Capítulo 13

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Anahi

Alfonso é tão carinhoso comigo, quando me levou para o banho, imaginei que me colocaria no chuveiro e me deixaria lá, mas não, ele me deixou sentada sobre a bancada da pia, preparou a banheira com muita espuma, me colocou nela e se sentou atrás de mim.
Lavou meus cabelos com todo cuidado, limpou o ferimento no meu braço e permitiu que eu apenas relaxasse, sem pedir nada em troca, sem fazer qualquer movimento para me tomar de novo.
Nunca imaginei que poderia ser assim, tudo o que eu conhecia sobre casamentos era que a mulher deveria servir em silêncio e aqui estou eu, sendo tratada com tanto cuidado. Cuidados que nem mesmo minha mãe dispensou para mim.
-Pequena...
Ouço a voz de Alfonso chamar, me puxando de um leve sono.
-Hmmm... - é tudo o que sou capaz de responder.
-Vem, vamos sair da banheira, a água está começando a esfriar, você está quase dormindo e precisamos fazer algumas compras.
-Compras? Por que eu faria compras?
Não sei como fazer compras, meu pai era o único a sair da comunidade, junto com outros homens, para ir até as cidades próximas e comprar tudo o que as mulheres e crianças precisavam.
-Porque você precisa de roupas. - ele beija o topo da minha cabeça e sorri enquanto me enrola em uma toalha - Por mais que me agrade te ver andando pela casa de top e calcinha, não me agradaria que outras pessoas desfrutassem da visão que só eu posso ter.
-Oh! - sinto meu rosto quente e sei que acabei de corar - Perdão, Alfonso. Eu realmente me esqueci que não trouxe muitas coisas comigo. - me apresso em sair do banheiro - Eu vou fazer uma lista com minhas numerações e te dar o dinheiro que peguei da minha Nanah para que possa ir as compras.
-Anahi, você não precisa gastar seu dinheiro com isso, guarde para outras coisas que queira e nada de listas, eu não preciso de uma já que você vai estar lá comigo.
Alfonso me segue para o quarto, uma toalha amarrada a cintura, gotas de água escorrendo por seu peito nu, mordo meu lábio inferior e não consigo me impedir de gemer baixinho.
-Anahi... - ele diz em tom de advertência - Se continuar a me olhar assim, não vamos sair desse quarto nunca mais.
-É que...céus, Alfonso! Eu nunca senti nada assim antes, e toda vez que olho para você sinto esse calor em meu estômago e me umedecer entre as pernas. Eu não consigo controlar isso!
-Porra do caralho! - ele caminha em minha direção, me segurando pelos braços e levando até a cama - Não vou conseguir sair de casa sem te ter mais uma vez e parte da culpa é dessa boquinha inocente.
Sua boca cai sobre a minha enquanto suas mãos nos livra das toalhas, meu corpo já está mais do que pronto para recebê-lo e minhas pernas se abrem em convite.
-Tão pronta para mim...

-Eu realmente posso fazer compras com você? - demorou algumas horas, mas finalmente conseguimos sair de casa.
Ainda não posso acreditar que eu estou realmente indo às compras com o Alfonso, que me trouxe junto com ele, assim como disse que faria.
Nunca imaginei que um dia poderia escolher minhas próprias roupas e aqui estou eu, andando de mãos dadas com esse homem tão lindo, por esse complexo de lojas que Alfonso me disse que se chama shopping center.
-Sim, anjo, você realmente pode fazer compras comigo, e pode escolher tudo o que quiser, desde que me prometa, que a maior parte do seu corpo estará coberta e guardada para os meus olhos, porque eu não posso sair por aí espancando cada homem que olhar para você.
Ele diz sorrindo, mas sei pelo brilho em seus olhos, que meu homem é possessivo e isso me agrada. Saber que ele me quer só para ele, assim como eu o quero só para mim me faz sentir tão bem.
Imaginar qualquer outra mulher olhando para o meu Alfonso, me tem louca, então sei exatamente como ele se sente.
Continuo andando sem perceber que ele está parado diante de uma vitrine até sentir sua mão puxar a minha.
-Porra, já sei por onde vamos começar as compras.
Eu olho para a vitrine e vejo uma boneca vestindo um conjunto de calcinha e sutiã de renda, é minúsculo e totalmente diferente de tudo que já usei. Gosto da ideia de experimentar isso, é tudo tão novo para mim, eu quero explorar, sentir, eu quero me adaptar a esse novo mundo de descobertas.
Alfonso me puxa para dentro da loja e uma moça muito linda e bem vestida se aproxima de nós, seu olhar está em Alfonso e isso me incomoda demais, eu quero dizer algo, mas nenhuma palavra que eu conheço vai aliviar essa raiva crescente dentro de mim.
-Caralho. - eu resmungo baixinho uma das palavras que Alfonso costuma usar, mas acho que não foi tão baixo assim, já que ele e a mulher me olham.
-O que você disse, Anahi? - ele estreita os olhos e me observa.
-Eu disse caralho. - dou de ombros e me encolho um pouquinho - Você sempre diz essa palavra quando está nervoso e eu estou nervosa agora.
-E por que você está nervosa, boquinha suja?
Eu olho dele para a mulher que se afastou um pouquinho.
-Porque ela está falando com você! - é tão óbvio, como ele não enxerga isso é um mistério - Mulheres não devem falar com homens, muito menos homens comprometidos! Ela deveria falar comigo!
Alfonso sorri e balança a cabeça num gesto negativo, não consigo descobrir onde está a graça nisso tudo.
-Ah meu anjo, eu já te expliquei que aqui, do lado de fora da comunidade, as mulheres são mais livres. Você pode conversar com quiser conversar, não importa se a mulher é solteira ou casada, você não precisa ficar em silêncio ou esperar que algum homem dê permissão para você falar.
-É tudo muito confuso. - dou de ombros - Tem outra coisa que eu queria saber.
-Diga, meu pequeno anjo.
Olho para os lados me certificando que ninguém ouça.
-O que significa porra e caralho?
Dessa vez Alfonso ri alto e beija minha testa.
-Como vou explicar isso? Você é tão inocente, não queria macular essa sua pureza, mas se eu não o fizer, outras pessoas farão. Porra e caralho são palavras que nós costumamos usar quando estamos com raiva, espantados ou surpresos. São palavrões e quanto mais você viver aqui, mais palavrões você vai aprender, principalmente se entrar para a faculdade.
A ideia de ir para a faculdade me anima e assusta ao mesmo tempo, não sei como lidar com pessoas e não sei como elas irão me receber, meus costumes e educação é totalmente contrário ao modo como eles vivem.
-Eu preciso me adaptar a nova vida primeiro, aprender mais sobre os costumes de vocês, depois eu penso em faculdade.
-Como você quiser. - ele me dá mais um beijo na testa e começo a achar que ele gosta de fazer isso - Agora, vamos dar uma olhada na loja para ver o que você mais gosta.
Eu olho ao redor e tudo é tão diferente do que eu usaria normalmente, dou de ombros e abro um sorriso decidida a começar por aqui uma grande mudança. Nada mais de sutiãs e calcinhas largas de algodão, eu quero algo novo.
Vejo Alfonso se sentar em um sofá preto de couro e vou falar com a mulher que nos atendeu, quero me surpreender!

A EleitaOnde histórias criam vida. Descubra agora