Capítulo 11

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Anahi

Abro os olhos e vejo os raios de sol espreitando pela cortina que cobre as portas francesas. O quarto de Alfonso tem uma sacada que dá para o jardim dos fundos, a vista deve ser tão linda na primavera!
Eu olho para cima e vejo seu rosto em um sono tranquilo, minha cabeça repousa em seu peito e recordo o que vivemos ontem, foi tão especial e maravilhoso. Não tivemos a oportunidade de conversar, mas começamos da maneira errada.
Assim que ele acordar, vamos precisar começar a planejar o casamento, eu não deveria ter me deixado levar desse jeito! Não posso nem imaginar as ideias absurdas que ele deve ter a meu respeito.
As mulheres não devem ceder tão facilmente assim, nem mesmo minha avó que já nasceu fora da comunidade foi para o leito nupcial antes do casamento.
Tudo é uma bagunça dentro da minha cabeça, as regras pelas quais fui criada, a falta de informações sobre esse novo mundo que optei por viver.
Vou ter que ser firme ao falar com Alfonso porque não tenho meus pais aqui para negociar o casamento.
Oh céus! E se ele não puder se casar? Alfonso é divorciado, nunca ouvi falar de algo assim antes. Se ele não puder se casar comigo, o que eu serei na vida dele? Vamos ter que arrumar alguma maneira, talvez o Estado ou a religião dele permita. É isso, precisamos procurar algum guia ou chefe religioso daqui.
Ele vai ter que se casar comigo, isso é certo!
Aliviada por chegar ao fim dessa discussão mental, me levanto lentamente, me esforçando ao máximo para não acordá-lo, pego minha calcinha e top que estão no chão e os visto, preciso descer e preparar o café da manhã, demonstrar que estou pronta para ser uma boa esposa.
Alfonso disse que eu poderia tentar a faculdade depois, mas mesmo assim vou ter que conciliar os estudos com os deveres do lar. Ele merece todo meu empenho, e se as mulheres da comunidade podiam ser boas esposas para homens que não mereciam, então eu posso ser uma ótima esposa para um homem tão bom quanto Alfonso.
Olho ao redor do quarto e encontro minha mochila, pego minha escova dental e vou para o banheiro do corredor, não quero acordá-lo antes de ter preparado a mesa do café da manhã.
Busco nos armários e geladeira tudo o que preciso para fazer panquecas, a calda de chocolate, alguns muffins, h há morangos frescos e sei que ficarão deliciosos nos muffins. Preparo uma jarra de suco de laranja, ovos e bacon, o aroma incedeia a cozinha e sorrio dando alguns pulinhos de alegria assim que vejo a mesa pronta. Com certeza ele não vai deixar escapar uma esposa assim.
Me viro para subir ao quarto e acordá-lo, quando vejo Alfonso recostado ao batente da porta com um sorriso no rosto.
Ele não deveria estar acordado ainda, eu precisava escovar meus cabelos e vestir algo decente. Meu sorriso se desfaz pensando na decepção que devo ser nesse momento para ele. Uma esposa que não consegue preparar uma mesa e estar vestida decentemente, não é uma boa esposa.
Alfonso fecha a distância que há entre nós, seu rosto demonstrando preocupação, ele segura meu queixo entre seus dedos e ergue o suficiente para que possa olhá-lo nos olhos.
-O que há de errado, meu anjo? Você estava sorrindo e quando me viu se entristeceu. O que aconteceu?
Eu nego com a minha cabeça, tentando ganhar tempo para desfazer o nó em minha garganta.
-Você não deveria ter acordado ainda, não me deu tempo de preparar tudo.
Posso ver alívio em seu olhar, mas também vejo que ele está tentando não rir. Ele quer rir de mim? Eu sou tão incompetente assim?
-Não ria de mim! - posso sentir meus lábios se franzirem no famoso beicinho que minha mãe tanto reclamava toda vez que eu estava a beira do choro.
-Não estou rindo de você! - ele se apressa em dizer - Eu só achei...achei fofa a sua intenção. - Alfonso beija a minha testa e se afasta - Vamos começar de novo. Eu vou voltar para o quarto, me deitar e esperar até que você me chame. Tudo bem assim?
-Mas não vale! Você já viu tudo errado!
Cruzo meus braços sob meu peito e abaixo a cabeça.
-Não tive tempo de ver nada. - ele volta a erguer meu rosto - Não consegui afastar meus olhos de você. - Alfonso se inclina e sussurra em meu ouvido - Você está tão sexy nessa calcinha e top que eu nem me lembrei de olhar ao redor. Eu vou voltar para o quarto e recomeçamos tudo de novo, e você vai fazer exatamente assim. Ok?
Eu não consigo pronunciar uma única palavra, então apenas concordo com um aceno de cabeça e o vejo se afastar e subir as escadas. Minha respiração está pesada e rápida como se eu tivesse corrido por quilômetros, o frio em meu estômago está de volta e sinto a umidade entre minhas pernas mais uma vez.
Tomo algumas respirações para me recuperar e corro para fazer o que ele disse. Preciso mostrar que sou uma boa escolha para esposa e ser obediente é primordial.
Quando volto ao banheiro para me arrumar, recordo que não tenho um vestido ou qualquer roupa apresentável para usar e novamente a frustração toma conta de mim.
"Você deve agradar ao seu esposo, Anahi, não importa o que isso signifique ou o quanto te custe, agradar ao seu marido é seu maior e principal dever"
Lembro das palavras de minha mãe e arrumo meus cabelos, Alfonso parece ter gostado de me ver com essa roupa, então posso ficar com ela, só há nós dois na casa, não preciso me preocupar com visitas. Eu puxo uma pequena parte dos meus cabelos para trás e prendo com uma presilha que trouxe em minha mochila, deixando o restante solto.
Respiro fundo e vou para o quarto onde Alfonso me espera de olhos fechados sobre a cama. Eu não consigo segurar o sorriso que cresce em meu rosto ao vê-lo encenar tão bem só para me deixar feliz. Os homens em nossa comunidade não costumam ser tão compreensivos com os sentimentos das mulheres.
Voltando ao presente, me aproximo da cama e acaricio seu cabelo escuro.
-Alfonso, querido, o café da manhã está pronto.
Ele abre os olhos e sorri, seu sorriso ilumina a minha alma e me conforta.
-Por mim, passaria o dia todo nessa cama com você, mas se esforçou tanto que não posso negar nada que me peça.
Com uma rapidez que me surpreende, Alfonso se levanta e me ergue em seus braços me pegando no colo e me fazendo cruzar as pernas atrás de suas costas, meus braços vão para seu pescoço buscando segurança e equilíbrio e logo sinto sua boca sobre a minha.
-Bom dia, meu anjo. - ele diz assim que o beijo acaba.
-Bom dia.
Descemos em silêncio e quando chegamos à mesa ele me coloca no chão.
-Espero que goste. - eu espero que ele se sente a cabeceira e puxo a cadeira a direita para me sentar.
Como uma boa esposa, sirvo seu café da manhã e ele sorri e agradece como se eu estivesse fazendo algo incomun.
Deixo que Alfonso se alimente antes de tocar no assunto do casamento.
-Muffins de morango. - ele geme enquanto suga o recheio - Tem seu cheiro e seu gosto aqui, meu anjo. Isso é uma grande tentação que tenho certeza que não foi planejada.
-Não entendo o que você quer dizer.
Realmente não faço ideia do porquê um muffin de morango seria uma tentação, mas não conheço muitos homens, então não sei como suas mentes funcionam. Faço uma anotação mental para nunca preparar nada que tenha morangos para outro homem.
Alfonso puxa minha cadeira para perto da sua e se inclina, sei onde isso vai nos levar, sei que ele vai me beijar e logo estaremos em sua cama, mas precisamos conversar.
Levando em consideração que Alfonso pareceu furioso com o fato de mulheres e crianças serem castigadas, acredito que ele não vá me punir se o afastar agora. Eu apoio minha mão em seu peito o empurrando levemente.
-Precisamos conversar. - eu digo quando tenho sua atenção.

A EleitaOnde histórias criam vida. Descubra agora