Capítulo 15

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Alfonso


-Mãe, Savanah está aí com você?
Assim que Anahi correu para o quarto para se arrumar, aproveitei para ligar para minha mãe, preciso avisá-la sobre Anahi, já vai ser um choque e tanto saber que estou com outra mulher, uma bem mais nova que eu, com certeza vai deixá-la em alerta.
-Isso são modos, menino? Não me pergunta como estou, nenhum um oi mamãe! Eu não te eduquei assim!
Não posso controlar o riso, essa é minha Hillary.
-Oi mãezinha linda, como você está?
-Bem melhor agora que meu filhinho me ligou. Como estão as férias, o lago ainda é tão lindo quanto me lembro?
-Estou de volta a Seattle, por isso estou te ligando. A Savanah está aí com você?
-Savanah está trancada no quarto estudando, não sei mais o que fazer para essa garota dar uma pausa nos estudos. Acho que vai sair vesga daquele quarto a qualquer momento!
Savanah provavelmente está estudando para alguma prova e minha mãe sempre exagerada deve estar se sentindo sozinha.
-Eu sei de algo que vai tirar ela do quarto agora mesmo. Diz a Savanah que estou indo aí e vou levar alguém comigo.
-Um amigo bonitão para apresentar a ela? Alfonso, sua irmã precisa de um namorado, a vida dela é só estudar!
-É uma escolha dela, mãe. E não, não é um amigo, é minha namorada.
-Sua o quê?
-Minha namorada, e não vou responder mais nada agora. Vou me arrumar e logo estarei aí. Por favor, seja discreta, educada e não a assuste.
-Você falando assim quem acaba assustada sou eu.
-Mãe, promete que vai se comportar?
-Tenho que prometer, senão você não trás ela aqui.
-Em uma hora estaremos aí.
Anahi já deve estar quase pronta, preciso me arrumar também e sair logo, talvez consiga fugir da casa da minha mãe antes do jantar e ter minha Anahi só para mim o resto da noite. Abro a porta do quarto e me deparo com meu anjo se olhando no espelho, ela é tão doce, mesmo com uma blusinha branca simples e uma saia preta rodada, ela consegue iluminar tudo a sua volta.
Com certeza Savanah vai me atormentar, mas para ter Anahi ao meu lado, eu posso suportar isso e muito mais.
Olho para seu pescoço e vejo a gargantilha, isso vai ser um grande motivo para minha irmã falar por horas na minha cabeça, mas o sorriso radiante e o modo como Anahi toca a gargantilha, me impedem de dizer qualquer coisa.
-Você está linda, mais linda do que já é.
Ela se volta para me olhar e corre em minha direção, direto para os meus braços.
-Acha que sua família vai me aprovar?
-Tenho certeza que ficarão encantadas com você. - acaricio seu rosto e beijo levemente seus labios - Vou tomar um banho e me arrumar e logo sairemos.

Minha mãe e minha irmã estão paradas junto a porta, assim que salto do carro, Savanah faz um sinal positivo com o polegar e sorri para mim, eu conheço esse sinal, ela está empolgada e provavelmente cheia de expectativas sobre a nova cunhada.
Abro a porta para Anahi e ela parece tão nervosa.
-Você está perfeita e elas vão te amar.
Sou presenteado com mais um de seus sorrisos e ela desce mais confiante, parece que tudo que ela espera, é sempre minha aprovação, ao mesmo tempo que isso faz o homem possessivo em mim vibrar, sei que Anahi precisa se livrar um pouco dessa necessidade de ser aprovada por todos. É algo que a liga ao seu passado e eu quero que ela deixe tudo aquilo para trás.
Minha irmã é rápida ao esconder a cara de espanto, mas minha mãe não é tão boa quanto ela.
-Mãe, Savanah, essa é Anahi, minha namorada.
-Olá Anahi, vem, vamos entrar.
Savanah guia Anahi para dentro, segurando sua mão. Eu respiro aliviado e olho para minha mãe.
-Você poderia ser mais discreta.
-E você poderia ter me avisado que ela é praticamente uma criança! Ela já atingiu a maioridade, Alfonso? Céus, não quero ter problemas com os pais dela e nem visitar meu filho na prisão!
-Ela tem dezoito anos, não é uma criança e se você se permitir conhecê-la, vai entender porque me apaixonei por ela. Quanto aos pais dela, digamos que podem ser considerados inexistentes.
Vejo pelo olhar que minha mãe quer saber mais, mas teremos muitas oportunidades de falar sobre a falta da familia da Anahi.
-Oh, como quiser. Nunca pude te negar nada, não é?
Abraço minha mãe e beijo sua cabeça antes de entrarmos.
Ouço o riso de Savanah vindo da cozinha e vou direto para lá, Anahi parece não entender o motivo da risada da minha irmã, mas ver Sav tão tranquila, me anima, é algo que minha irmã nunca teve com Eve.
-Qual é a piada, Sav? Acho que nem a Anahi entendeu.
-Mas quem contou foi ela! - Sav tenta controlar a risada - Eu perguntei como ela consegue aturar um velho chato como você e ela disse que é muito melhor que casar com um velho de sessenta anos!
Pronto, Sav volta a rir e Anahi me encara ainda sem entender nada.
-Então eu sou melhor que um velho de sessenta anos?
Finalmente ela compreendeu e seu rosto ganha um tom de vermelho que a deixa ainda mais bela.
-Oh, não foi isso que eu quis dizer! Alfonso, eu não quis ofendê-lo. - Anahi corre para o meu lado e junta suas mãos como se pedisse perdão - Me perdoa, eu só queria dizer que você não é velho e nem chato, que eu tive muita sorte em te conhecer, por favor me perdoa!
Todo meu divertimento chega ao fim, ela realmente está suplicando por perdão e minha mãe e minha irmã assistem tudo atentamente, posso ver as perguntas borbulhando em suas cabeças.
-Está tudo bem, meu anjo. É bom saber que você não me considerada um velho chato e um partido bem melhor que um velho de sessenta anos. Ignore a Sav, ela é uma pequena megera que ama me atormentar.
-Sem castigos? - Anahi ainda pergunta em expectativa.
Minha mãe parece não ter ouvido, mas Sav me olha intrigada e logo seus olhos vão para o pescoço de Anahi. Merda! Agora sei que não vou conseguir fugir dela.
-Sem castigos, meu anjo. Nunca mais haverá castigos. - beijo sua testa para deixá-la mais tranquila e ela se afasta sorrindo.
Savanah passa o restante da tarde me olhando, esperando a oportunidade para me atacar e infelizmente ela surge quando Anahi e minha mãe descobrem o gosto em comum por bordados e vão para o ateliê.
-Então, que história é essa de castigo e por que minha cunhada de 18 anos usa uma coleira? Quando foi que você começou a gostar desses jogos pervertidos?
A doce Savanah se foi e agora incorporou a futura advogada.
-Não é nada disso que você está pensando. - ergo minhas mãos em rendição - Eu jamais castigaria Anahi de qualquer forma e não sou adepto desse tipo de jogo, apesar de ser bem possessivo quando se trata do meu anjo.
Me recosto contra a poltrona e começo a contar sobre a história da Anahi e como nos conhecemos. Savanah absorve cada detalhe com avidez e sei que seu cérebro está trabalhando a mil.
-Alfonso, isso deixa tudo ainda pior! Anahi cresceu induzida a acreditar que deve obedecer ao homem, provavelmente quando viu você admirando aquela jóia e dizendo que isso mostraria que ela pertence a você, Anahi automaticamente aceitou como uma ordem porque foi criada para isso. Para satisfazer cada ordem sua.
-Ei, Anahi é mais esperta do que você pensa! - não gosto da maneira como Sav faz minha Anahi parecer uma mente vazia, pronta apenas para obedecer.
-Não duvido da esperteza dela, afinal mesmo crescendo em uma comunidade tão nojenta, ela foi capaz de enxergar a verdade. O que estou dizendo é que ela é programada para obedecer e mesmo inconscientemente, é o que ela vai fazer, só para deixar você feliz.
-Sav, ela gostou daquela gargantilha, ela quis que eu comprasse, você não estava lá para ver o olhar e o sorriso dela.
Savanah se prepara para continuar a argumentar, mas Anahi volta para a sala com o cesto de bordados da minha mãe.
-Sua mãe me deu. - ela sorri sem nem ao menos sentir toda a tensão na sala - Agora vou ter algo para fazer depois que terminar de arrumar nossa casa.
Savanah cruza os braços e me olha vitoriosa, aperto meus olhos pensando que talvez ela esteja certa. Talvez Anahi só tenha gostado dessa maldita gargantilha, porque eu estava admirando.
Anahi continua de pé, segurando o cesto distraída com as linhas e tecidos.
-Faz o teste, manda ela tirar. - Sav me olha mais calma, provavelmente leu a minha mente, ela é boa nisso.
Encolho meus ombros aceitando o desafio.
-Anahi. - ela me olha imediatamente, como sempre faz - Eu quero que tire essa gargantilha.
Suas mãos vão direto para o pescoço e ela me olha com dúvida.
-Por que?
-Porque estou mandando. - é uma ordem simples que ela cumpriria automaticamente.
Mas meu anjo surpreende tanto a mim quanto minha irmã. Anahi deixa o cesto sobre o sofá e coloca suas mãos na cintura, seu olhar de dúvida se foi e agora seu rosto é pura determinação.
-Pois não tiro! Você me disse que aqui eu tenho o direito de fazer minhas próprias escolhas e eu escolhi usar minha gargantilha. Savanah, ele disse que as mulheres tem mais liberdade. Isso é verdade?
Savanah está tão perplexa que apenas concorda com a cabeça. E eu só posso segurar o riso.
-Pois bem, eu estou exercendo meu direito de liberdade e vou usar minha gargantilha quando bem entender. - ela se senta na poltrona de frente para mim e cruza os braços ainda em defensiva.
-Anahi, você sabe o que essa gargantilha significa? - Savanah ainda tem duvidas e eu não vou me meter.
Ela precisa ver com os próprios olhos que Anahi não é tão obediente quanto deveria ser.
-Sei, a vendedora da loja disse que significa que pertenço ao Alfonso, e isso é verdade. Desde o primeiro momento que eu o vi, eu senti que seria só dele e sei que ele é só meu. Então não há problemas em mostrar isso.
-Tudo bem, meu anjo. Pode ficar com ela, eu só fiquei na duvida se você estava usando porque realmente quer ou se é só por mim. Só para me obedecer, como você foi criada para fazer.
Anahi me olha por alguns instantes e parece que entendeu o motivo de toda essa conversa.
-É pelo que eu falei sobre castigos na cozinha? Às vezes, eu vou ter esses rompantes, eu cresci com isso, mas eu já entendi que aqui e com você eu posso fazer minhas escolhas, ser quem eu quero ser.
Alívio me toma porque agora tenho certeza que cada escolha que ela fizer, vai partir de seu próprio desejo, Sav também parece mais tranquila e muda de assunto fingindo interesse pelo cesto de bordados.
Meu celular vibra em meu bolso e a mensagem que leio é preocupante. Philip está de volta com a equipe e quer me encontrar com urgência, e Anahi também.
-Anahi, precisamos ir. Philip está de volta.
Ela me olha com receio, mas assente e se levanta.
Minha mãe não fica nada feliz com a despedida rápida, mas se Phil acabou de chegar e quer nos ver, é porque algo aconteceu.

A EleitaOnde histórias criam vida. Descubra agora