Capítulo 7

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Alfonso

Percorremos duas horas da viagem de quase sete horas de Libby para Seattle, Anahi ficou encantada com as músicas na rádio, mostrei a ela meu celular e passou quase uma hora inteira fotografando a paisagem, faço uma anotação mental para comprar uma câmera profissional para o meu anjo.
Puxo o carro para o acostamento, preciso ligar para a central do FBI e verificar se Philip pode me receber ainda essa noite.
-Vou precisar do meu celular apenas por aluns minutos, anjo. - peço acariciando seu cabelo.
Ela me entrega sem questionar e me pergunto quanto tempo levará até que perceba como tudo funciona aqui fora.
-Ashley, tudo bem? Eu preciso falar com o Philip.
-Alfonso, você está de férias, aproveite esse momento por mim ao invés de ligar aqui dois dias depois de ter visto nossas caras.
-Acredito que minhas férias tenha chegado ao fim antes que eu percebesse. Tenho um assunto urgente para falar com ele.
-Claro, Philip não está aqui agora, foi convocado para uma reunião.
-Eu só vou estar em Seattle por volta das nove da noite. Ele vai estar no escritório?
-Estamos falando do Philip, ele mora aqui no escritório.
Eu posso até visualizar o rolar de olhos que Ashley deu, ela pode falar o quanto quiser de Philip, mas todos na central sabemos que ela é tão workholic quanto ele, talvez por motivos diferentes, mas é.
-Avise que eu estarei aí, por favor. Acho que ele vai se interessar muito pelo caso que vou levar.
-Ok Alfonso, mal posso esperar para saber também.
Me despeço de Ashley e desligo antes de entregar o celular novamente para Anahi, ela tem um olhar curioso e cheio de dúvidas, mas pelo que conheci dela até o momento, não vai me perguntar até que eu dê abertura para isso.
-Pergunte, meu anjo.
-Quem é Ashley?
-Uma colega de trabalho, nada além disso.
Eu quero deixar claro que não tenho ninguém mais em minha vida, que sou dela, assim como ela vai ser minha. Somente minha.
-Ela é a agente mais próximo do meu superior, Philip. Ele perdeu a família faz pouco mais de três anos, desde então vive para o trabalho e Ashley sempre esteve lá para ele. Resumindo, Philip trabalha para esquecer a perda e Ashley trabalha para estar perto dele, todos no escritório sabem, mas o próprio Philip não parece enxergar.
-Isso é triste. - ela se vira para me olhar - Ele vive tão preso ao passado que não enxerga o presente. Deve ser doloroso para a Ashley.
-Para alguém que cresceu longe de saber o que é um relacionamento normal, você enxergou a situação melhor que o Phill.
Anahi dá de ombros como se dizendo que não foi tão difícil perceber, balanço a cabeça rindo e volto a dirigir o carro para a estrada, serão mais cinco horas de viagem e preciso colocar os agentes do FBI atrás do Joe o mais rápido possível.

Finalmente chegamos em Seattle, confiro o relógio no carro e são quase nove horas da noite, sinto o pequeno alívio me tomar porque sei que agora Anahi está segura, sigo pelas ruas, passo pela 12th avenue e vejo a Seattle U e olho direto para o meu anjo.
-Você tem um diploma de conclusão escolar válido?
-Tenho. - ela franze as sobrancelhas e fica ainda mais linda - A assistente social fazia as provas de final de ano, levava para a prefeitura de Libby e eles reconheciam. Era como se fizéssemos aulas particulares.
-Entendo. - aponto para a Seattle U - Eu vi que você tem certa paixão por fotografia, nessa universidade eles tem um curso para isso, se quiser, podemos tentar uma vaga para você.
O sorriso que ilumina seu rosto é algo que me tem completamente em suas mãos, eu tenho a certeza que farei de tudo só para vê-la sorrir assim, todos os dias da minha vida.
-Vou entender esse sorriso como um sim.
Acaricio seu rosto e dobrando a próxima esquina estamos em casa.
-Essa é sua casa?
-Sim, comprei essa casa logo depois que me divorciei. - desço do SUV e vou direto abrir a porta para ela.
Ela não diz mais nada depois do que falo e chuto minha bunda mentalmente por tocar nesse assunto agora. Anahi segue em passos lentos, observando os detalhes da rua e da casa.
Não é uma mansão, mas é uma casa grande e confortável, são dois andares, no térreo fica a garagem, a sala é simples e bem masculina, há uma lareira ecológica embutida e acima dela uma televisão grande o suficiente para assistir as partidas de futebol, o sofá é de camurça cinza escuro, reclinável e grande o suficiente para umas seis pessoas, na mesinha de centro estão alguns livros de ficção e posso ver que deixei a pasta com meu último trabalho jogada lá também, o restante da sala é totalmente limpo. Na cozinha há uma geladeira dupla de inox, um armário planejado que pega duas paredes da cozinha, o fogão cooktop de seis bocas fica no balcão no centro da cozinha e me pergunto se a Anahi sabe como utilizar esse modelo, já que não estarei em casa nas próximas horas. A pequena sala de jantar fica entre a sala e a cozinha e tem apenas uma mesa de jantar para seis pessoas. O banheiro do andar térreo é simples e comum, então pulo essa parte e vou para a porta dos fundos que dá direto para um deck de madeira que segue até a piscina, há um pequeno jardim a direita do deck, tem um caramanchão e sob ele um balanço adulto, agora não está tão bonito sem todo o verde e as flores que o cercam, mas com a chegada da primavera vai ficar lindo.
Posso ver pelo brilho nos olhos de Anahi que ela pensa o mesmo e que se encantou com cada detalhe do quintal.
-Vem, vou te mostrar o andar de cima e os quartos. - seguro sua pequena mão e sinto meu corpo quente para caralho.
Ela tem que me querer também, é impossível que eu sinta toda essa conexão sozinho.
Subo a escada e mostro os quartos vagos primeiro, são dois quartos de hóspedes simples, paredes brancas, uma cama queen size e um closet, o outro quarto transformei em um pequeno escritório onde faço homeoffice quando necessário, sigo pelo corredor e mostro onde fica o banheiro comum e finalmente chego ao meu quarto no final do corredor. A cama é uma king size e cabe umas três pessoas nela, sou bem espaçoso na hora de dormir, a cabeceira é acolchoada e é toda preta em contraste com o jogo de cama todo branco, há um closet na parede em frente a cama e um banheiro a direita, abro a porta e Anahi tem a visão da banheira para duas pessoas, um box com chuveiro elétrico no canto e uma pia dupla. Meu olhar volta para a banheira e em seguida para Anahi e posso imaginar nós dois dentro dela.
Preciso sair daqui antes que cometa uma loucura! Ela ainda está assustada e não proferiu uma palavra desde a estupidez que disse sobre o divórcio.

A EleitaOnde histórias criam vida. Descubra agora