim como eu encontrei a minha aqui.
-Só posso ser feliz se encontrar Mary, se isso não for possível, só vou seguir sobrevivendo.
Edward nos dá um sorriso triste e se afasta acompanhado por Phillip, eu lamento tanto a dor dele, não sei como é perder alguém que se ama, e nem quero imaginar. Conheço Alfonso há poucos dias, mas não consigo mais pensar em minha vida sem ele.
-Vem pequena, vamos embora, o dia começou bem agitado, - a voz de Alfonso me traz de volta a realidade - eu estava pensando, o que você acha de um pequeno passeio?
-Eu adoraria.
Um pouco de distração vai nos fazer bem, não só para mim, mas para Alfonso também. Ele está assumindo uma grande responsabilidade com essas mulheres e ainda não está totalmente recuperado da perda de seus amigos e companheiros de equipe.
No carro, Alfonso estende a mão para o banco de trás e alcança uma bolsa, me entregando em seguida.
-Não sei quando Phill vai devolver sua câmera e para onde pretendo te levar, tenho certeza que você vai querer tirar várias fotos, então quando voltava para casa ontem a noite, passei em uma loja vinte e quatro horas e comprei essa câmera para você. O vendedor me garantiu que é uma das melhores no mercado.
Eu não entendo muito de câmeras, apesar de amar fotografar, nunca tive a oportunidade de escolher o que comprar, mas essa em minhas mãos parece ser tão incrível, mal posso esperar para usá-la. Se Alfonso não estivesse dirigindo, eu com certeza o agarraria nesse exato momento e o encheria de beijos...assim que o carro parar, é exatamente isso o que farei.

A EleitaOnde histórias criam vida. Descubra agora