Descruzei as pernas aborrecida com a espera incessante a que me sujeitavam.
Estava à cerca de duas horas à espera de permissão para ir ao encontro do Seth que ficara preso numa reunião de última hora numa das salas do Los Angeles Staples Center com a equipa de produção e os managers. Olhei para o Simon que me retribuiu o olhar com um aceno de cabeça.
Conhecia-o desde o concerto que a banda dera em Portugal mas ainda não fora capaz de lhe arrancar nada mais do que meia dúzia de palavras. Preferia assim, o Simon não era o tipo de homem que gostássemos de ter numa "lista negra". Observei o pouco verniz desbotado que ainda permanecia nas minhas unhas ao mesmo tempo que com a mão direita ajeitava os cabelos dourados.
Não queria parecer desesperada para o ver, mas já estava há mais de um mês sem ter um vislumbre perfeito dos seus olhos azuis. Soltei um silvo de frustração ao mesmo tempo que fazia uma minuciosa retrospecção à tarde que passara com a Sofia na praia, no dia seguinte ao jogo de futebol. Permanecíamos ambas com as camisolas de manga comprida vestidas devido ao vento forte que soprava junto ao mar. Tinha sido estranho convencer a Sofia a irmos à praia. Ela não gostava particularmente do local e ainda estava visivelmente afectada com a discussão que tivéramos dias antes. – Desculpa ter sido insensível face aos teus sentimentos para com o Jack.– principiei no tom mais apologético que a minha voz conseguira adquirir dado o facto de a minha boca estar tapada com a gola da camisola azul.
Encolheu vagamente os ombros.
– Não faz mal, eu é que exagerei. – respondeu num tom envergonhado.
– Não tinha consciência de que a vossa relação não estava a funcionar.
– O principal problema é que não temos uma relação. –desabafou juntando os joelhos ao peito. – Gosto dele e sinto que ele também gosta de mim mas, parece-me que ele vive num constante impasse. Percebes o que estou a dizer?
Anui firmemente com a cabeça. Na minha cabeça talvez fizesse sentido o impasse em que o Jack vivia. Fazia sentido porque também eu o tinha vivido. Mas como melhor amiga da Sofia também compreendia a situação dela. – Percebo, claro. Talvez precises de colocar tudo em pratos limpos por definitivo. Se calhar só precisa de um empurrãozinho.
Gargalhou. – Sim, talvez faça isso. E então como é que vai a tua amizade com o Daniel? Olha que ele pareceu muito efusivo na sua demanda pelo teu perdão.
Ri-me recordando-me da nossa amizade e da confusão de pensamentos e sentimentos que ele me provocava. – Não sei. Considero-o o meu melhor amigo mas temos momentos em que sinto que me devia afastar.
– Porquê?
Inspirei fundo retirando a gola da camisola de perto da boca. Já não sentia tanto frio como quando chegáramos. – Porque acho que ele sente algo mais do que o que deveria sentir. E também porque apesar de estar consciente de que isso possa ser verdade, não pondero a hipótese de me afastar de livre vontade dele. – – bufei frustrada ao verbalizar o que ia na minha mente. – Acho que estou a ser egoísta e cruel mas, faz-me sentir bem saber que ele possa gostar de mim. Mesmo eu estando completamente apaixonada pelo Seth e sentir apenas um carinho especial por ele.
Tocou-me no queixo fazendo-me erguer os olhos para ela.
– Há muito tempo disseram-me que nós só queremos alguém que também nos queira. Alguém que nos faça sentir acarinhadas e especiais. Não te sintas tão mal por causa disso. É errado, claro está. Mas faz parte de se ser humano.
– Então achas que deva continuar a usufruir do facto de ele poder estar a sofrer por minha culpa?
– Não.
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Por um Momento
TienerfictieVictória Cruz tinha um desejo - conhecer os elementos da banda que sempre protagonizavam os seus sonhos. E um dia, na mítica cidade de Lisboa, esse sonho é tornado realidade. Terá o amor a força suficiente para alterar o modo de pensar de alguém? Qu...