Bianca
Estava tomando o meu quarto banho. Esfreguei tanto minha pele na tentativa de tirar o cheiro dos porcos que ela estava ardendo. Ainda não acreditava na petulância daquela caipira idiota.
Rafaella realmente não tinha amor à vida e muito menos ao emprego. Assim que saísse do banheiro, eu ligaria para o meu pai e exigiria a demissão da ogra. Confesso que deixá-la pelada ao relento não foi muito sensível da minha parte, mas, porra, Rafaella exagerou: usar meu vestido caríssimo, bater na minha bunda e ainda me jogar aos porcos foi demais.
Era muito mais do que eu havia feito, mas tudo isso não chegaria aos pés do que eu iria fazer.
Enquanto terminava meu banho, pensei em mil maneiras de fazê-la pagar e acabei descartando a possibilidade de pedir a sua demissão. Meu pai nunca deixava eu me meter nos assuntos da fazenda. Com certeza, eu iria dar com os burros n'água, ainda mais do jeito que todo mundo venerava a Dra. Rafaella. E, pensando melhor, se eu a queria, tinha que mantê-la por perto.
Mataria dois coelhos com uma cajadada só: ter Rafaella e fazê-la sofrer.
— Bianca, mais cinco minutos debaixo da água e você vai derreter! — Manu gritou do meu quarto. E naquele momento foi como se uma lâmpada acendesse em cima da minha cabeça: quem conhecia Rafella melhor do que Manu?
— Estou indo! — Gritei de volta. Olhei para os meus dedos, e realmente eles já estavam enrugados.
Eu me sequei e saí enrolada na toalha. Manoela estava deitava na cama, jogando meu travesseiro de pena de ganso para cima. Ser folgado deveria ser de família, porque aquela ali não ficava atrás da Rafaella. Mas até que ela era gente boa, nada que pudesse ser comparado à Marcela, mas dava para o gasto, ainda mais ali, quando eu precisava da sua ajuda.
Dei um sorriso e segui até a porta do meu armário. Tinha comprado muitas roupas e optei por uma calça jeans justa nova, uma t-shirt que eu já tinha e botas estilo montaria.
Sequei o cabelo e o deixei solto.
— Agora, sim, está uma legítima nativa. Digna de pegar qualquer um da região. — Manu me elogiou, sorrindo. Um sorriso sincero. Mal sabia ela que eu não queria qualquer um, eu queria sua prima. E ela seria minha. — Bianca? — Ela me chamou um pouco nervosa. Me virei e a vi sentada na cama. Seu sorriso havia desaparecido por completo. — Você vai pedir para o seu pai demitir a Rafa? — Vi seu semblante triste e realmente, fiquei com pena da garota. — É que meu pai é caseiro da Girassol há anos e não quer sair daqui.
Me sentei na cama ao seu lado. Naquele momento começava a Operação Segura Peã.
— Não — respondi, e ela me olhou espantada. — Eu também passei dos limites, principalmente deixando você beber daquela forma. Eu deveria saber que mexer com a princesa da Rafaella me deixaria em maus lençóis. — Tentei soar o mais gentil possível.
Manoela abriu um sorriso de alívio e me abraçou. Sério, ela me abraçou. Virada de lado na cama, eu fiquei sem saber o que fazer com meus braços. Estava acostumada a abraçar
somente minhas amigas próximas, e aquele contexto era totalmente diferente.— Desculpa. — Acho que ela notou o meu desconforto. — Me empolguei.
— Tudo bem — respondi ainda incomodada com aquele gesto. — Mas me conta, por que veio para a fazenda tão cedo? Do jeito que você estava ontem, achei que dormiria o domingo inteiro — continuei, mudando de assunto.
Manu se mexeu desconfortável na cama e depois se levantou. Percebi que havia algum problema com ela.
— Eu queria conversar uma coisa com você — ela disse de costas para mim, como se estivesse com vergonha de falar. — Sempre fomos eu, meu pai e Rafaella. Mas a Rafa não conta. Então, eu nunca tive uma amiga de verdade com quem pudesse conversar certos assuntos. — Sua voz ansiosa deixava claro sobre o que Manu queria conversar.
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Domando Corações - Rabia
Romance"O que fazer quando dois mundos totalmente diferentes se chocam? Bianca sempre teve tudo o que desejava, mas após ser obrigada a passar alguns dias em uma das fazendas da família, ela vai descobrir que nem tudo está ao alcance de suas mãos. Uma peã...