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Rafaella

Cheguei em casa irritada. Droga! Conhecia aquela garota havia menos de um dia e já sentia um ódio indescritível por ela. Mimada e fútil. É isso que ela era.

Meu tio me contou como ela tratou os funcionários, e, se meu santo já não batia com o dela, aí que tudo acabou indo por água abaixo.

Estacionei minha caminhonete e, antes de descer, fiquei alguns segundos pensando no meu dia. Como pode uma manhã maravilhosa terminar em uma tarde azeda como essa? Não conseguia entender por que essa garota me tirava dos eixos.

Sempre fui uma garota calma e era conhecida por levar qualquer tipo de problema na esportiva. Já quebrei o nariz do Igor, e outras pouquíssimas vezes discuti com alguns caras, mas não costumava brigar com ninguém, só que aquela Cristal tinha o dom de me abalar com aquele nariz empinado e perfeito.

Depois de alguns momentos de reflexão, desci do carro. Estava muito cansada, pois, além do estresse que havia passado com a dondoca, tinha visitado algumas fazendas vizinhas depois de sair da Girassol. Assim que entrei em casa, deixei as chaves e o meu chapéu favorito, herdado do meu pai, na mesa da cozinha.

Minha casa era pequena, mas aconchegante. Eu gostava das minhas coisas extremamente organizadas. Manu diz que eu tenho TOC, mas acho que é só mania de organização.

Resolvi tomar um banho gelado para acalmar meus ânimos. Aqueles olhos castanhos estavam me perseguindo e eu tinha que fazer alguma coisa imediatamente para tirar aquela garota da minha cabeça.

— Não vai rolar, Rafaella! — Murmurei para mim mesma.

Eu me enxuguei e saí nua do banheiro, pois, quando estava sozinha, era assim que andava pela casa. Peguei o celular no quarto e disquei o número da Gizelly, que atendeu ao telefone no segundo toque.

— Oi, Perigosa. — Sua saudação foi carinhosa como sempre, usando o apelido que me deu na primeira vez que transamos.

— Oi, Gizelly. Quer passar a noite comigo? — Não precisava de rodeios com ela, então fui direto ao assunto. Talvez, se passasse a noite toda transando com a Gizelly, eu esquecesse o dia de merda que tive.

— Claro que sim, gata — concordou na mesma hora. — Na sua ou na minha?

— Na minha — afirmei decidida. — Tenho que levantar cedo. — Trabalharia no dia seguinte. 

Droga! Eu me lembrei de uma coisa que não me deixou feliz. Precisaria voltar à Girassol. Trabalhar na fazenda enquanto a princesa estivesse lá seria um pé no saco.

— Rafa? Está aí? — Gizelly me chamou e eu voltei dos meus pensamentos.

— Estou — respondi, caminhando de volta para o banheiro.

— Onze horas?

— Claro — concordei, pois era o horário de sempre.

Nós nos despedimos, e, quando desliguei o telefone, fiquei me encarando no espelho.

— É tudo que você precisa, Rafa. Uma boa noite de sexo — falei sozinha, como se não tivesse deixado Gizelly na minha cama naquela mesma manhã.

Eu me vesti de forma casual: jeans e camiseta.

Na verdade, se eu fosse levar em conta os gostos da Gizelly, ficaria nua o tempo inteiro. 

Gizelly era uma amante excepcional, e, por mais que me divertisse com as outras, confesso que nós tínhamos uma química insuperável.
...

Passei o início da noite lendo alguns artigos sobre novas técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. Ainda estava lendo quando ouvi uma batida na porta. Olhei o relógio e vi que ainda não eram onze horas. Abri, e Igor foi logo entrando.

Domando Corações - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora