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Rafaella

Estava feliz, apesar de tudo ter sido um pouco diferente do que estava acostumada.
Achei que uma noite seria o suficiente para tirá-la do meu pensamento, mas me enganei.
Eu queria mais e, por isso, planejei o piquenique. Era meio romântico? Sim, mas não era porque não tínhamos um relacionamento que não poderíamos fazer algo assim. Eu tinha sexo sem compromisso com as mulheres com quem me envolvia, mas sabia tratá-las bem, com respeito e sinceridade. Acho que era por isso que elas sempre queriam mais.

Tinha planejado uma noite maravilhosa, mas fui convocada pelo INDEA para assumir o tratamento de alguns animais que estavam morrendo misteriosamente. Conversei com um pecuarista pelo telefone e minha primeira suspeita foi de que a causa era a ingestão de uma erva. Então chamei Igor, que relutou um pouco, mas seu lado profissional falou mais alto e ele me acompanhou.

Ficamos confinados durante uma semana. De cara eu e Igor descobrimos que realmente se tratava de um tipo de braquiária venenosa que havia crescido no pasto, mas, até que os animais se recuperassem, eu não poderia voltar. E ele ficou para me fazer companhia.

Evitávamos qualquer assunto que envolvesse as meninas, mas eu sabia que Igor falava com Manu todos os dias. Pensei em fazer o mesmo e ligar para Bianca, mas fiquei insegura, sem saber o que dizer.

Pensava nela 24 horas por dia. Não conseguia evitar. Sua imagem aparecia em minha mente sem pedir permissão. Então, assim que cheguei à cidade, a primeira coisa que fiz foi lhe mandar uma mensagem. Precisávamos conversar e decidir o que fazer. Não era somente sexo, eu era experiente o bastante para saber que era mais que isso. Apenas não sabia ainda o que significava.

Só não tinha ido direto para a Girassol porque o Petrix havia me avisado que um dos juízes da Confederação Estadual de Rodeio estaria presente no treino, e eu não poderia perder a oportunidade de trocar algumas palavras com ele.

Cheguei à fazenda do Diogo por volta das três horas. Sorte que o clima estava ameno, nada de muito sol, e a chuva tinha dado uma trégua. Estacionei minha caminhonete e fui direto para a pequena arena que ele tinha montado. No percurso, cumprimentei a todos e tranquilizei o pai do Diogo sobre as mortes dos animais.

Os treinos eram a atração das tardes de domingo, muita gente gostava de nos ver montando e aquilo se estendia até de noite, com muita música e muita dança. Mas naquele dia o meu plano era treinar e voltar para a Girassol. Estava ansiosa para reencontrar Bianca.

Como a maioria dos peões, eu vestia calça jeans, camisa de manga longa, e calçava botas, o normal do dia a dia. A diferença era que por cima da calça havia uma proteção de couro, e eu usava um colete de proteção nos ombros, para o caso de o touro vencer e me derrubar. O mesmo equipamento que havia usado na montaria da festa da igreja.

Antes de chegar à arquibancada, avistei Diogo conversando com dois caras, os mesmos que fizeram a tal aposta sobre Bianca. Eu ainda não tinha tirado aquilo da cabeça. Andei em direção a eles, e, assim que notaram minha presença, os dois covardes desconversaram e deixaram Diogo sozinho. Este não vacilou, me encarou e se manteve firme. O desgraçado sabia disfarçar, pois eu tinha certeza de que ele estava se borrando por dentro.

— Boa tarde, Diogo. — Coloquei o colete no chão e apertei sua mão um pouco mais forte do que de costume.

— E aí, Kalimann, beleza? — Diogo devolveu o cumprimento com um sorriso sarcástico. —Achei que não iria aparecer, faz tempo que não treina.

— Pois é, Petrix me avisou sobre o juiz —expliquei. — Mas, antes de ir para a arena, queria falar com você sobre Bianca.

Ele abriu ainda mais o sorriso e eu fervi de raiva. Me lembrar dos dois juntos, principalmente do Diogo a tocando, me deixava possessa. Eu sabia que o que eu tinha com a Bianca nem era uma relação ainda, mas estava disposta a ficar com ela pelo tempo que passasse na fazenda. E não aceitava compartilhá-la, muito menos com o babaca do Diogo.

Domando Corações - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora