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Preparados?
Pra esse cap ouçam a música Trip - Ella Mai

Bianca

Passamos uma manhã muito agradável. Com a ajuda da enfermeira, coloquei Rafaella na piscina.

Ficamos um tempo na água enquanto o sol estava fraco. Pratiquei com Rafaella alguns exercícios da fisioterapia e a senti bem mais animada. Ela disse que sua sensibilidade estava mais apurada a cada dia e que pela primeira vez tinha esperança de voltar a andar. Meus olhos se encheram de lágrimas com a confissão.

Estava quase na hora do almoço quando deixei Rafaella no quarto. Na verdade, ela me expulsou quando a enfermeira entrou. Era uma das coisas que mais a deixavam constrangida. Aproveitei que ela não estava sozinha e fui para a sala. Liguei a TV e fiquei zapeando até que a voz de Marcela chamou minha atenção.

- Vou embora com a Ivy hoje - avisou, e eu me virei.

- A Ivy já vai tarde - murmurei.

- Sabe, Bianca. - parou em frente à TV, me encarando -, às vezes eu acho que você ficou louca ou que fizeram lavagem cerebral em você. Olha para esse lugar, você merece coisa melhor do que uma veterinária deficiente. - Meu corpo inteiro tremeu diante daquela frase. - Tá, ela é gostosa, eu confesso, mas não serve pra você, pelo menos não serve mais.

- Cala a boca. Você não sabe de nada - Eu tentava falar baixo para Rafaella não escutar, mas a raiva me impedia. - Acabei de ficar feliz por sua partida também.

Me levantei para sair dali, mas Marcela se moveu mais rápido, passando por mim e parando na minha frente.

- E seu sonho de morar em Paris? As festas, seu apartamento, suas roupas de grife? O que vai fazer sem tudo isso? Você vai se cansar rápido daqui. - Marcela sacudia meu corpo com as mãos. Tentava me convencer, mas aquilo não me importava mais.

Quando fiz amor com Rafaella pela primeira vez, na chuva, algo mudou em mim. Eu sempre soube que tudo o que fazia antes era errado, mas até então não me importava, não precisava de ninguém. Só que agora eu tinha Rafaella e ela nunca amaria a antiga Bianca. E eu tinha mudado por ela, para ela, pelo amor que descobri sentir e também por mim mesma. Eu sabia que, se não mudasse, seria infeliz.

- Eu amo a Rafaella. - Tirei as mãos dos meus ombros. - Eu amo ela como nunca amei ninguém. Não espero que você entenda. Eu não entendia até o dia em que ela caiu daquele touro e o medo de perdê-la foi maior do que qualquer coisa que eu já senti.

- Não! Você não ama ela - respondeu seca. - Quem ama não engana. Quem ama não mente. Eu sei o que é o amor. Eu amava a Ivy, até no dia em que você abriu suas pernas pra ela e a tirou de mim. - Recuei com suas palavras, mas Marcela continuou. - Você só pensa em você. Não mudou nada. Continua a mesma garota fútil, mimada e egoísta. - Marcela olhou por cima do meu ombro e eu não entendi seu gesto até que suas palavras mataram minha esperança de um dia ser feliz. - O que vai acontecer quando sua namorada descobrir que seu avô mandou matar os pais dela? Quando descobrir que você mentiu esse tempo todo e escondeu a verdade? Que sua família destruiu tudo o que ela tinha? - Imediatamente, eu entrei em pânico.

- Mentira! - Ouvi um grito e não precisei me virar para saber quem era. Abaixei a cabeça e as lágrimas começaram a cair.

- Rafa. - Eu me virei e vi o horror em seu rosto. - Eu posso explicar. Não é verdade! A Marcela inventou isso. Não acredita nela.

- Cala a boca! - Rafaella continuou gritando. - Pelo menos uma vez na vida fala a verdade, Bianca. Fala a verdade, pelo amor de Deus! - Implorou, e eu não conseguia pronunciar nenhuma palavra. - Me diz se isso é verdade!
Sacudi a cabeça, confirmando, e ela se contorceu.

Domando Corações - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora