Acho que devo começar já avisando que essa história não vai ser um conto de fadas, nem tudo irá acabar bem, então eu espero que se preparem. Entenderam? Ótimo. Vamos agora para minha história.
Vamos começar com o meu fone de ouvido. Aaah meu fone de ouvido. Meu maior companheiro, aquele que nunca me deixa na mão, que está comigo nos momentos bons e ruins, que me ajuda a me isolar do mundo lá fora. Eu amo meu fone e é isso.
Cá estou eu olhando para o lado de fora da janela do meu avião, como sempre, meu fone de ouvido me acompanha levando até mim uma música nostálgica. O avião já está prestes a pousar e o menininho aqui de trás ainda não parou de chorar e chutar meu assento. Mereço.
Chegamos ao chão, finalmente, ODEIO andar de avião, sempre fico com medo de ele... explodir. Desço do avião e vou em direção ao aeroporto, em meus fones está tocando Airplane - Jhope, que ironia não? Chegando na parte coberta, vou buscar minhas malas e em seguida começo a procurar por meu pai.
Eu achava que ia perder mais tempo procurando ele, mas ali está uma placa gigantesca escrito "Felix" bem grande e colorido. O cara que está segurando parece estar mais perdido do que eu. Retiro meu fone e me aproximo dele que aparentemente nem me reconhecendo está. Não o culpo, já fazem 12 anos desde que ele parou de me visitar, e eu também não vim para cá.
- Oi... pai. - Eu falo um tanto sem jeito para ele prestar atenção em mim. Ao se virar ele fica surpreso antes de abrir um largo sorriso e abaixar a placa.
- Felix!!! Que bom ver você meu filho!! - Ele praticamente grita fazendo com que muitos olhassem para a gente. Depois de me avaliar de cima a baixo ele se joga em mim me abraçando.
- É bom te ver também, pai - falo dando leves tapinhas em suas costas. Eu não me sinto a vontade estando com ele, mas ainda é meu pai, não posso ser mal educado.
- Vamos, vamos. Eu arrumei um quarto para você na minha casa. Anda, me de suas malas - Ele diz bem animado, já tentando tirar minhas malas de minhas mãos.
- Não precisa, pode deixar que eu levo - Digo tentando mostrar um bom sorriso.
- Aaaish, não haja assim. Você está vindo de longe afinal, deve estar cansado. Anda, me dê a bagagem. - Dessa vez não tentei impedir ele, parecia que isso o deixava animado, então que ele permaneça bem.
Chegamos em um carro preto, não é nada mal. Ajudei ele a colocar minhas coisas no porta malas, sentei no banco do passageiro, coloquei o cinto e esperei meu pai ir pagar pelo estacionamento. Cinco minutos depois já estávamos indo para sua casa.
- Então, filho, como foi a viagem? - reconheço o empenho dele em mostrar interesse.
- Foi boa. - Ele pareceu meio triste com a resposta curta mas logo abriu um sorriso antes de tentar puxar assunto de novo.
- Você é mesmo um menino sério, não é Yongbok?
- É Felix. - Ele me olha rapidamente parecendo um tanto quanto confuso. Eu solto um suspiro antes de responder. - Me chama de Felix, eu não uso meu nome coreano.
Isso pareceu chatear ele, que não puxou mais assunto depois disso. Isso é bom. Não quero dizer que não gosto dele, mas ele passou 12 anos fora da minha vida, ele não vai entrar agora sem mais nem menos. Coloquei meu fone e deixei que tocasse em modo aleatório. Assim, minha trilha sonora até a casa de meu pai foi Breathin - Ariana Grande.
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Chegamos a uma casa de dois andares até que bonitinha. Tinha um grande Jardim na frente, vai ser bom para descansar as vezes. Saímos do carro e pegamos as minhas coisas. Quando começamos a nos direcionar para a porta da frente a mesma se abre e duas crianças passam correndo por ela, e parada no batente estava uma mulher.
- PAPAI!!! - As crianças gritaram em uníssono enquanto se agarravam às pernas de meu pai. A maior, provavelmente mais velha, por volta dos 6 anos, me olhou de cima a baixo, então apontou para mim inclinando a cabeça para o mais velho.
- Papai, quem é esse moço? - Eu sei que não posso proibir ele de ter a própria família, mas elas nem saberem que eu existia me causou algum sentimento que não sei dizer qual foi.
- Esse moço bonito aqui é seu irmão, Felix. - A criança parece confusa por acabar de descobrir que tem um irmão a mais.
- Sou meio irmão. - Ela pareceu ainda mais confusa mas sorriu educadamente do mesmo jeito.
- Meu nome é Tifanny - Ela sorri calorosamente enquanto me ofece a mão a qual eu apertei. - Aquela abraçando o papai é minha irmãzinha Jojo.
- É um prazer. - A menina sorri novamente, pega a mão da irmã e juntas elas voltam para dentro da casa. A mulher ainda está no batente.
- Vamos, vou te levar para o seu quarto. - Meu pai sorri sem jeito, parecendo bastante incomodado com a situação. É bom saber que ele pelo menos imagina não estar sendo muito agradável para mim.
- É um prazer te conhecer Yongbok. - A mulher fala assim que chegamos à varanda. - Me chamo Wendy. Ela me estende a mão.
- Meu nome é Felix. - Passo reto por ela que abaixa a mão. Ela não parece incomodada por eu ter sido rude, que bom, isso facilita eu não ir com a cara dela.
- Deixe disso filho - Meu pai começa a subir as escadas para o segundo andar e eu vou atrás dele. - Você não poderia esperar que eu não continuasse vivendo.
- Não esperei mesmo.
- Ora, então por que tratar ela de modo tão rude se...
- Eu não te culpo por continuar sua vida, mas isso não me obriga a gostar dela. - Isso fez ele ficar quieto e só seguir em frente.
Chegamos ao quarto, que era o último do corredor. Aparentemente, antes de arrumarem, ele servia como depósito. Até que está bem ajeitado.
- Aqui está, fiquei a vontade. - Ele tenta sorrir novamente e eu respondo com um "hm". Acho que ele está perto de desistir de insistir. - Bom, vamos preparar o jantar. Desça quando estiver com fome.
- Tá - Ele saiu do quarto com uma cara abalada, mas tudo bem. Eu começo a desfazer minhas malas e guardar tudo em seu devido lugar, monto meu computador que uso para meus jogos e coloco a foto de minha mãe e eu no criado mudo.
Coloco meu fone e me jogo na cama fazendo subir uma nuvem de poeira. Não posso reclamar, ele deu uma boa ajeitada aqui. Em meus ouvidos começa a tocar Winter Bear - V, e eu acabo adormecendo ali.

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Demi • Changlix
ParanormalSou Lee Yongbok, mais conhecido como Felix, um simples humano. Tenho 19 anos e meus pais são divorciados. Nasci e cresci em Sidney, Australia, junto com minha mãe. Mas agora, ela está me mandando para morar em Seul, na Coreia do Sul junto com meu...