No dia seguinte levantei-me bastante tarde, por volta das 15 horas. O dia anterior havia sido demasiado longo, começando com o reencontro com o meu namorado e terminando numa noite de diversão com o meu melhor amigo. Recordei a mensagem que lhe enviei antes de me forçar a adormecer e senti um frio incómodo no estômago quando pensei no quanto seria constrangedor quando me viesse buscar para o aniversário do Chuck. Talvez nem seria assim tão mau, com o Daniel as coisas eram sempre minimamente surpreendentes. Levantei-meda cama e tomei um duche rápido, vestindo umas calças de ganga e uma camisola castanha com decote em V .
Reparei que a Sofia não estava em casa e quando me dirigi à cozinha para beber um copo de leite fresco e comer qualquer coisa encontrei um pequeno recado escrevinhado num quadrado de papel branco, disposto sobre o balcão. "Fui sair com umas colegas de turma. Não volto tarde, Sofia."
Li o conteúdo do bilhete enquanto mastigava uma grande quantidade do donut que segurava numa mão e bebericava do copo de leite. Depois de lavar os dentes saí para a rua em direcção ao café que era normalmente frequentado pelos estudantes universitários da Universidade do Sul da Califórnia. Por ser início de Junho, o café não estava tão cheio como o habitual, uma vez que as aulas estavam próximas do seu término.
Pedi um cappuccino ao funcionário que servia às mesas enquanto me levantava para comprar uma revista qualquer cor-de-rosa que me ocupasse o tempo. Ao percorrer o olhar pelas revistas da semana que estavam dispostas sobre o balcão senti-me fixá-lo numa em particular. Era uma revista com um aspecto completamente banal com um cabeçalho de letras gordas e grandes, e nem fora pelo aspecto que me captara a atenção, mas sim pela fotografia que figurava em grande plano e que constituía a notícia principal.
Senti a boca secar automaticamente, assim como as lágrimas a formarem-se nos meus olhos preparadas para escorrer a qualquer momento. Forcei-me a olhar para baixo e a inspirar lentamente, retirando-a da pilha e pagando o montante a que equivalia. Caminhei com passos pouco firmes até à mesa onde o meu cappuccino me esperava e sentei-me tapando a cara com as mãos numa tentativa irrelevante de me acalmar.
– Hey Victória, estás bem?– ouvi Henry, o empregado de bar do sector onde estava sentada a perguntar. Era sempre ele que me atendia, a mim e à Erin, sempre que cá vínhamos almoçar ou passar o tempo.
Inspirei novamente antes de erguer a cabeça e forçar um sorriso. – Estou claro! Acho que foi apenas uma quebra de tensão.
– Hum. Se precisares de alguma coisa, não hesites em chamar-me. – refutou caminhando até outra mesa onde o esperavam.
Não gostei da expressão que o seu rosto adquirira face à minha resposta. Foi quase como se já me estivesse a chamar de mentirosa antes de sequer ouvir o que ia dizer.
Mas depois percebi o motivo pela qual isso acontecera. Haveria com certeza mais do que um exemplar da revista que eu comprara à pouco, e talvez Henry já a tivesse lido antes de começar o seu turno. Bebi um gole generoso do cappuccino tentando encontrar as forças necessárias para enfrentar o conteúdo da revista. Comecei por analisar a capa. Continha uma fotografia do Seth a beijar-me e a julgar pelas roupas que tínhamos vestidas, a fotografia tinha sido tirada ontem.
Fechei os olhos tentando recordar-me se por algum momento me sentira observada ou desconfortável. Nada. Dediquei-me a ler as grandes letras brancas por cima da imagem. "Seth Bowen, o (bom) mau rapaz! Descubra quem é a rapariga das fotos." Semi-cerrei os olhos face à primeira frase que constituía o cabeçalho. Desde quando é que alguém passa de boa a má pessoa por demonstrar afecto a outra pessoa? Rangi os dentes procurando na revista a notícia correspondente à capa. Soltei uma gargalhada histérica a transbordar a vesânia que me percorria as veias como o veneno de uma cobra.
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Por um Momento
Teen FictionVictória Cruz tinha um desejo - conhecer os elementos da banda que sempre protagonizavam os seus sonhos. E um dia, na mítica cidade de Lisboa, esse sonho é tornado realidade. Terá o amor a força suficiente para alterar o modo de pensar de alguém? Qu...