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Bianca

A noite tinha sido uma loucura. Eu ainda estava pensando em tudo o que havia acontecido e não conseguia acreditar.

Apesar da minha aversão pelos caipiras daquele lugar, confesso que consegui me divertir um pouco. E, para minha surpresa, ainda presenciei Rafaella e Diogo brigando — brigando não, Rafaella batendo, para ser mais precisa —, o que me deixou muito espantada, ainda mais sabendo que o motivo da briga era eu.

Minha mente girava com aquela revelação, pois nunca em toda a minha vida alguém tinha se levantado em minha defesa. Sempre tive em mente que estava sozinha no mundo e que não podia contar com ninguém. Não tinha uma relação amorosa com meu pai. Só recorria a ele quando precisava de dinheiro.

Mas então, lá estava eu, na casa de Rafaella. Não sabia o que pensar a respeito de passar a noite com ela — quer dizer, com eles, não poderia me esquecer da Manu e do Igor.

Mas a expectativa de que algo pudesse acontecer naquela noite me deixava insegura; um sentimento que até aquele momento eu desconhecia. Sempre fui muito confiante, mas
perto de Rafaella eu me sentia despida das minhas armas.

Como pode uma pessoa mexer com tantos sentimentos em tão pouco tempo? Juro que eu estava tentando ser o mais racional possível, mas Rafaella me tirava do sério. Suas provocações, desde o momento em que nos conhecemos, me deixavam com muita raiva.

Andei pela casa enquanto pensava no que estava acontecendo. Observando todos os detalhes.

Rafaella tinha uma casa pequena, mas muito bem-cuidada e organizada. Eu me peguei imaginando se ela tinha alguém que a ajudava.

Seus móveis eram talhados em madeira. Porém uma televisão enorme acompanhada de um Xbox na sala revelava que a garota do interior também tinha um pezinho na cidade.

Havia várias fotos espalhadas pela casa. Sorri ao ver que Igor e Manoela estavam na maioria delas. Nunca tive irmãos ou família, então não entendia o sentimento que unia aquelas pessoas.

— Você e Manoela dormirão no meu quarto. A cama é mais confortável. — A voz forte de Rafaella fez com que minha pele se arrepiasse. Meu Deus, como eu queria aquela mulher!
Aquilo não era normal.

Virei e o que vi fez com que o ar parasse de fazer o seu trajeto correto até os meus pulmões.

Rafaella estava com um braço levantado, encostada no batente da porta que separava a sala da cozinha, me dando um bom vislumbre do seu corpo.

Já havia percebido e sentido que Rafaella tinha o corpo bem-definido, nada muito musculoso ou exagerado sabe, mas com tudo no lugar. A visão foi espetacular! Meus olhos passaram da sua barriga para a sua boca. Uma boca que me deixava pensativa. O que ela pode fazer com ela?

Continuei meu passeio pelo seu corpo, chegando aos seus olhos. O que mais me impressionava era como eles ficavam lindos e intensos quando me olhavam.

Uma tosse seca fez com que ambas olhássemos na direção da sala. Rafaella ficou sem graça, pois parecia estar tão presa a mim quanto eu estava a ela.

— Bianca, aqui tem uma toalha limpa, se você quiser tomar um banho. — Manoela me disse, mas seus olhos encaravam Rafaella, como se quisesse recriminá-la por algo.

Ela me entregou a toalha e passou por mim, indicando que eu a acompanhasse. Dei as costas para Rafaella e, antes de seguir Manu, eu a senti puxando meu braço. Quando me virei, seus olhos me perfuraram.

— Esquece — ela disse me soltando e passando as mãos pelo cabelo, claramente incomodada, lutando contra algo que eu não sabia o que era.

Rafaella me deixou e foi ao encontro de Igor, que estava sentado no sofá. Sem entender nada, eu fui em direção ao quarto da mesma. Assim como o restante da casa, era organizado.

Domando Corações - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora